Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

O OPERADOR DO BLOG ENTROU EM FÉRIAS. VOLTA EM FINS DE MARÇO COM A GRAÇA DE DEUS. TCHAU!!!

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Craque, marinheiro e escoteiro

Benjamim de Almeida Sodré, o “Mimi Sodré” foi um dos primeiros ídolos da história do Botafogo, do Rio de Janeiro e uma das mais interessantes figuras do futebol brasileiro. Cearense de Mecejana, cidade próxima a capital Fortaleza, nasceu no dia 10 de abril de 1892. Era filho de Lauro de Almeida Sodré, destacada figura do escotismo brasileiro.

Desde menino que “Mimi” gostava de jogar futebol, tendo como companheiros das memoráveis peladas nos gramados da sua cidade natal, os irmãos Lauro e Emmanuel e as vezes o tio, também de nome Emmanuel.

Ainda criança mudou-se para o Rio de Janeiro e depois de terminar os estudos secundários prestou concurso para admissão na Escola Naval sendo aprovado em primeiro lugar. Fez brilhante carreira na Marinha Brasileira. Durante a II Guerra Mundial chefiou a Comissão Naval Brasileira. Tornou-se almirante de Esquadra em 1954.

Benjamim foi um dos sobrevivendo do naufrágio do rebocador “Guarany”, que no final de setembro e início de outubro de 1913, participava de exercícios de manobras da Marinha Brasileira na região da Ilha de São Sebastião, no Estado de São Paulo. Na madrugada do dia 3 de Outubro, a esquadra se preparava para realizar um combate simulado quando uma tragédia a atingiu.

O rebocador “Guarany”, que transportava a bordo mais de 50 pessoas entre oficiais e taifeiros, além de uma guarnição de guardas-marinha que assistiam as manobras, foi atingido duramente, a 10 milhas do farol da Ponta do Boi, pelo rebocador “Borborema”, do Lloyd Brasileiro.

O impacto foi forte, muitos dos tripulantes do rebocador foram atirados ao mar e, em apenas 2 minutos, a embarcação se partiu ao meio e naufragou, levando para o fundo muitos dos tripulantes que se encontravam em seu interior.

O ex-jogador dividia a paixão do Botafogo com outra, a Marinha. Mas a profissão não permitia atenção total ao futebol devido às viagens de navio. Mesmo assim, ele sempre procurava dar um jeito de jogar e treinar, o que não era fácil. Por isso muitas vezes perdeu jogos do Botafogo e até da Seleção.

Jogar futebol no início do século XX não era fácil. Amador e ainda sem muito prestígio, o esporte era uma espécie de hobby dos jogadores da época, que tinham outras profissões. Sem a organização dos tempos atuais, surgiram histórias interessantes envolvendo Mimi Sodré. Os mais antigos contavam que ele era habilidoso, rápido, inteligente, responsável e mais profissional do que muitos jogadores de hoje. Fazia jogadas que admiravam os torcedores botafoguenses.

“Mimi Sodré” foi o primeiro jogador do Botafogo a marcar um gol pela Seleção, mas não jogou por muito tempo, só até 1917. E não deixou de ter uma história curiosa em sua passagem pela seleção nacional, que dava os seus primeiros passos.

Ele não se dedicava mais ao scratch brasileiro porque a Marinha não deixava, precisava fazer as funções dele fora do Rio de Janeiro. Foi assim que aconteceu uma história bem interessante em Buenos Aires. “Mimi” chegou ao cais do porto e tinham uns cartolas do Brasil esperando por ele para jogar contra a Argentina. Foram até o comandante do navio e pediram para liberá-lo. Saíram de táxi e foram direto para o campo. E já levaram o uniforme dele para se vestir no táxi e jogar.

Talvez por conviver com a rígida disciplina militar, “Mimi Sodré” sempre demonstrou lealdade dentro e fora dos gramados. Um exemplo disso aconteceu em um jogo da seleção brasileira militar, contra a seleção militar chilena. “Mimi” teve um gol validado, não achou correto e avisou ao árbitro que usara a mão. O juiz então anulou o lance. Depois ele mesmo tratou de fazer a compensação, marcando um gol que valeu e que deu a vitória ao Brasil por 2 X 1.

