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terça-feira, 13 de outubro de 2009

O "Coxa" faz 100 anos (Final)

Inquilino do Jockey Club nos primeiros anos de existência, o Coritiba passou pelo Parque Graciosa Atlântica, no “Juvevê”, que era propriedade do associado Arthur Iwersen, antes de estabelecer-se no “Alto da Glória”, seu endereço há quase 80 anos. Em 1928, o clube fez um empréstimo na Caixa, a juros de 12% ao ano, e adquiriu por 120 contos de réis a área de 36.300 m², onde depois construiria o estádio.

Quatro anos depois estava de pé o Estádio Belfort Duarte – homenagem ao ex-jogador e dirigente do América carioca, famoso pelo jogo limpo. A obra contava com arquibancadas de madeira, e 36 refletores para iluminação. Durante 25 anos foram essas as acomodações. A inauguração oficial aconteceu no dia 20 de novembro de 1932, com a vitória do campeão paranaense sobre o América, campeão carioca, por 4 X 2.

Entre os anos de 1956 e 1963 o clube foi presidido pelo seu ex-atleta Aryon Cornelsen, que resolveu botar abaixo bóia parte do velho “Belfort Duarte”, para ampliar e modernizar o estádio. O dinheiro foi conseguido junto ao “Bolo Esportivo”, uma espécie de precursor da Loteca. As obras começaram no segundo ano do mandato. Lolô, irmão de Aryon, fez o projeto de graça e seu pai, Emílio, fiscalizou as obras. Fechado desde o início de 1958, o estádio foi reaberto no 49.º aniversário do clube. Apenas a derrota por 3 X 1 no Atle-Tiba não estava nos planos. A ampliação terminou em 1979. O Estádio não se chamava mais “Belfort Duarte”, e sim “Couto Pereira”, em homenagem ao ex-dirigente falecido em 1976.

Em função da sua origem germânica, os times do Coritiba no início de sua história eram formados basicamente por descendentes de alemães, que com suas peculiares aparências, altos, fortes e claros, eram alvos fáceis para as provocações vindas das torcidas adversárias. Em um clássico Atle-Tiba (Atlético X Coritiba), no ano de 1941, o ainda torcedor Jofre Cabral e Silva - que depois se tornaria presidente do time da Baixada -, exaltado ao extremo pelo fato do seu time estar perdendo, começou a gritar com o zagueiro Hans Breyer, chamando-o de “quinta-coluna”. Ao perceber que Breyer não lhe dava ouvidos, Jofre Cabral mudou o tom e passou a chamá-lo, incessantemente de “Coxa-Branca! Coxa-Branca!”.

Hans Egon Breyener era um alemão de Düsseldorf, que chegou aos seis anos de idade ao Paraná, fugindo da primeira grande guerra mundial e se tornou zagueiro do Coritiba no início dos anos 40. Naqueles tempos de guerra, ser alemão, italiano e japonês era sinônimo de traidor. O apelido pegou. Mas o Coritiba venceu o Atlético nas finais do estadual e foi campeão. Breyner, profundamente entristecido com o episódio, retirou-se dos gramados. E a expressão “Coxa Branca” só foi reabilitada em 1969. Gritada nas arquibancadas do então Estádio Belfort Duarte.

O apelido acabou pegando e o que era para se transformar numa afronta, virou motivo de orgulho para a fiel torcida “Coxa”. Com o passar do tempo, o termo foi assimilado pela torcida coritibana e a expressão “Coxa” virou sinônimo do amor da galera. Tanto que se tornou hino: aos gritos de “Coxa eu te amo!”, a torcida saúda seu time nos momentos difíceis, algo que já se transformou em cultura dos torcedores alviverdes.

Em 1969 o Coritiba realizou a primeira excursão de um clube paranaense à Europa, se apresentando em gramados da Alemanha, Áustria, França, Bulgária, Holanda, Bélgica e Espanha. Os resultados dos jogos foram estes: Coritiba 1 X 1 Hamburgo (Alemanha); Coritiba 2 X 1 Colônia (Alemanha); Coritiba 0 X 0 Borússia Dortmund (Alemanha); Coritiba 1 X 5 Áustria Viena (Àustria); Coritiba 1 X 0 Saint Etienne (França); Coritiba 2 X 2 Red Star (França); Coritiba 2 X 5 Levski (Bulgária); Coritiba 0 X 0 Bordeaux (França); Coritiba 1 X 1 Feyenoord (Holanda); Coritiba 2 X 5 Anderletch (Bélgica); Coritiba 1 X 2 (Espanha) e Coritiba 5 X 2 Valência (Espanha). Foram disputadas 12 partidas, com um saldo de cinco empates, três vitórias e quatro derrotas, 18 gols pró e 25 contra.

A rádio clube (PRB-2) acompanhou o clube, efetuando as transmissões com a narração de Ney Costa e comentários de Vinícius Coelho. O time-base do Coritiba na excursão foi Joel Mendes – Modesto – Roderley - Nico e Nilo - Paulo Vecchio e Rinaldo (Lucas) – Passarinho – Krüger - Kosileck e Edson. Além destes, também participaram Célio, Marinho, Rossi, Oldack, Oromar e Antoninho.O jogador Passarinho anotou o primeiro gol do Coritiba na excursão. O artilheiro foi Kosileck, com oito gols

Ao início de 1971 a Seleção Francesa realizou uma excursão pela América do Sul, quando enfrentou o Coritiba em histórico jogo, disputado no dia 18 de janeiro, no Estádio Couto Pereira. O time brasileiro venceu por 2 X 1, gols de Lech (França)aos 42 minutos, Peixinho aos 44 e Hermes aos 74 para o Coritiba. A renda somou Cr$ 113.932,00. O árbitro foi Armando Marques. Na preliminar Atlético Paranaense e Ferroviário, empataram em 1 X 1.

