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sábado, 29 de junho de 2013

Os 100 anos do Juventude

O Esporte Clube Juventude, de Caxias do Sul, é o oitavo clube do futebol brasileiro a entrar na crescente lista de centenários este ano. O tradicional clube da “terra da uva e do vinho” foi fundado no distante dia 29 de junho de 1913, por um grupo de 35 desportistas.

É a agremiação futebolística mais antiga da cidade e também uma das mais velhas do Estado, sendo ainda o primeiro clube brasileiro criado com nítidas raízes italianas, mas também recebendo desde o inicio outros elementos, o que o tornou sempre uma entidade multirracial.

O segundo clube a ser fundado em Caxias do Sul foi o Juvenil, que por mais de 10 anos foi o principal adversário do Juventude. Em 1929 ambos foram protagonistas de uma decisão histórica e empolgante, quando do primeiro campeonato oficial de Caxias do Sul, promovido pela Federação Gaúcha. Foi preciso um jogo extra fora da cidade, em Porto Alegre, para definir o campeão, pois o clima em Caxias do Sul estava “quente” demais.

Depois surgiram outras agremiações, já pelo final da década de 1920, como o Rio Branco, o Maguary, o Fluminense, o 9º Batalhão de Caçadores, pertencente ao Exército e, em 1935 o Grêmio Esportivo Flamengo, que anos mais tarde se transformaria na atual Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias, que mantém a data de aniversário, tradições e laços com antigos aficionados.

Ainda em 1935 surgiu o Grêmio Esportivo Eberle, pertencente a então poderosa Metalúrgica Abramo Eberle, considerada a maior da América do Sul. O clube participou de campeonato municipais de Caxias do Sul por muitos anos, tendo sido campeão em quatro oportunidades.

O Grêmio Esportivo Gianella, ligado a empresa de laticínios de igual nome, disputou competições profissionais por três anos, coincidindo com a época em que os certames citadinos foram substituídos pelos regionais. Isso aconteceu em 1954, quando Juventude e Flamengo ingressaram na chamada “Divisão de Honra”, principal campeonato do Estado, que em 1961 mudou a denominação para “Divisão Principal”, o que perdura até hoje.

Em 1971, aconteceu uma fusão entre Juventude e Flamengo, sendo criada a Associação Caxias, que durou apenas dois anos, acabando em 1973, quando o Juventude retornou às atividades normais. A Associação Caxias, em 1975, mudou o nome para Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias, preservando o mesmo estádio e as mesmas cores.

Foi em 23 de março de 1975, durante as comemorações do centenário da Colonização Italiana no Rio Grande do Sul, que o Juventude inaugurou o Estádio Alfredo Jaconi, um dos mais modernos do Estado, garantindo um impressionante impulso ao futebol da cidade.

O Alfredo Jaconi, que tem capacidade para 23.726 expectadores, é considerado um dos estádios mais funcionais do país e foi reconhecido em 2008 pelo Sindicato da Arquitetura e da Engenharia-Sinanenco, como um dos melhores estádios do interior do Brasil.

A construção aconteceu entre 1972 e 1975, sob o comando do então presidente do clube, Willy Sanvitto. O nome do estádio é uma homenagem a um dos maiores ídolos da história do clube, Alfredo Jaconi, que foi jogador, treinador e dirigente nas décadas de 1930 e 1940.

Em 2008 o estádio passou por reformas, quando foram investidos mais de R$ 500 mil. A grama foi trocada, ganhando moderno sistema de drenagem e irrigação subterrânea. O clube ainda pretende investir mais recursos para a modernização do estádio, dotando-o de todas as condições exigidas pela FIFA.

Em 1976 foi a vez da S.E.R. Caxias investir em uma nova casa, surgindo o “Estádio Centenário”, em substituição a velha “Baixada Rubra”.

O fato do E.C. Juventude ser o clube interiorano que mais vezes chegou ao vice-campeonato gaúcho, ficando atrás apenas da dupla Grenal, mostra toda a sua força. Em 1988, foi campeão gaúcho, quebrando um tabu que já durava 49 anos, de só clubes da capital conquistarem títulos. O último clube do interior a ser campeão tinha sido o F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande, em 1939. Dois anos depois do Juventude, a S.E.R. Caxias também sagrou-se campeão.

Em 1994, o Juventude chegou ao primeiro escalão do futebol brasileiro, ao se sagrar campeão da Série B. Já havia a parceria com a Parmalat e o técnico era Heron Ferreira, que em 1999 teve uma nova passagem pelo clube, porém sem repetir o sucesso de antes.

A parceria com a Parmalat possibilitou ao Juventude formar um time forte e competitivo, para subir rapidamente a elite do futebol brasileiro. Para tal vieram do Palmeiras jogadores como Odair, Paulo Sérgio, Dorival Júnior, Galeano, Julinho, Mauricinho, entre outros. E o técnico pediu a vinda de Paulo Roberto e Mário Maguila.

Foi uma época mágica. Os investimentos deram resultado rapidamente. Foi possível enfrentar equipes de outros países, chegar à Primeira Divisão brasileira e ser quase campeão contra o histórico Grêmio de Luiz Felipe Scolari.

Num torneio promovido pela Parmalat, o Juventude aplicou 4 X 0 no Benfica, de Portugal, em jogo realizado em São Paulo. Depois, num amistoso comemorativo, na estreia de Edmundo no Alfredo Jaconi, uma vitória sobre o Parma, da Itália, por 3 X 1. A campanha do time em 1994 era tão boa que não havia dúvidas que o título viria.

