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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Futebol de um craque só

O futebol do Taiti (Polinésia Francesa) não tem expressão nenhuma. Mas estará presente na Copa das Confederações, a ser disputada no Brasil, de 15 a 30 de junho próximo. O país ganhou a Copa das Nações da Oceania há um ano e se classificou para a competição. Ganhou no jogo final da Nova Caledônia, por 1 X 0, gol de Steevy Chong Hue, que virou herói nacional.

Desde que as seleções da Oceania participam do torneio, esta foi a primeira vez que uma seleção diferente de Austrália e Nova Zelândia vai disputar a Copa das Confederações. Não existe profissionalismo lá, todos os clubes são amadores.

Isso explica o fato do jogador Marama Vahirua ser um verdadeiro astro no seu país. Ele é o primeiro e único taitiano a ter se profissionalizado no futebol. Conhecido na França, mas ignorado no resto do mundo, o atacante que nasceu em Papeete, capital do país, no dia 12 de maio de 1980, tornou-se ídolo nacional desde que vestiu pela primeira vez a camisa do Nantes, da França, em 1998. E deverá ser a principal atração da equipe taitiana na Copa das Confederações.

Vahirua, que é sobrinho do ex-jogador da Seleção Francesa, Pascal Vahirua, ficou famoso na França depois de ser descoberto pelo Nantes, durante uma partida do Pirae, do Taiti. Não demorou para cair nas graças da torcida, graças ao seu faro de artilheiro.

Atualmente Marama Vahirua joga no Panthrakikos, da Grécia. E mantém uma característica, que tem marcado suas atuações em campo. Sempre que marca um gol, aproveita para fazer uma homenagem a sua terra natal. Coloca um joelho ao chão, e imita o gesto de duas vigorosas remadas.

Isso, com o tempo, se transformou em sua marca registrada. Em 14 temporadas no futebol francês, ele repetiu a comemoração 91 vezes. E isso tem uma explicação, pois Marama tinha ambições na infância, de se tornar surfista.

Com 32 anos de idade, o jogador passou pelo Pirae, do Taiti (1996 a 1997), Nantes (1998 a 2004), Seleção Sub 21 da França (2001 a 2002), Nice (2004 a 2007), Lorient (2007 a 2010), Nancy (2010), Mônaco, por empréstimo (2011 a 2012) e atualmente no Panthrakikos, da Grécia, por empréstimo.

Conquistou uma Copa da França em 2000 e a Liga Nacional em 2001. Depois deixou a França e foi o ano passado para a Grécia, onde se encontra até hoje. E garante que não está arrependido. Diz estar muito feliz, pois o clima da Grécia lembra o do Taiti.

No Panthrakikos, clube que foi promovido recentemente a Primeira Divisão, Marama Vahirua já anotou cinco gols na temporada e deu passes para outros companheiros marcarem. Seu time faz força para se manter na elite do futebol grego, que tem um nível técnico e tático mais baixo que na França.

O jogador do Taiti considera a presença de seu país na Copa das Confederações, como uma oportunidade enorme para melhorar o nível do futebol em sua terra. É a primeira vez que a representação nacional se classifica para uma competição internacional desse porte. Ele acha que a Seleção taitiana está progredindo e não está mais limitada ao arquipélago.

Todas as esperanças para uma boa presença na competição estão depositadas nele. Mas nem por isso Marama Vahiura se mostra pressionado. Muito pelo contrário, garante, dizendo ser uma pressão positiva. O Taiti vai disputar o Grupo B, ao lado de Espanha, Uruguai e Nigéria. E tem consciência de que não podem chegar longe no torneio. São realistas, e dizem que o que vai valer será o aprendizado, que deverá ser visto como um trampolim para o futebol taitiano crescer.

A distância técnica entre o Taiti e as outras seleções já garantidas na Copa das Confederações é tão grande quanto os cerca de 10.300km que separam a ilha do Sul do Oceano Pacífico do Brasil. Representante de um território ainda pertencente a França, com cerca de 178 mil habitantes (segundo censo de 2007), a seleção do Taiti ocupa o 139º lugar no ranking da Fifa.

O esporte principal da região é a Va'a, espécie de caonagem. Fundada em 1938, a federação do Taiti só se afiliou à entidade máxima do futebol em 1990. O campeonato local é de baixo nível e os estádios são pouco frequentados. Os desafios são muitos.

O esporte mais popular do globo chegou ao Taiti em 1906, por iniciativa de marinheiros britânicos. Os primeiros clubes surgiram em 1923 e o futebol se organizou em escala nacional a partir do dia 30 de março de 1932. O primeiro jogo oficial da seleção do país foi contra a Nova Zelândia, uma partida disputada em solo taitiano em 1952 que terminou em 2 X 2. Um ano mais tarde, o selecionado realizou a sua primeira turnê internacional no Pacífico.

O Campeonato Nacional, que é realizado desde 1948, é disputado por 10 clubes: AS Central Sport, AS Dragon, AS Excelsior, AS Manu-Ura, AS Vaiete, todos de Papeete; AS Pirae (Pirae); AS Tamari (Faa’a); AS Vairão (Vairão) e AS Vénus (Mahina). A Segunda Divisão também tem 10 equipes.

O futebol no Taiti é totalmente amador. Os jogadores não ganham nada para jogar no campeonato nacional ou na seleção do país. Os taitianos nunca disputaram uma Copa do Mundo , se filiaram à Fifa em 1990. E a primeira vez não vai ser em 2014, pois o Taiti ficou na terceira posição no quadrangular final das Eliminatórias, atrás da Nova Caledônia e da Nova Zelândia, que enfrentará o representante da Concacaf no playoff intercontinental. A Oceania não oferece vaga direta ao Mundial.

O Taiti vai sediar ainda em 2013, a Copa do Mundo de Beach Soccer da FIFA, entre os dias 18 e 28 de setembro. Vahirua jogou com a maioria dos atletas da Seleção de Areia do seu país, quando era mais novo. Ele conta que no Taiti, todo mundo começa na disciplina. E Naea Bennett, o capitão do time de Beach Soccer, é seu primo. E já pediu um lugar no time. (Pesquisa: Nilo Dias)

Marama Vahiura, o craque taitiano. (Foto: Divulgação)