“Mimi Sodré” foi campeão carioca de 1910, jogando pelo antigo Botafogo F.B.C., precursor do atual Botafogo de Futebol e Regatas. O título foi conquistado depois do time perder na primeira rodada e vencer os outros nove jogos disputados, quase todos por goleadas. Ao fim da competição marcou 66 gols, com média de 6,6 por partida.

Apesar de não ser o esporte favorito da população carioca no começo do século, o “foot-ball” levou cerca de 5 mil pessoas ao Estádio do Botafogo, na Rua Voluntários da Pátria, para ver a partida que decidiu o Estadual de 1910. Casa cheia às 15h45, hora exata em que a partida principal iniciou. Logo aos três minutos, Aberlado marcou. No intervalo, a vantagem do Botafogo já chegava aos 3 X 0.

Na volta, o Fluminense até descontou, mas, no fim, o massacre por 6 X 1 deu matematicamente o título carioca para o Botafogo. Com o término do duelo, os torcedores invadiram o campo para abraçar os jogadores de ambos os clubes. “Mimi Sodré”, e os irmãos Emmanuel e Lauro jogaram as dez partidas do Carioca e juntos marcaram 16 gols.

Além do título de 1910, “Mimi Sodré” foi campeão carioca em 1912, quando também foi artilheiro do campeonato com 12 gols. Ainda
jogou pelo América carioca.

Nos dias seguintes ao título, a imprensa adotou de vez o apelido “Glorioso”, que era falado por poucos, por causa da campanha impressionante. A alcunha pegou, tanto que as cartas enviadas a sede do clube na rua Voluntários da Pátria tinham como remetente apenas “Ao Glorioso”, sem o endereço da casa alvinegra. Atualmente, no lugar da primeira sede do clube, e do estádio do título de 1910, encontra-se a Cobal de Humaitá.

“Mimi” foi contra a profissionalização no futebol. Ele achava ridículo o clube tal comprar fulano, que o jogador trocasse de camisa. Ele não aceitava. O amor pelo Botafogo foi do começo ao fim. Passaram-se os anos e “Mimi Sodré” não abandonou o clube. Em 1941, tornou-se presidente do Botafogo Football Club para tentar acabar com uma crise interna. E não aceitava falta de respeito com os adversários nos jogos, principalmente quando jogava no estádio dos outros clubes.

Além de militar e futebolista, “Mimi” encontrou tempo para se dedicar ao escotismo, em memória de seu pai. E todos que o conheceram afirmavam que foi um grande seguidor dos ideais de Baden-Powell, participando da fundação e organização dos “Escoteiros do Mar”, o primeiro Grupo Escoteiro de Belém, da Federação de Escoteiros paranaenses e da União dos Escoteiros do Brasil, entre outros.

Escreveu o "Guia do Escoteiro" de 1925, até hoje uma das mais importantes obras do Escotismo brasileiro. Foi honrado com uma série de títulos, entre eles o de “Cidadão Honorário do Rio de Janeiro” e outros Estados e medalhas de mérito, presidindo a “Ordem do Tapir de Prata”, a mais alta condecoração do escotismo brasileiro. Foi professor de Astronomia, Navegação e História da Escola Naval, publicou diversos trabalhos e foi maçom

Faleceu em 2 de fevereiro de 1982, no Rio de Janeiro onde residia, pouco mais de dois meses antes de completar 90 anos. Atualmente vários Grupos Escoteiros, ruas e espaços municipais levam o nome de Almirante Benjamin Sodré, em sua homenagem.

O “Velho Lobo”, como era chamado pelos colegas escoteiros deixou dois filhos, seu Luiz Sodré, de 81 anos, e Dona Maria Pérola Sodré, de 88, ainda vivos e que se constituem na memória viva do pai. (Pesquisa: Nilo Dias)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Vergonha no futebol brasileiro

Realmente o futebol brasileiro não tem mais jeito. Não sei se o que está acontecendo nas últimas semanas deve ser chamado de vergonha ou de anarquia. Ou as duas coisas. Primeiro foi juntar os títulos de outras competições disputadas no passado, como Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa, e considerar seus vencedores também como campeões brasileiros. E o pior veio agora, reconhecer o Flamengo como campeão brasileiro de 1987, quando até a Justiça já havia declarado o Sport Recife como legitimo vencedor.