O clube gaúcho ficou 13 anos ininterruptos na Série A, até ser rebaixado em 2007. Hoje está na Série D do certame nacional, depois de seguidas campanhas ruins.

Em 1999 ganhou o maior título de sua história, quando sagrou-se campeão da “Copa do Brasil”, derrotando adversários fortes como o Corinthians Paulista, de quem ganhou duas vezes, 1 X 0 e 2 X 0, Fluminense, do Rio de Janeiro, a quem aplicou uma goleada de 6 X 0, Internacional, batido por 4 X 0, em pleno Beira-Rio, mais o Bahia e finalmente, o Botafogo, comemorando o título, em pleno Maracanã, perante mais de 100 mil torcedores.

Vestiram a camisa alviverde caxiense dois jogadores que foram campeões mundiais, pela Seleção Brasileira: Everaldo, em 1970 e Cafu, em 1994 e 2002. Outros ex-atletas do clube também jogaram na Seleção, casos de Babá, Jurandir, Paulinho, Cuca e Enéas.

O Juventude quase sempre contratou bons treinadores, alguns de renome nacional e até internacional, como Geninho, Leão, Walmir Louruz, Luís Felipe Scolari, que também foi jogador do clube e do Caxias, Levir Culpi, Cuca, Celso Roth, Benazzi, Edson Gaúcho, Túlio Maravilha, Cafu e Tite, que também jogou e treinou o Caxias. Um dos mais destacados treinadores gaúchos de antigamente, Carlos Froner, treinou ambos os clubes em mais de uma ocasião.

No último dia 19 o governador Tarso Genro recebeu no Palácio Piratini a direção do Juventude, e fez entrega de uma placa em comemoração aos 100 anos do clube. Na ocasião o governador foi convidado a participar do jogo festivo entre Juventude X Nacional, de Montevidéu, realizado na noite de ontem, no Alfredo Jaconi, que teve a presença do ex-jogador Cafu.

Recuperado de uma forte depressão, também esteve presente o ex-jogador e técnico Valmir Louruz, que está afastado dos gramados há quatro anos. Ele vestiu a camisa alviverde por quatro temporadas na década de 70. Depois de pendurar as chuteiras, começou a carreira de treinador no próprio clube, em 1980.

Ele foi o comandante campeão da “Copa do Brasil” e também o responsável pela presença no clube do treinador Luiz Felipe Scolari, o “Felipão”, em 1980.

O último clube que Louruz treinou foi o CRB (AL), em 2009. Para o jogo comemorativo dos 100 anos, sexta-feira, o ainda ídolo na memória da “Papada” foi convidado pela direção para entrar no vestiário e dirigir uma conversa com o grupo antes de encarar o Nacional uruguaio.

No jogo do "Centenário", realizado ontem  a noite, o Juventude venceu o time sub-20 do Nacional, do Uruguai, por 2 X 0, vestindo a camisa comemorativa aos 100 anos, que foi escolhida por votação no Facebook. A opção escolhida com mais de 800 votos, foi a que relembra a primeira camisa do clube, ainda na década de 1910. A camisa é em verde-escuro e com uma elegante gola polo, com uma faixa branca horizontal um pouco abaixo do peito e nas mangas da camisa.

Antes, dia 13, a Orquestra Sinfônica da Universidade de Caxias do Sul prestou homenagem ao centenário do E.C. Juventude, quando lhe ofereceu a 4ª edição do programa “Quinta Sinfônica”. O concerto teve a regência do maestro Manfredo Schmiedt e teve como solita a mezzo-soprano Rose carvalho. Em seus 12 anos de atividades, a Orquestra tem realizado edições comemorativas aos diversos segmentos da comunidade caxiense.

Hoje, data de fundação do clube, será servido um jantar festivo no Salão da Paróquia Nossa Senhora da Saúde, em Caxias do Sul, com a presença de convidados especiais. Toda a população da cidade foi convidada e ingressos foram vendidos antecipadamente. Antes, dia 8, já havia acontecido outro jantar festivo, no “Recreio da Juventude”, seguido de baile animado pelo “Grupo Abertura”.

A Federação Gaúcha de Futebol, de 9 a 12 de janeiro deste ano, organizou o torneio amistoso “Copa Centenário”, para homenagear os quatro clubes do Rio Grande do Sul, que em 2013 completam 100 anos. São eles: F.C. Santa Cruz, de Santa Cruz do Sul, E.C. São José, de Porto Alegre, E.C. Juventude, de Caxias do Sul e E.C. Cruzeiro, de Porto Alegre

O campeão foi o São José e o Juventude, vice. A competição foi dividida em duas fases: na primeira, chamada de semifinal, os quatro times decidiram em jogos únicos de mata-mata duas vagas para a fase decisiva. A segunda, final, definiu o campeão do torneio entre as duas equipes que classificaram-se anteriormente, também em partida única.

Os jogos, todos realizados no Estádio Passo da Areia, em Porto Alegre, tiveram estes resultados: Semifinal, 9 de janeiro Juventude 2 X 0 Santa Cruz; 9 de janeiro São José 1 X 1 Cruzeiro. Penalidades: São José 4 X 3; Final: 12 de janeiro, Juventude 0 X 1 São José. (Pesquisa: Nilo Dias)

Time do Juventude, na décasda de 1930.