O Coritiba jogou com Célio – Hermes – Nico - Terto (Cláudio) e Nilo - Hidalgo (Bidon) e Lucas - Peixinho (Marcos) – Leocádio - Kruger (Hélio Pires) e Rinaldo. A Seleção da França com Marcel – Lemére – Bosquier - Djorkaeff e Rostagni - Mezi e Michel – Lech - Revelli (Molitor) - Loubet (Floch) (Herbé) e Beretta.

O maior título da história do Coritiba foi o de campeão brasileiro em 1985, sob o comando de Ênio Andrade. No Coritiba, armou uma equipe muito forte na marcação, com um futebol de resultados, classificando-se em primeiro lugar num grupo que tinha Corinthians, Joinville e Sport. Nas semifinais, o Coritiba eliminou o Atlético Mineiro em pleno Mineirão lotado. Depois de haver vencido por 1 X 0 no Couto Pereira, garantiu a vaga empatando em 0 X 0, em Belo Horizonte.

A decisão do título se deu em partida única no Maracanã. O Coritiba marcou primeiro com Índio cobrando falta. O Bangu, empatou aos 35 minutos com um gol do meia Lulinha. O jogo terminou em 1 X 1 e foi preciso uma prorrogação, que terminou sem gols. A decisão foi para as penalidades. Já era madrugada de primeiro de agosto. O Coritiba fazia um gol e o Bangu empatava até terminar a série em 5 X 5. Foi quando o ponta-esquerda banguense Ado chutou para fora. Gomes, cobrou bem e deu o título inédito ao Coritiba. O Maracanã aplaudiu de pé o primeiro Campeão Brasileiro da Nova República.

Outros títulos. Campeonatos estaduais: (1916, 1927, 1931, 1933, 1935, 1939, 1941, 1942, 1946, 1947, 1951, 1952, 1954, 1956, 1957, 1959, 1960, 1968, 1969, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975, 1976, 1978, 1979, 1986, 1989, 1999, 2003 e 2004). Torneio do Povo, que foi disputado contra Flamengo, Internacional, Corinthians, Atlético Mineiro e Bahia (1973).

Após três anos na segunda divisão, o Coritiba retornou à elite do futebol brasileiro, em 1984, sendo eliminado nas quartas-de-finais, pelo então campeão Fluminense. Era apenas um aperitivo do que aconteceria no ano seguinte. No dia 31 de julho de 1985, após um empate em 1 a 1 com o Bangu, em pleno Maracanã, o Coritiba se sagrou campeão brasileiro, na disputa por pênaltis.

Em 1986, o Coritiba disputou a Copa Libertadores, mas o time foi eliminado ainda na primeira fase. No final da década de 80, mais precisamente em 1989, o hino popular, conhecido como "Coritiba Eterno Campeão", foi adotado pela torcida e cantado até hoje. Porém, neste mesmo ano a equipe se recusou a enfrentar o Santos e foi rebaixado no Campeonato Brasileiro, chegando à terceira divisão e retornando em 1993, mas caindo na mesma temporada e só voltando à elite em 1996.

A década de 90 foi ruim para o “Coxa”. Os títulos só retornaram em 1997, no Festival do Futebol Brasileiro, com uma vitória nos pênaltis, no Couto Pereira, sobre o Botafogo e o Paranaense de 1999, em cima do Paraná, após dez anos.

Os anos 2000 tiveram seus altos e baixos. Veio a conquista do bi-campeonato estadual, em 2003 e 2004, a volta à Libertadores, também em 2004, onde mais uma vez foi eliminado na primeira fase. Mas também ocorreu mais um rebaixamento no Brasileirão, em 2005. O acesso veio em 2007, com o título obtido no último minuto, e o 33º estadual em 2008, em cima do rival Atlético Paranaense.

Regino Réboli, 93 anos, é o mais antigo jogador vivo na história do clube. Ele jogou na década de 30 e era conhecido por “Hygino”. Foi campeão do Torneio Inicio em 1930 e 1932 e do Campeonato . Hygino participou do Coritiba quando foi campeão do Torneio Início em 1930 e 1932, dos campeonatos da cidade e do Estado em 1931 e do Torneio dos Cronistas Esportivos em 1932.

No mesmo ano foi inaugurado em 19 de novembro o estádio Belfort Duarte e lá estava Regino Réboli, pai de Homero Luiz Réboli, arquiteto e compositor, co-autor do Hino Oficial do Coritiba F. C. Paranaense. Réboli foi homenageado pela diretoria do “Coxa” neste ano de 2009. (Pesquisa: Nilo Dias)
Excursão a Europa em 1969. (Foto: Acervo do Coritiba F.C.)

COMENTÁRIOS DE LEITORES

MUSICA FUTEBOL CLUBE ! A VOZ DAS ARQUIBANCADAS. disse...
Caro pesquisador Nilo Dias
O BLOG www.musicadogol.blogspot.com está fazendo uma homenagem ao município de Bagé, bem como aos bageenses.
Fica a sugestão ao GRANDE Nilo.
José Leonardo Guerra Maranhão Bezerra( Natal-Rio Grande do Norte )
29 de outubro de 2009 12:47