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quinta-feira, 27 de março de 2008

Nascido para vencer

A imprensa do mundo inteiro não está poupando elogios ao jovem atacante Alexandre Pato, que ontem fez sua estréia na Seleção Brasileira. O gol de rara beleza que marcou garantiu a vitória contra a Suécia, no “jogo da saudade”, comemorativo a conquista do primeiro mundial, pelo Brasil, em 1958, na Suécia. Um jornal inglês chegou a comparar Pato, com o legendário Pelé. Na Itália, seu prestígio já supera o de Kaká, eleito o melhor jogador do mundo ano passado.

A carreira de Pato vem sendo marcada por atuações espetaculares em jogos de estréia. Preparado para ingressar na equipe principal do Inter 2006, sua estréia foi cercada de expectativas, treinos secretos e declarações entusiasmadas de dirigentes, que viam nele a promessa de um craque diferenciado. Os treinos eram secretos para não despertar o interesse de outros clubes, principalmente os europeus antes que o contrato fosse renovado. O salário passou de R$ 3 mil para R$ 15 mil e a multa rescisória estipulada em R$ 27 milhões de reais para clubes brasileiros e US$ 20 milhões para clubes estrangeiros.

Quando fez o primeiro jogo na equipe titular do Internacional, em 26 de Novembro de 2006, contra o Palmeiras, no Parque Antártica, pelo Campeonato Brasileiro, teve atuação de gala, confirmando tudo o que dele se esperava. Com apenas 1 minuto de jogo marcou o primeiro gol como profissional. E ainda deu assistência para outros dois gols, cabeceou uma bola na trave, deu dribles desconcertantes nos adversários e entortou o jogador Marcinho Guerreiro, que deu-lhe um pontapé, sendo expulso de campo.

Na estréia oficial pelo Milan da Itália, em 13 de janeiro deste ano, não foi diferente. Conquistou a torcida milanesa com uma atuação de luxo na goleada de 5 X 2 sobre o Nápoli, quando marcou um gol e participou das jogadas de outros dois. Na comemoração do seu gol, Pato foi muito festejado pelos companheiros e, com lágrimas nos olhos, beijou o escudo do Milan. Teve ainda seu nome ovacionado pela torcida, que gritou: "Olê, olê, Pato, Pato!!".

Ontem, a mais nova sensação do futebol brasileiro colocou a camisa verde e amarela da seleção principal pela primeira vez. E a exemplo das estréias anteriores, “só não fez chover”. Entrou em campo aos 14 minutos do segundo tempo, substituindo o avante Luiz Fabiano. Deu um passe certeiro para Diego, que sofreu pênalti não marcado e aos 26 minutos, com determinação e não desistindo da jogada, aproveitou o erro do goleiro Izacsson, que chutou a bola sobre o seu corpo e por cobertura marcou um gol de extraordinária beleza.

Pato, ao final do jogo manteve a serenidade e humildade de sempre. Agradeceu ao técnico Dunga, por tê-lo colocado em campo e ofereceu o gol a sua namorada desde o ano passado, a atriz global de televisão, Stephany Brito, ao formar um coração com as mãos. Os dois já planejam casamento, mas ainda não marcaram data.

Alexandre “Pato” Rodrigues da Silva nasceu no dia 2 de Setembro de 1989 em Pato Branco, no interior do Paraná. O apelido Pato foi dado pelos ex-companheiros de Internacional, uma referência a sua cidade natal. A carreira do craque começou quando tinha apenas 7 anos e jogou futebol de salão até os 9, pelo Grêmio Industrial Patobranquense, que tem as mesmas cores do Grêmio, eterno rival do Internacional. Aos 11 foi para o Internacional, onde jogou cinco anos nas categorias de base e apenas vinte e seis partidas como profissional.

No dia 28 de agosto de 2007, um mês antes de completar dezoito anos, foi contratado pelo Milan da Itália, por US$ 20 milhões, numa das maiores transações já realizadas no futebol brasileiro. Sem ter completado 18 anos e por isso impedido de ser inscrito, treinou seis meses antes de jogar oficialmente pelo clube italiano. Os valores da venda de Pato só foram superados pela ida de Denílson para o Real Betis em 1998, por US$ 40,5 milhões e de Robinho para o Real Madrid em 2005, por US$ 30 milhões. A venda do Pato foi a mais alta realizada pelo Internacional até hoje, superando a transferência de Fábio Rochemback ao Barcelona em 2001, por US$ 12 milhões.

