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segunda-feira, 12 de março de 2012

CBF tem novo presidente

O novo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), e do Comitê Organizador para a Copa do Mundo de 2014 (COL), José Maria Marin nasceu em São Paulo no dia 6 de maio de 1932. Seu pai, Joaquín Marín y Umañes, de origem galega foi boxeador e ajudou a disseminar o esporte no Brasil.

Ao contrário de Ricardo Teixeira, que não teve qualquer experiência esportiva, Marin foi atleta, tendo jogado no São Paulo F.C., entre 1950 e 1952, como meio de custear parte dos estudos na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Pelo tricolor participou de 20 jogos, com 12 vitórias, quatro empates e quatro derrotas. Era ponta direita e marcou cinco gols.

Marin se formou advogado em 1955. Entrou na política ao final dos anos 50 e construiu uma carreira vitoriosa e meteórica. Em 1960 elegeu-se vereador pelo antigo Partido de Representação Popular (PRP), fundado pelo integralista Plínio Salgado. Em 1969 foi presidente da Casa.

Nos anos 70 ganhou uma cadeira na Assembléia Legislativa paulista, pela Aliança Renovadora Nacional (ARENA), o partido da ditadura militar. Entre maio de 1982 e março de 1983, na condição de vice-governador, assumiu o Governo do Estado substituindo o titular Paulo Maluf, que se desincompatibilizara para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Marin foi o último governador biônico do Estado.

Como governador, deu prosseguimento ao projeto energético estadual iniciado por Maluf, inaugurando hidrelétricas em municípios interioranos. Foi ele que assinou a extinção do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) no Estado, órgão de repressão policial da ditadura militar. Mas a exemplo de Maluf, enfrentou denúncias por permitir ações truculentas da Polícia Militar contra opositores de seu governo. Em março de 1983 foi substituído pelo governador eleito, Franco Montoro, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB).

Em 1985 foi um dos principais coordenadores da campanha que levou Jânio Quadros à prefeitura de São Paulo. Com o fim da ditadura militar Marin foi perdendo o prestigio político, prova disso que em 1986 candidatou-se ao Senado pelo Partido da Frente Liberal (PFL), ficando em quarto lugar, atrás de Hélio Bicudo e dos eleitos Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso.

Em 1987 foi disputado um campeonato de futebol que levou o nome de “José Maria Marin”. Participaram da competição 14 equipes, todas do interior do Estado: América (São José do Rio Preto), Bandeirante (Birigui), Estrela (Itu), Ferroviária (Araraquara), Jabaquara (Santos), Jacareí (Jacareí), Matonense (Matão), Mogi Mirim (Mogi Mirim), Noroeste (Bauru), Novorizontino (Novo Horizonte), Santo André (Santo André), São Bento (Sorocaba), XV de Jaú (Jaú) e XV de Piracicaba (Piracicaba).

As equipes foram divididas em dois grupos de cinco, e um de quatro, jogando todos contra todos em turno e returno, indo para as semifinais os times com melhor aproveitamento. Chegaram às finais as equipes do São Bento e América. No primeiro jogo decisivo houve empate de 1 X 1. No jogo de volta, disputado em 9 de dezembro de 1987 em São José do Rio Preto, o América garantiu o título goleando por 5 X 2.

Em 2000, Marin disputou à prefeitura de São Paulo pelo Partido Social Cristão (PSC), somando apenas 9.691 votos, míseros 0,18% dos válidos. Em 2002, nova desilusão política: concorreu ao Senado e teve apenas 63.641 votos, ou 0,2% dos válidos. Em 2007 filiou-se ao Partido Trabalhista Brasileira (PTB).

Entre os anos de 1982 a 1988 presidiu por duas vezes a Federação Paulista de Futebol. Durante a Copa do Mundo de 1986, realizada no México, Marin foi um dos chefes da delegação brasileira. Em 2008, exerceu a vice-presidência da CBF na Região Sudeste, indicado por Marco Polo Del Nero, presidente da FPP.

No dia 8 de março deste ano, assumiu interinamente a presidência da CBF, depois que o presidente Ricardo Teixeira pediu licença, alegando problemas de saúde. Quatro dias depois assumiu o cargo em definitivo, com a renúncia de Ricardo Teixeira, que mandou e desmandou na CBF durante 23 anos.

A sua ascensão ao cargo mais importante do futebol brasileiro teve de superar a resistência de várias federações que não o queriam na presidência da CBF, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A imprensa esportiva continua a fazer críticas, ainda mais depois que ele declarou que dará continuidade ao trabalho de Ricardo Teixeira.

Em 25 de janeiro deste ano foi protagonista do chamado “escândalo da medalha”. Quando da premiação da Copa São Paulo de Futebol Junior, no Pacaembu, vencida pelo S.C.Corinthians Paulista, ele “disfarçadamente" surrupiou uma das medalhas, que seria entregue ao jogador Mateus do Corinthians.

A TV Bandeirante, que cobria o ato, flagrou a ação de Marin e a mostrou ao vivo em rede nacional. O episódio causou revolta e ganhou repercussão nacional. Logo depois, na tentativa de minimizar o episódio, a FPF explicou que a medalha já estava prometida para o dirigente como um presente de Marco Polo Del Nero, presidente da entidade maior do futebol paulista e "padrinho" do colega na CBF.

Com a saída de Ricardo Teixeira, o São Paulo F.C., que estava em litígio com a CBF, fez as pazes com a entidade e até divulgou uma nota desejando boa sorte ao novo mandatário do futebol brasileiro.

"O Dr. Marín é um advogado ilustre, com uma trajetória importante no futebol. Inclusive com experiência dentro do campo. Temos plena confiança de que ele vai trazer um novo momento para o futebol brasileiro. Desejamos a ele toda sorte e apoio neste momento", disse o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio. (Pesquisa: Nilo Dias)