Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Um estádio mal assombrado

O estádio Alberto J. Armando, do Boca Juniors, mais conhecido por “La Bombonera”, foi sempre temido pelos adversários pelas imensas dificuldades lá encontradas para algum adversário vencer o dono da casa, time de maior torcida no país. E agora, notícias vindas de Buenos Aires dão conta de que os temores vão aumentar, já que o clube parece que vai ter uma ajuda muito especial, vinda do além.

Por volta de 9 horas da noite, o funcionário Oscar Verna acaba de abastecer as máquinas de café e em seguida se movimenta pelo primeiro piso do estádio de “La Bombonera”. De repente, escuta o barulho conhecido dos torcedores descendo as escadarias. Quando chega a porta 18, que se abre para as arquibancadas, somente silêncio e escuridão, como ocorre nos dias em que não se realizam jogos no estádio.

O próprio Oscar conta que na primeira vez que passou por isso, saiu correndo, sem poder controlar o medo. "Para mí hay algo especial en la Bombonera. Yo la viví, no me la contaron", enfatiza. Já são muitas as histórias como essa. Alguns acreditam, outros acham graça. Mas o certo é que algo de estranho vem acontecendo por lá.

Durante a madrugada, quando as luzes estão quase todas apagadas, e os funcionários fazem vistorias de rotina são ouvidos ruídos semelhantes à queda de bandejas e copos, além da presença de sombras que se movimentam a toda a velocidade, em várias direções, segundo o testemunho de um vigilante. As luzes acendem e se apagam sozinhas. Portas fechadas a chaves abrem e fecham sem que alguém toque nelas. São outros fenômenos denunciados pelas testemunhas.

Logo que essas coisas começaram a acontecer, chegou-se a pensar que poderia ser brincadeira de algum companheiro. Mas depois se deram conta: quem poderia achar graça em molestar seus colegas de trabalho às 3 horas da madrugada e com um posto de serviço por cobrir?

Sabe-se que alguns familiares de sócios mortos, cumpriam a última vontade desses torcedores e jogavam suas cinzas no estádio. O parapsicólogo argentino, Ricardo Pacuta disse que essa pode ser uma das prováveis causas do fenômeno. “É mais comum do que parece. São fantasmas que foram chamados para ajudar o Boca, e não para fazer mal”, explicou o especialista.

Para evitar que as pessoas continuassem a jogar as cinzas de sócios falecidos, dentro de “La Bombonera”, a direção do clube construiu um cemitério próprio para sepultar seus torcedores mais fanáticos. O “campo santo” funciona desde 2006 e tem capacidade para 3 mil sepulturas, todas decoradas com flores azuis e amarelas, as cores do Boca Juniors. Está localizado em um setor do cemitério “Parque Iraola”, em Berazategui, a 30 km ao sul de Buenos Aires, por isso se presume que nada tem a ver com as assombrações de “La Bombonera”.

O cemitério foi inaugurado com a cerimônia de exumação dos restos mortais de dois antigos atletas do clube, os goleiros Juan Estradas e Júlio Elias Musimessi, cujas cinzas foram transferidas para lá. Nesse dia o ex-craque Antônio Ubaldo Rattin, que defendeu o Boca nos anos 60, disse: “Está tão lindo que dá vontade de ficar”. Com isso o Boca Juniors também pôs em prática uma das estrofes de seu hino que diz: “nem a morte nos vai separar, desde o céu vou te alentar".

O auxiliar do Departamento de Basquete do Boca Juniors, Federico Retore, contou ao jornal esportivo argentino “Olé”, que uma noite, por volta de 23 horas, quando estava arrumando as roupas dos jogadores, que viajariam de madrugada para jogos em Sunchales e Paraná, saiu para fumar e viu um senhor de traje cinza, que logo desapareceu. Disseram-lhe que a descrição era como a de Tarija Fernández, seu antecessor, que morreu há anos.

