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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

"Fenômeno" jogou no Social Ramos clube

O Social Ramos Clube ainda existe, e é uma entidade de atividades sociais, localizada no bairro de Ramos, no Rio de Janeiro. Foi neste clube que o jogador “Ronaldo Fenômeno” começou sua carreira na escolinha de Futebol de Salão, fato lembrado por ele em algumas entrevistas.

Ronaldo Luiz Nazário de Lima é filho de Sônia e Nélio Nazário. Teve uma infância difícil, mas o sonho de jogar futebol profissional falou mais alto. Iniciou a carreira no futsal, passando pelos times do Valqueire Tênis Clube, Social Ramos Clube e São Cristóvão.

Ele apareceu no Campeonato Carioca de Futsal de 1988, pelo Valqueire, como jogador de linha. O Vasco, que, na época, tinha Felipe e Pedrinho como jogadores, era o líder do campeonato, o melhor time da competição. O Valqueire era um time bom, mas que não se encontrava bem colocado na tabela.

Na partida entre as duas equipes, o Valqueire venceu por 5 X 4, com quatro gols de Ronaldo, que ainda deu o passe para o gol da vitória. Como o Valqueire não iria disputar o Campeonato Carioca de 1989 na categoria 13 anos, Ronaldo foi jogar no Social Ramos Clube, que era mais estruturado e oferecia melhor condição para disputar a competição.

O Social Ramos Clube ficou em terceiro lugar no Campeonato Carioca, e Ronaldo foi o artilheiro com 48 gols. No Brasileiro, foi segundo lugar, e Ronaldo o vice-artilheiro.

A ida de Ronaldo para o São Cristóvão aconteceu depois que o clube “Cadete” resolveu disputar o Campeonato Carioca na categoria Mirim, 13 e 14 anos. E para isso convidou Felipe e Pedrinho, que depois tiveram passagens vitoriosas pelo Vasco, Roger e Athirson, que atuaram no Flamengo e Ronaldo, que permaneceu no clube até a categoria de Juniores.

Nos áureos tempos, o Social Ramos Clube foi palco de shows do rei Roberto Carlos. Lá também eram realizados concursos de beleza, como o da Rainha da Primavera e bailes de debutantes. O local recebeu ainda a visita de astros internacionais. O mais famoso deles foi Rock Hudson. O ator hollywoodiano, estrela de comédias românticas, esteve no local no auge do sucesso, em 1958.

Localizado na Rua Aureliano Lessa, em Ramos, na Zona da Leopoldina,o Social conheceu a decadência nos anos 90, quando a guerra entre traficantes de facções rivais dos morros do Alemão e do Adeus, afastou os sócios e transformou os eventos abertos em fiascos.

Agora, com o fim dos tiroteios na área desde a ocupação do “Complexo do Alemão” por forças de segurança, o Social Ramos Clube, busca de volta os tempos de glória. Fundado em 1945 ele quer reviver as décadas de 50, 60, 70 e 80, quando estava no auge.

O Social Ramos Clube, em um período de sua existência, teve como seu dirigente Orlando da Conceição, mais conhecido por “Orlando Jogador”, um líder do grupo criminoso “Comando Vermelho”, que foi assassinado pelo traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o “Uê”. O apelido de “Jogador”, Orlando ganhou por ter sido na infância e juventude, atleta do Olaria Atlético Clube.

Depois que deixou os gramados costumava patrocinar times amadores, tendo dirigido o Social Ramos Clube, que ia disputar o Campeonato do Departamento Autônomo, mas a agremiação encerrou logo suas atividades futebolísticas, por conta da morte do traficante.

Ele ficou conhecido por ser um dos braços direitos de Rogério Lemgruber, o fundador do Comando Vermelho. “Orlando Jogador” foi responsável por diversas invasões a morros que não pertenciam ao CV, com o objetivo de tomar os pontos de venda de drogas e entorpecentes.

“Orlando Jogador” morreu em 1994, em uma emboscada tramada pelo traficante “Uê”, líder do “Terceiro Comando”, que estava em trégua com o “Comando Vermelho”. Os homens de “Uê” disseram a “Orlando Jogador” que ele tinha sido sequestrado pelo Batalhão Operacional de Polícias Especiais (BOPE) e exigiam um resgate de cerca de 60 mil dólares.

Na época, como Orlando tinha muitas fontes de amigos do crime, rapidamente arrecadou o dinheiro e se encontrou com os homens de “Uê” na “Favela da Grota”, na Rua Joaquim de Queiroz, no “Largo do Bulufa”. “Uê” estava com o dobro de homens de Orlando, todos fortemente armados. Quando ele entregou o dinheiro, foi morto junto com seus comparsas.

O corpo de Orlando e de seu irmão foram deixados em um bairro da zona norte do Rio de Janeiro conhecido como “Maria da Graça”. A partir desse episódio, desencadeou-se uma guerra pela retomada do controle do poder nas favelas reunidas e conhecidas como “Complexo do Alemão”.

A morte de Orlando teria sido respondida por uma ação liderada por Fernandinho Beira-Mar quando, ao lado de “Marcinho VP”, liderou uma rebelião no Presídio de Bangu que acabou com a morte de “Uê” e de seus aliados na cadeia. (Pesquisa: Nilo Dias)

Ronaldo, no time de Futsal do Social Ramos Clube.