O Sport não vai aceitar isso e já se prepara para uma nova guerra judicial. Dizem os dirigentes pernambucanos que a chance do Sport dividir o título com o Flamengo é zero. A matéria já está resolvida, foi julgada pelo STJ e todos os prazos para recursos já passaram. A CBF está se posicionando contra a Justiça Brasileira, que, após anos de batalhas, reconheceu o Sport como o verdadeiro Campeão Brasileiro de 1987. O Sport está amparado pela Justiça nesse assunto e espero que consiga mudar essa vergonhosa decisão.

E o que pretende fazer agora a CBF com relação a taça das bolinhas, que já foi entregue ao São Paulo, como o primeiro clube a conquistar o pentacampeonato brasileiro? Vai pedir de volta para entregar ao Flamengo? Ou vai entregar outra para o clube carioca? Ou vai declarar os dois exacampões ao mesmo tempo? Não vai poder fazer nada, porque a taça quem deu foi a Caixa Econômica Federal.

Os sãopaulinos não estão nem aí para o que pensa a CBF. Para o diretor jurídico do São Paulo, Kalil Rocha Abdalla, a Justiça já determinou o Sport como campeão brasileiro de 1987 e, por conta disso, a decisão da CBF não deve interferir no que diz respeito ao troféu. Para ele essa decisão é uma gentileza que a CBF está prestando ao Flamengo. O campeão de 87 reconhecido pela soberana Justiça de nosso país é o Sport. E se algum juiz quiser aparecer e mandar entregar a taça ao Fla, também não vai levar, porque o processo É entre o clube carioca e a CBF. O São Paulo não faz parte dessa ex-briga.

Ele ainda explicou que, no aspecto judiciário, a decisão não tem mais volta. A ação que tramitou e foi julgada na 10ª Vara Federal de Pernambuco, de 2 de maio de 1994, é favorável ao clube pernambucano. A Justiça comum tomou uma decisão "transitada e julgada", que não cabe mais recurso. Trocado em miúdos, o título do Flamengo não existe, é de brincadeirinha, só para deixar a dona "Patricinha" feliz.

Decisões como essas, feitas com o intuito único de agradar clubes do Rio de Janeiro e de São Paulo, não podem se repetir. As federações de futebol dos demais Estados precisam se unir e promover uma verdadeira revolução. Neste caso de agora, o que está em jogo é a renovação de contrato para transmissão pela TV do Campeonato Brasileiro. É negocioata do seu Teixeira que quer acabar com o Clube dos 13.

Está passando da hora de afastar o seu Teixeira e sua turma do comando do futebol brasileiro. A própria Justiça de nosso país deveria se encarregar de anular todas essas decisões benevolentes que não tem amparo legal. O futebol também precisa ser moralizado. E quanto a TV, deixem Flamengo e Corinthians com a Globo, e corra todos os outros para a Record. Quero ver o que vai dar.

Os desmandos e injustiças não param somente nesse reconhecimento fajuto de títulos, que na verdade não foram conquistados, sim dados por algumas pessoas que se acham acima de tudo e de todos. Também precisam ser revistos os critérios para distribuição das cotas pelo televisionamento de jogos. Porque clubes como o Flamengo e Corinthians recebem mais que os outros? Qual a razão? Os clubes do Rio vivem na miséria, fazem contratos milionários que não são honrados, não pagam ninguém, muitos dirigentes são abertamenter chamados de ladrões, e nada acontece.

Num país sério, clubes que agem como muitos que a imprensa teima em chamar de grandes, já teriam sido declarados falidos e fechados. Mas por aqui tudo vai na onda do samba. A contratação de Ronaldinho Gaúcho pelo Flamengo, certamente ainda vai dar muito que falar. O clube carioca nunca paga os salários de seus jogadores em dia. O de Ronaldinho, por força de contrato não vai poder atrasar. E os outros vão aceitar isso com um sorriso nos lábios? Duvido.

