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sexta-feira, 18 de julho de 2008

O show não pode parar

“O show tem que continuar”. Com essa frase otimista o site oficial do A.C. Milan, da Itália, anunciou a contratação do jogador brasileiro Ronaldo de Assis Moreira, o “Ronaldinho Gaúcho”, por 18,5 milhões de euros, segundo o jornal romano “La Gazetta dello Sport”. O Barcelona, da Espanha, a quem o craque pertencia receberá também mais alguns bônus que serão pagos de acordo com o desempenho do jogador na equipe do Milan nas próximas três temporadas (duração do contrato) - acerto similar àquele feito para a contratação de Ronaldo “Fenômeno”, no ano passado. Para jogar na Itália, Ronaldinho receberá 6,5 milhões de euros por ano.

O Barcelona poderia ter lucrado mais com a venda do jogador. O Manchester City, clube da Inglaterra havia oferecido 32 milhões de euros para contar com o craque brasileiro, mas este não mostrou interesse em atuar no futebol inglês, o que inviabilizou o negócio.

O Milan, que este ano não teve uma boa participação nas competições que disputou, está reformulando seu grupo de jogadores. Além de “Ronaldinho Gaúcho” foram contratados Mathieu FLAMINI, meio-campista, nascido em 7 Março de 1984, vindo do Arsenal da Inglaterra; Gianluca ZAMBROTTA, zagueiro, nascido em 19 de Fevereiro de 1977, que veio do Barcelona da Espanha; Marco BORRIELLO, atacante, nascido em 18 de Junho 1982, oriundo do Genoa da Itália e Christian ABBIATI, goleiro, nascido em 8 de Julho 1977, que pertencia ao Atlético Madrid da Espanha.

E saíram do Milan Alberto GILARDINO, atacante, cedido à Fiorentina da Itália; Yoann GOURCUFF, meio-campista, emprestado ao Bordeaux da França; CAFU, lateral que terminou o contrato; RONALDO, atacante, também com o contrato encerrado; SERGINHO, meio-campista e Valerio FIORI, goleiro, que encerraram as atividades.

“Ronaldinho Gaúcho”, 1,82 m de altura, a principal contratação milanesa, nasceu em Porto Alegre, no dia 21 de março de 1980. Oriundo de família pobre, da periferia da capital gaúcha, desde tenra idade mostrou aptidão para o futebol, destacando-se nas “peladas” no bairro onde morava e em jogos de futebol de salão. Sua fama não tardou a chegar ao Grêmio, um dos grandes times do Rio Grande do Sul, e com apenas sete anos já era um dos principais astros da escolinha de futebol tricolor.

Aos oito anos seu pai faleceu, e a partir daí recebeu apoio da mãe, irmã e de seu irmão mais velho, Roberto Assis como figura paterna. O primeiro treinador na carreira profissional de Ronaldinho no Grêmio, em 1997, foi Celso Roth, hoje novamente no tricolor. Ele foi chamado para o elenco principal, depois de ter se destacado na conquista do título da categoria sub-17. Mas foi somente no ano seguinte, 1998, 11 anos depois de ter chegado ao Estádio Olímpico, que Ronaldinho fez sua primeira aparição na equipe titular, num jogo pela Copa Libertadores da América.

Um ano depois, em 1999, Ronaldinho fez o gol do título de campeão gaúcho para o Grêmio contra o Internacional, num jogo em que deu dribles maliciosos sobre o tetracampeão Dunga. Sua atuação nessa final regional foi decisiva para que o então técnico Vanderlei Luxemburgo o convocasse para a Seleção Brasileira.

A estréia na seleção brasileira aconteceu num jogo contra a Letônia, em 26 de junho de 1999. Mas foi no seu segundo jogo com a camisa canarinho, em 30 de junho de 1999, que Ronaldinho encantou os torcedores brasileiros e deixou o anonimato ao marcar o quinto gol, na goleada de 7 x 0 sobre a Venezuela e seu primeiro pela seleção principal. Ele deu um “chapéu” no zagueiro e em seguida chutou cruzado.

Em 2001, com apenas 20 anos de idade, depois de uma verdadeira batalha judicial conseguiu a liberação do Grêmio, clube que o revelou, e por quem jogou 141 partidas e fez 68 gols. Com base em uma lacuna na recém aprovada “Lei Pelé”, se transferiu para o Paris Saint-Germain (PSG), da França. Seu irmão, o ex-jogador do próprio Grêmio, Roberto Assis, foi fundamental na conturbada negociação. O Grêmio queria receber R$ 40 milhões, enquanto o clube francês insistia em não pagar nada. A questão só teve solução depois que a FIFA estipulou em R$ 5 milhões o valor a ser pago ao clube gaúcho.

A partir daí, “Ronaldinho Gaúcho” passou a ser visto como “persona non grata” ao Grêmio. No período sem jogar, ele foi poucas vezes a Porto Alegre com medo da reação dos torcedores. Porém, para não perder a forma, treinava no campo do Esporte Clube São José, tradicional clube da Zona Norte da capital gaúcha.

Em contrapartida o menino Diego, filho de Assis, deixou o Grêmio em 2006 e hoje joga nas divisões de base do Internacional. Ronaldinho considera seu sobrinho o verdadeiro craque da família. E os torcedores colorados riem a toa com essa verdadeira possibilidade.