Retore também recorda da noite em que escutou barulho de bolas jogadas contra as paredes do ginásio de esportes, e ruídos de tênis chocando com o piso. O som era bem claro, mas não havia ninguém jogando basquete no local.

Mais assustadora ainda, é a declaração de um segurança, que preferiu não ser identificado, mas que garantiu ter visto sombras esfumaçadas e vultos correndo pelas grades do local. Acrescentou que em geral aparecem de madrugada, quando não tem mais ninguém e há muito silêncio.

Segundo a reportagem publicada pelo jornal, os depoimentos colhidos entre os vários funcionários do clube são bastante parecidos. Todos garantem que o estádio do Boca vive durante as noites, repleto de personagens que aparecem entre as grades ou entre a arquibancada e que desaparecem quando alguém se aproxima.

Um homem de camisa branca sentado no setor "L" das arquibancadas; uma mulher vestida de noiva, e um menino de bermuda, sapatos brancos e uma blusa azul são freqüentemente vistos durante a noite, disse outro segurança.

O homem de camisa branca, um dia chegou a ser quase encurralado. Os seguranças correram em sua direção, vindos de vários setores do estádio. Contam que deu para vê-lo bem por uma fração de segundos, para depois desaparecer.

Fantasmas a parte, ir a Buenos Aires e não conhecer “La Bombonera” é como ir ao Rio de Janeiro e não conhecer o Maracanã, principalmente para quem gosta de futebol. O estádio do Boca Juniors tornou-se um verdadeiro templo do futebol argentino e também um ponto turístico de Buenos Aires. As agências de turismo o incluem em seus pacotes para turistas estrangeiros e o oferecem com a mesma importância de um passeio às Cataratas do Iguaçu ou à Patagônia.

“La Bombonera” encanta pela magia e pela fama. Não é para menos: inaugurado em 1940, completou 70 anos em 2010. O nome se deve a sua forma retangular parecida com uma caixa de bombons. Com uma área reduzida para a construção, o arquiteto José Luiz Delpini criou três anéis de arquibancadas bastante inclinados, envolvendo o gramado em forma de retângulo. Devido à sua arquitetura, logo ganhou o apelido de “caixa de bombom”.

A torcida fica muito próxima ao campo e, geralmente, lota os 57.395 lugares disponíveis, transformando a “Bombonera” num alçapão. Em competições oficiais, foram poucas as vitórias brasileiras por lá. Pela Libertadores, apenas o Santos (em 1963), o Cruzeiro (1994), Paysandu (2003). São Paulo (1995) e Internacional (2008) também já venceram pela Supercopa e Sul-Americana, respectivamente.

O estádio está localizado à Rua Brandsen n° 805, no bairro “La Boca”, na cidade de Buenos Aires, que fica próximo ao porto. Além do estádio, o bairro possui outra grande atração, o “Caminito”, parte que foi restaurada e tem uma característica peculiar: as casas são contruídas com tábuas, placas e telhas de metal e pintadas com muitas cores.

O maior adversário do Boca Juniors, o River Plate, também teve origem em “La Boca”, mas depois mudou-se para a área mais nobre de Belgrano. A rivalidade originou-se justamente da proximidade entre os dois clubes,mas posteriormente acentuou-se em razão de o River passar a representar a elite portenha, enquanto o Boca popularizou-se como o clube dos operários.

Para chegar ao estádio existem diversas opções, entre elas os ônibus coletivos através das linhas 20, 25, 29, 33, 46, 53, 64 ou 152; de táxi com o valor dependendo do local de partida; e a outra opção é o “Buenos Aires Bus”, que é o ônibus que faz o city tour na capital argentina. E um dos pontos em que o ônibus para é exatamente o estádio. Em frente existem algumas lojas que vendem “souvenirs” do clube. Dentro de “La Bombonera” tem a loja oficial e também o “Museu de la Pasion Boquense”. (Pesquisa: Nilo Dias)

Estádio "La Bombonera". (Foto: Divulgação)
Cemitério do Boca Juniors. (Foto: Divulgação)