Por fim, temos um outro problema que é bastante sério: o favorecimento de clubes cariocas no televisionamento dos jogos. Em Brasília, onde o colunista mora, só se vê Flamengo. De vez em quando passam jogos de Fluminense, Vasco e Botafogo, que ganhou de presente por graça de seu torcedor e governador do Estado, o Engenhão, estádio feito com dinheiro público. Quando não tem mais ninguém jogando, aí vai um joguinho de clubes paulistas. E os outros? Bem, esses não existem, embora Internacional, Grêmio, Cruzeiro e Atlético de Belo Horizonte, sejam muitas vezes maiores que os times cariocas. Em tudo, da seriedade a capacidade técnica.

E para justificar tanta mentira é preciso fabricar pesquisas que apontam o Flamengo e Corinthians sozinhos, com quase a metade dos torcedores brasileiros. Dá vontade de rir. Se um torcedor cearense, por exemplo, disser que é Fortaleza e Flamengo, na pesquisa só aparece o Flamengo. Assim fica fácil. É por essas e por outras que não assisto mais os programas do Sportv e seus fraquissimos apresentadores. Estou pensando seriamente em cancelar minha assinatura do Campeonato Brasileiro. Como só torço pelo Internacional, acho que daqui para frente vou ouvir os jogos do colorado pela Gaúcha ou Guaíba, através da Internet. Vou economizar dinheiro e poupar meus ouvidos de tanta besteira que rola por aí. (Nilo Dias)

A "Taça das Bolinhas" tem dono, é do São Paulo. A Taça de campeão de 87 também, está lá na Ilha do Retiro.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Craque de 1 metro e meio

Reginaldo Castro, o “Bimbinha” foi um dos melhores jogadores que o futebol maranhense conheceu em todos os tempos. Ninguém jamais assistiu a uma partida em que ele tivesse jogado mal. Sempre atuou regular, ou brilhantemente. Nunca medíocre. Por isso era chamado de “Xodó da Vovo” e “Alegria do Povo”. “Bimbinha” nasceu no dia 10 de junho de 1956, no bairro do “Tamancão”, vizinho do famoso bairro do “Bacanga”, em São Luiz do Maranhão. Fazia parte de uma família de oito irmãos, quatro mulheres e quatro homens.

Quem o visse com seu 1m47 de altura, 51 quilos e calçando número 35, não acreditaria jamais que estava frente a um jogador endiabrado que na frente do gol adversário era fatal. Marcou mais de 250 gols na carreira. Quando recebia uma bola esticada pela esquerda, o marcador já sabia que seria desconjuntado e a galera iria gritar: “ripa na chulipa”. Para fazê-lo parar, só no tranco.

A primeira camisa que vestiu foi a do Atlântico, time amador do “Tamancão”, onde jogavam seus irmãos Egui e Reinaldo. Um dia Egui faltou a um jogo, e o treinador sem outra alternativa e só para “quebrar o galho” completou o time com “Bimbinha”, ainda um pirralho. E não teve motivo para se arrepender. O garoto encheu os olhos de quem estava assistindo o jogo e ninguém se lembrou do irmão titular. A partir daquele momento não seria fácil retirar “Bimbinha” do time.

Mas foi no “Pedrinhas”, um time interno do famoso presídio da Zona Rural de São Luís, que “Bimbinha” surgiu de vez para o futebol maranhense. Num jogo contra o Onze Irmãos, equipe formada por presidiários, ele deu um verdadeiro show de técnica e habilidade, que o diretor do presídio José Carlos Viana Mendes, que também era dirigente do Maranhão Atlético Clube falou em alto e bom som: “Moleque, você só vai sair daqui do presídio se der bode”.