No Paris Saint-Germain, Ronaldinho não chegou a justificar a fama que levou a sua contratação e teve problemas com o treinador Luis Fernandez. O jogador foi acusado de freqüentar em demasia a vida noturna parisiense, o que teria interferido no seu desempenho dentro de campo. Por isso, foi durante mais de três meses reserva do nigeriano Okocha. Somente no final da temporada conseguiu ser titular.

Com a ascensão de Luiz Felipe Scolari a direção técnica da seleção, Ronaldinho foi convocado para as partidas finais das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2002, sendo apontado pela imprensa esportiva como a maior esperança do penta. E não deu outra. Em sete jogos e sete vitórias, o Brasil ganhou pela quinta vez o título mundial. Ronaldinho, que só não jogou a semifinal contra a Turquia, pois foi expulso no jogo anterior contra a Inglaterra, fez três gols e duas assistências geniais. Foi um dos três “erres” que encheram os olhos dos torcedores de todo o mundo. Os outros foram Ronaldo e Rivaldo. Em 2003, Ronaldinho deixou o PSG, sendo vendido para o Barcelona por 27 milhões de euros, onde ficou durante cinco temporadas, até ser contratado pelo Milan, na última terça-feira.

No clube espanhol teve um desempenho magnífico, sendo comparado aos grandes astros do futebol mundial em todos os tempos, como Pelé e o argentino Maradona. Em 2004 e 2005 foi eleito pela FIFA o melhor jogador do mundo. Também conquistou em 2005 a “Bola de Ouro” (melhor jogador europeu), da revista esportiva francesa “France Footbal”. Ainda em 2005 foi campeão espanhol, acabando com um jejum de seis temporadas sem conquistas dos catalães e levantando o seu primeiro troféu em um clube fora do Brasil, além de marcar 15 gols. Em 2006 foi a principal figura do Barcelona, que ganhou a “Champions League”, pela segunda vez na história.

Na Copa do Mundo de 2006 o craque não teve o mesmo brilho de 2002 e a exemplo dos demais jogadores foi alvo da desilusão dos torcedores. Tanto é verdade que uma estátua de Ronaldinho com 7,25 metros de altura, construída pela artista plástica Kattielly Lanzini especialmente para a Copa, e que estava instalada na Avenida Getúlio Vargas, na cidade de Chapecó, em Santa Catarina, chegou a ser incendiada, um dia após a eliminação da Seleção Brasileira pela França. A obra custou R$ 5,5 mil e a artista pretendia vendê-la por R$ 7 mil.

O “dentuço” craque criou algumas verdadeiras “marcas registradas”, que hoje são imitadas pelo mundo todo, como jogar usando uma faixa na cabeça, para segurar os longos cabelos. Apesar de todo o sucesso conquistado Ronaldinho, que morava em uma mansão ao sul de Barcelona, de frente para o mar Mediterrâneo, se mantém humilde e atencioso, com jeito de garotão, ao contrário de outros jogadores famosos, mas sem a mesma classe e habilidade.

Como toda a celebridade, Ronaldinho sofre o assédio da imprensa internacional, que vasculha até sua vida amorosa. Ele assumiu a paternidade de um garoto chamado João, fruto de relacionamento com a ex-dançarina do programa “Domingão do Faustão”, Janaína Nattiele Viana Mendes. O agora jogador do Milan espera que o filho também siga a carreira futebolística.

Os torcedores brasileiros vão ter a oportunidade de ver se Ronaldinho está mesmo recuperado para o futebol. O Milan, seu novo clube concordou que ele jogue as Olimpíadas de Pequim pela seleção brasileira. O jogador foi convocado pelo técnico Dunga justamente na vaga de Kaká, que não foi autorizado a viajar a China, pelo clube italiano.

O craque gaúcho recebeu muitos prêmios: Revelação do ano no Campeonato Gaúcho (1999); Melhor jogador da Copa das Confederações (1999); Bola de Prata (2000); Melhor atacante da Liga dos Campeões (2004/2005); Melhor jogador do mundo pela FIFA (2004/2005); Jogador do Ano da revista “World Soccer” (2004/2005); Bola de Ouro da revista “France Football” (2005); Melhor jogador da Liga dos Campeões (2005/2006); Artilheiro da Copa das Confederações (1999, com 6 gols); Artilheiro do Campeonato Gaúcho (1999, com 15 gols) e Artilheiro do Torneio Pré-Olímpico (2000, com 9 gols).

Ronaldinho conquistou estes títulos: Campeão Gaúcho de 1999 (Grêmio); Copa Intertoto 2000 (PSG); Campeão espanhol em 2004/2005 e 2005/2006 (Barcelona); Supercopa da Espanha 2005/2006 (Barcelona); Liga dos Campeões da UEFA 2006 (Barcelona). E pela seleção brasileira, Copa América de 1999, Copa do Mundo de 2002 e Copa das Confederações em 2005.

Algumas curiosidades sobre Ronaldinho: se não fosse jogador de futebol, gostaria de ser pagodeiro. Afirma que grande parte das "firulas" que inventa são baseadas em vídeos do ídolo argentino Maradona, de quem é grande admirador. O astro do futebol mundial construiu o “Instituto Ronaldinho Gaúcho” em Porto Alegre para ajudar crianças carentes. E em 2006, ganhou um personagem com seu nome na revista “Turma da Mônica”. (Texto e pesquisa: Nilo Dias)
Ronaldinho agora é jogador do Milan (Foto: Site oficial do A.C. Milan)