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quarta-feira, 13 de maio de 2009

A morte entra em campo (Final)

O jogador de vôlei Cedric Schlienger, de 26 anos, do Clube Chaumont, da França morreu no dia 30 de agosto de 2007, enquanto era levado a um hospital, pouco depois de sofrer uma parada cardiorespiratória, durante um treino de sua equipe.

O jogador Jairo Andrés Nazareno, de 21 anos, do Chimborazo F.C., da terceira divisão do Equador, morreu no dia 1 de setembro de 2007, após disputar uma partida pela sua equipe, no estádio de Yaruquies, contra a Liga Politécnica. Nazareno há um mês tinha entrado na equipe da cidade andina de Riobamba.

O técnico do Chimborazo, Ramiro Sucuy disse que 20 minutos depois do final do jogo o atleta subiu às arquibancadas para assistir à partida entre Star e Atlético Universitário, quando começou a se queixar de dores no peito e paralisação progressiva do corpo. Ele foi levado a um hospital de Riobamba onde foi atendido pelos médicos, mas começou a ter convulsões e acabou morrendo.

Mais dois jogadores de futebol morreram nesse fatídico dia 1 de setembro de 2007. O atleta zambiano Chaswe Nsofwa, do clube Hapoel Beersheba, de Israel, de 26 anos morreu depois de desmaiar em um treinamento no dia 1 de setembro de 2007. Após seguidas tentativas de reanimação, o jogador foi atendido no Hospital Soroka, onde não resistiu e morreu. A temperatura durante o treinamento estava próxima aos 40ºC.

O futebolista espanhol Angel Arenales Torres, de 31 anos, do Club Veteranos del Atletico Sobrarbe, de Huesca, ao norte da Espanha morreu de parada cardiaca, logo após o término de um jogo amistoso de seu clube.

O experiente jogador Phil O’Donnel, 35 anos, médio e capitão do Motherwell, um time mediano da Escócia, morreu na tarde do dia 29 de dezembro de 2007, depois de ter desmaiado no gramado, quando ia ser substituído durante um jogo contra o Dundee United. O jogador foi assistido no local durante cinco minutos e levado para o Wishaw General Hospital, mas todos os esforços feitos para a sua reanimação foram inúteis. Pelas informações que chegaram, ele sofreu um derrame cerebral. Phil O'Donnell começou a carreira de futebolista no próprio Motherwell e depois alinhou no Celtic e no Sheffield Wednesday. Em 2004 regressou ao clube do Fir Park.

Frente a tantas mortes ocorridas nos gramados, a Fifa acendeu um sinal de alerta para a prevenção desses casos, passando instruções necessárias às seleções que disputam as Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010 sobre as medidas para se tentar evitar que estes incidentes se repitam. Com relação às posturas adotadas pelos clubes, a Fifa afirmou que não pode fazer nada a respeito do assunto, já que possíveis punições por negligência ou qualquer outro tipo cabe à federação ou a membros da Justiça do país onde ocorreu o incidente.

Toda essa situação está chamando a atenção de cardiologistas do mundo inteiro, como Nabil Ghorayeb, um dos principais nomes de sua área no Brasil e especialista em Medicina do Esporte. Na sua ótica, só existe uma solução para prevenir o risco de novas mortes nos campos de futebol: a avaliação correta do estado de saúde do atleta antes do início das atividades.

Ele observa que o esporte não mata, e sim as doenças não diagnosticadas ou desvalorizadas. O fato do número de mortes súbitas ter aumentado é relacionado ao aumento no número de praticantes. “Como todos querem praticar exercícios físicos, aumenta o número de problemas”, disse.

O cardiologista chama a atenção para a obrigatoriedade da existência de equipamentos de socorro em casos de problemas cardíacos. Cerca de 90% das mortes súbitas ocorrem por um caos elétrico no coração, que faz o órgão bater acelerada e desordenadamente. E, em oito de cada dez casos desse tipo, a única esperança de sobrevivência da vítima é o uso de um equipamento de choque elétrico, o chamado desfibrilador.

Os especialistas afirmam que a presença do aparelho é fundamental em academias e locais onde se praticam esportes. ''É desejável que nesses lugares haja esses equipamentos e que eles estejam acessíveis'', diz o chefe do setor de Arritmia Cardíaca do Hospital Pró-Cardíaco, do Rio de Janeiro, Eduardo Saad. ''Respiração boca a boca e massagens podem manter a pessoa viva por um curto período, mas não resolvem'', alerta.

Nos Estados Unidos, as academias já se equiparam e os desfibriladores estão também em aeroportos, cassinos e shopping centers. O cuidado se justifica: as doenças do coração são as que mais matam os americanos. ''No Brasil, poucos lugares possuem desfibrilador'', diz Saad.

Um projeto de lei do senador Tião Viana (PT-AC) determina a obrigatoriedade de equipar locais públicos com desfibriladores cardíacos. Parado na Câmara dos Deputados, o texto prevê que os equipamentos sejam colocados em rodoviárias, aeroportos, centros comerciais, ginásios esportivos, hotéis, templos ou em locais que tenham aglomeração ou circulação superior a 2 mil pessoas por dia.

Além disso, os Conselhos Regionais de Educação Física e Medicina do Rio de Janeiro também estudam a obrigatoriedade do aparelho em academias de ginástica do Estado. Por enquanto, no Brasil, apenas o Estatuto do Torcedor obriga os estádios a ter desfibriladores. (Pesquisa: Nilo Dias)

Doutor Nabil Ghorayeb, médico cardiologista e especialista em Medicina do Esporte, explica porque cada vez mais pessoas morrem durante competições esportivas.