Na verdade ele queria dizer que “Bimbinha” estava intimado a vestir a camisa do Maranhão, também conhecido por “Bode Gregório”. Para se ver livre do diretor do presídio, “Bimbinha” disse sim. Mas acabou indo jogar no time juvenil do Sampaio Corrêa, levado pelas mãos do ex-craque Djalma Campos (já felecido), um genial armador maranhense, que ficou encantado ao vê-lo “pintar os canecos” numa pelada na salina do “Tamancão”. Em dois anos passou dos juvenis, para o time principal, ganhando o titulo de “Pequeno Prodígio”.

Um dos lances mais lembrados da passagem de “Bimbinha” pelo Sampaio Corrêa aconteceu num clássico contra o Moto Clube, quando ele marcou um gol antológico. Depois de alguns dribles em outros jogadores da defesa motense, Bimbinha deu um “drible da vaca” passando por debaixo das pernas do zagueiro e entrando com bola e tudo. Outra vez aplicou um drible passando debaixo das pernas de Maria do Corinthians, e o estádio foi a loucura.

Em 1983, foi emprestado à Izabelense, do Pará, e o Moto Clube foi o campeão maranhense. Na sua volta, em 1984, o Sampaio Corrêa recuperou o titulo, com um gol seu, na final contra o Maranhão.

Em 1988, “Bimbinha” queria concorrer a Câmara de Vereadores de São Luiz. Mas teve de retirar a candidatura, para não prejudicar o presidente do Sampaio Corrêa, que já era vereador e precisava se reeleger. Mas esse seu ato de grandeza foi esquecido pelo dirigente, meses depois.

“Bimbinha” terminou sua história no Sampaio Corrêa naquele mesmo ano de 1988. Por lá conquistou dois títulos estaduais como juvenil, e mais nove, como profissional, tendo participado do pentacampeonato estadual na década de 1980 (1984, 1985, 1986, 1987 e 1988).

Ele pretendia “pendurar as chuteiras” jogando pelo time “boliviano” (o Sampaio era chamado assim por causa das cores da camisa, iguais a da bandeira boliviana) e depois ser aproveitado, como treinador de escolinhas. Mas seus planos deram errado. O clube o dispensou, sem ao menos dar baixa na sua carteira de trabalho e sem receber dinheiro algum, nem mesmo o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

Mesmo com toda essa ingratidão, “Bimbinha” não quis brigar com o clube. Nunca fez bons contratos. O salário era sempre proporcional ao seu tamanho. Sempre que ia renovar o contrato, o clube estava em crise. Mesmo assim ele acreditava nos dirigentes, assinava fiado, para receber amanhã, e o tal amanhã nunca chegava. Era o menor jogador do futebol mundial em atividade na época, e talvez até hoje ninguém tenha batido este curioso recorde.

Tem um ditado que diz: a vingança tarda, mas não falha. Em 1989 ele foi jogar no rival Moto Clube, que se sagrou campeão maranhense, título que não conquistava desde 1984. Mas “Bimbinha” não estava feliz. No rubro-negro não conseguiu ser titular absoluto, indo para o banco de reservas e Lamartine, em melhor forma lhe tirar o titulo de melhor ponta esquerda do Maranhão. Não lhe restou alternativa a não ser deixar o Moto Clube. Antes de encerrar a carreira jogou ainda pelo Expressinho e o Tupã, também clubes maranhenses.

“Bimbinha” é casado com dona Silvana, e é pai de dois filhos Regis e Silvano. Anos atrás, com a perda do emprego, passou por inúmeras dificuldades financeiras e ganhava a vida com as cotas das peladas e Campeonatos de Masters pelo time de veteranos do Sampaio. (Pesquisa: Nilo Dias)

Time de Veteranos do Sampaio Corrêa. "Bimbinha" é o penultimo dos "meio-agachados", a contar da esquerda para a direita.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A Pequena Taça do Mundo

A Pequena Taça do Mundo, um torneio intercontinental de clubes promovido por um grupo de empresários internacional foi o precursor do Campeonato Mundial de Clubes atualmente organizado pela Fédération Internationale de Football Association (FIFA). A competição, que também era conhecida por “Mundialito de Clubes” foi disputada entre os anos de 1952 e 1963, NO Estádio Olímpico de Caracas, na Venezuela.