Um breve resumo da carreira de Alexandre Pato. Em junho de 2006, com apenas 16 anos de idade, participou do Campeonato Brasileiro sub-20, enfrentando adversários até quatro anos mais velhos. Foi campeão, com goleada sobre o Grêmio na final, por 4 X 0 e artilheiro do torneio. Foi Campeão Sul-Americano Sub-20, em 2007, melhor jogador do campeonato e artilheiro do time, fazendo gols em todos os jogos em que atuou. No Mundial de Clubes, no Japão, Alexandre Pato quebrou um recorde que pertenceu a Pelé, por quase 50 anos. Foi no dia 13 de dezembro de 2006, na semifinal contra o Al-Ahly, do Egito, ao fazer o primeiro gol do Internacional na vitória de 2 X 1.

Naquele dia, Pato tornou-se o mais jovem jogador a marcar gols numa competição oficial, e sem restrições de idade da FIFA em todos os tempos. O jogador estava com 17 anos e 102 dias. O recorde anterior era de Pelé, que no dia 19 de junho de 1958, ao anotar o gol de Brasil 1 X 0 País de Gales, tinha 17 anos e 239 dias. O jogo final, dia 17 de dezembro, vitória de 1 a 0 sobre o Barcelona, foi o primeiro em que Pato não fez gol, mas ganhou o maior título da sua ainda curta carreira: Campeão Mundial de Clubes FIFA pelo Internacional.

Pelo Internacional, em 2007, Pato participou de quatro competições, sagrando-se Campeão da Recopa Sul-Americana e marcando gols em todos os seus jogos de estréia em cada certame. No dia 24 de fevereiro, pelo Campeonato Gaúcho fez um dos gols na vitória de 2 X 1 contra o Veranópolis. Em seu primeiro jogo no Beira Rio, dia 28 de fevereiro, contra o Emelec, do Equador, pela Copa Libertadores da América fez um gol na goleada de 3 a 0.

No Campeonato Brasileiro, na estréia em 13 de maio, contra o Botafogo (RJ), fez um dos gols na derrota por 3 a 2. No dia 31 de Maio, jogo no México, contra o Pachuca, fez o gol colorado na derrota por 2 X 1. Finalmente, no dia 7 de junho de 2007, no jogo de volta da Recopa, num Beira-Rio tomado por mais de 50 mil torcedores, Pato teve uma atuação de luxo, marcou um gol e comandou a goleada de 4 a 0 do Internacional sobre o campeão do México, da Copa Sul-Americana e da Concacaf.

Em 22 de janeiro deste ano foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira principal, para um jogo amistoso frente à Seleção da Irlanda. Mas deu azar. No dia 3 de fevereiro, no jogo contra a Fiorentina entrou no segundo tempo e marcou o gol da vitória, aos 31 minutos. Aos 43, torceu o tornozelo, saiu chorando de campo e foi cortado da seleção.

Ao chegar no Milan, a camisa destinada a Pato foi a número 7, antes usada pelo ídolo do time, Andry Shevchenko. Impedido de jogar no time titular, porque não tinha 18 anos e as leis do futebol não permitem, Pato fez seu primeiro jogo em 6 de setembro de 2007, um amistoso contra o Dínamo de Kiev, quando marcou o primeiro gol de sua equipe, no empate em 2 a 2. Sua segunda aparição na equipe de Milão, foi no empate sem gols, contra o Athletic Bilbao, sendo substituído no intervalo.

Jovem e com menos de dois anos como jogador profissional Pato já marcou 21 gols, contando o de ontem. Foram 12, pelo Internacional, 8 pelo Milan e 1 pela Seleção Brasileira. Não foram computados os jogos pelas equipes de base. E conquistou os seguintes títulos: Campeão Brasileiro Sub-20 em 2006 pelo Internacional; Mundial de Clubes da FIFA em 2006 pelo Internacional; Recopa Sul-Americana em 2007 pelo Internacional e Campeão Sul-Americano de Futebol Sub-20 em 2007 pela Seleção Brasileira. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Alexandre Pato, do Internacional para o mundo (Foto: Site do S.C. Internacional)