Participavam do torneio, por convite os dois melhores clubes da América e os dois melhores da Europa. O clube que mais venceu a competição foi o Botafogo, do Rio de Janeiro com cinco títulos conquistados nos anos de 1966, 1967, 1968 (duas vezes) e 1970.

Os outros vencedores do torneio foram o Real Madrid, da Espanha (1952, 1956 e 1980), Millonarios, da Colômbia, Corinthians Paulista (1953), São Paulo (1955 e 1963), Bangu, do Rio de Janeiro (1958), Barcelona, da Espanha (1957), Santos, do Brasil e Benfica, de Portugal (1965), Valência, da Espanha (1966), Athletic de Bilbao, da Espanha (1967), Spartak Trnava, da Tchecoslováquia e Dínamo de Moscou, da União Soviética (1969), Vitória de Setúbal, de Portugal (1970) e Cruzeiro, do Brasil (1970 e 1977), Seleção da Alemanha Oriental (1975), Deportivo La Coruña, da Espanha (1976) e Sporting, de Portugal (1981).

Nos anos de 1959 a 1962 e 1964, não foi disputado. Outros grandes clubes do futebol mundial que participaram da competição, porém sem lograr êxito foram: River Plate, da Argentina, Roma e Lázio, da Itália, Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, Sevilla e Zaragoza, da Espanha, Porto, de Portugal, Chelsea, da Inglaterra, Werder Bremen, da Alemanha e Nacional, do Uruguai.

Em 1957, com a criação da primeira Copa da Europa o torneio perdeu prestígio e deixou de ser disputado. Em 1963 voltou a ser organizado, repetindo-se em 1975. Entre 1965 e 1970, os torneios foram organizados pela imprensa esportiva de Caracas e empresários, com várias denominações.

“Troféu IV Centenário de Caracas (1965)”, “Copa María Dolores Gaubeka (1965)”, “Trofeo Prensa Deportiva (Troféu Círculo de Periódicos Esportivos – 1966 e 1967)”, “Troféu Simón Bolívar (1966)”, “Copa Del Cuatrocentenário (1967)”, “Troféu Julio Bustamante (1968)”, “Troféu Oldemario Ramos (1968)”, “Copa Reyes (1969)”, “Copa Carnaval (1969)”, “Torneio (Copa/Taça) de Caracas”, desde 1970. Em 1958 foi disputada a “Taça (Copa) Navidad”.

Porém, a concorrência com a Copa Intercontinental criada em 1960, e o sequestro do jogador Di Stéfano por um grupo rebelde em Caracas, acabaram vez com a idéia de retorno do torneio.

Em 1963, a Venezuela, assim como todos os países da América Latina, vivia um período turbulento, de profunda agitação sócio-política. Foi com esse clima de tensão que a Pequena Taça do Mundo foi disputada naquele ano. Real Madrid, da Espanha e São Paulo, do Brasil chegarão ao jogo final

O São Paulo teve um desfalque importante. Pagão, contundido, não estava em condições de jogo. O Real também jogou sem um de seus principais jogadores, só que por um motivo para lá de insólito.

Às vésperas do jogo, membros da organização clandestina de extrema esquerda denominada Frente de Libertação Nacional (FALN), fazendo-se passar por policiais, invadiram o Hotel Potomac, onde a delegação madrilenha estava hospedada, e seqüestraram Di Stéfano, com o objetivo de chamar a atenção do mundo para a causa do grupo.

Di Stéfano foi libertado três dias depois, são e salvo. Mas a mesma Frente de Libertação Nacional ainda aprontaria mais uma confusão. Ao final do primeiro tempo, integrantes da FALN invadiram o estádio, tentando pular a grade de ferro que circundava o campo, atiraram bombas e deram tiros contra os espectadores, que, apavorados, adentraram o gramado para se proteger do fogo cruzado.

Os policiais intervieram e o pandemônio aumentou, com mais disparos em direção às arquibancadas. Só um milagre explica o fato de ninguém ter morrido ou se ferido mais gravemente. O São Paulo venceu por 2 X 1 e garantiu o título.

Hoje a FIFA promove o campeonato mundial de clubes, que é disputado anualmente e de dois em dois anos muda de sede: Japão e Emirados Árabes. Até 1999 era disputado um torneio entre os campeões da América e da Europa, primeiro em dois jogos, um em cada país dos clubes litigantes, e depois num jogo único, em Tóquio, no Japão. A competição era patrocinada pela Toyota, uma empresa fabricante de automóveis e não era reconhecida pela FIFA.

Embora os torcedores de Santos, Flamengo, São Paulo (em duas oportunidades) e Grêmio não gostem, a FIFA os considera apenas campeões intercontinentais. Campeões do mundo mesmo, só Corinthians São Paulo e Internacional. (Pesquisa: Nilo Dias)

Troféu dado aos campeãoes da "Pequena Taça do Mundo).

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ponce de Leon, o craque boêmio

Norival Cabral Ponce de Leon, ou apenas Ponce de Leon, foi um famoso atacante que defendeu as equipes do Botafogo do Rio de Janeiro, São Paulo, Palmeiras e Noroeste de Bauru (SP), nas décadas de 1940 e 1950. Era carioca, nascido em 28 de agosto de 1927. Boêmio inveterado, Fez constar em seu contrato com o time de Bauru uma clausula que lhe permitia sair para dançar pelo menos duas vezes por semana.

Quem o viu jogar garante que tinha muita qualidade dentro de campo. Os torcedores o chamavam de “diabo louro”. Além disso, não levava desaforo para casa. Bailarino de primeira linha freqüentava casas de shows, sempre elegantemente vestido com terno de linho e sapatos de duas cores. Contam que ele fazia incríveis coreografias, dignas de um Fred Astaire.

Em uma destas casas, trabalhava sua namorada e parceira preferida, Mirian. Diz a lenda que em determinada noite, quando estava concentrado para uma partida, foi avisado de que Miriam estava dançando muito com apenas um cliente. Não teve dúvidas em comparecer ao local, agredir o tal cliente e retornar ao hotel para entrar em campo no dia seguinte.

Mirian foi uma das primeiras namoradinhas, mas Ponce de Leon casou com dona Dulce Rosalina, considerada a torcedora símbolo do Vasco da Gama do Rio de Janeiro. Da união nasceu um único filho, conhecido como “Poncinho”.

Comentavam, na época, que quando Ponce de León atuava por outros clubes, nas ocasiões em que derrotava o Vasco era recebido pela esposa com agressões verbais, pois Dulce não admitia que o Vasco perdesse. Dulce Rosalina faleceu em 19 de Janeiro de 2004.

Segundo o Almanaque do São Paulo, de Alexandre da Costa, Ponce de Leon disputou 107 jogos pelo tricolor paulista, com 70 vitórias, 17 empates, 20 derrotas e 52 gols marcados. O jogador chegou ao São Paulo em 1948, junto de outro atacante, Santo Cristo ambos vindos do Botafogo carioca.

Na conquista do título paulista de 1948, jogo realizado no dia 18 de dezembro, no Pacaembu contra o Nacional, Ponce de Leon foi o grande destaque na vitória de 4 X 2, tendo marcado 2 gols.

Segundo o Almanaque do Palmeiras, de Mário Sérgio Venditti e Celso Unzelte, Ponce de Leon vestiu a camisa do “Verdão” em 64 jogos com 34 vitórias, 12 empates, 18 derrotas e 27 gols marcados. Ele chegou ao Palmeiras já veterano, vindo do São Paulo. Na final da Copa Rio de 1951, substituiu Aquiles, que estava machucado, e comandou o ataque palmeirense na brilhante conquista do título, decidido contra a Juventus de Turim no Maracanã.

Boêmio assumido faleceu pobre em um leito hospitalar. Seu corpo está sepultado no Cemitério São Paulo, em um mausoléu reservado as ex-atletas de todos os esportes, inclusive futebol. Nesse local também está sepultado Arthur Friedenreich, grande jogador da década de 1930. (Pesquisa: Nilo Dias)