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terça-feira, 22 de outubro de 2013

Os "Mexicanos" do Palmeiras

Ao longo de sua história a Sociedade Esportiva Palmeiras, de São Paulo, teve em sua equipe dois jogadores chamados de “Mexicano”. O curioso é que nenhum deles nasceu no México. Alfredo Lúcio de Moura, um dos melhores laterais direito da história do clube alviverde nasceu em Uberaba (MG), no dia 15 de novembro de 1926.

O outro “Mexicano” foi Dionísio Viel, nascido em Osasco (SP). Filho de família rica, na infância não mostrava muito talento para o futebol, até pelo seu corpo franzino. Nas “peladas” com os amigos, só participava porque era o dono da bola. Seu pai, Vitório, era proprietário de um restaurante famoso na cidade. E até que não se importava pelo fato do filho não sair das ruas jogando futebol. Mas a mãe, dona Amélia, vivia dando bronca, mas ele nem ligava.

Desde garoto, Dionísio sempre foi torcedor do Palmeiras. Mesmo tendo consciência de que nunca seria um craque, ainda assim alimentava o sonho de um dia vestir a camisa do seu clube de coração. E não deu outra. Foi um dia ao Parque Antárctica, treinou, passou no teste e foi jogar nas categorias de base. Em 1958 foi profissionalizado.

Já o “Mexicano” mineiro começou a carreira em 1945, no time de amadores do Atlético Abadia, de sua cidade natal. Depois foi descoberto pelo Uberaba Sport e passou a integrar a sua equipe profissional, em 1944. Na preliminar de um jogo amistoso entre Uberaba e uma Seleção de São Paulo, ele fez oito gols e o pessoal do Uberaba não perdeu tempo, o contratou na hora, mesmo tendo apenas 15 anos.

Em 1946 foi vendido ao Atlético Mineiro, onde jogou até 1949. No “Galo” participou de 116 jogos. Foi bi-campeão das “Alterosas”, em 1946 e 1947. Seu único gol com a camisa atleticana aconteceu no dia 4 de fevereiro de 1948, no "Estádio de Lourdes". Na ocasião, o alvinegro derrotou a Portuguesa de Desportos, de São Paulo, por 6 X 2 e “Mexicano” marcou o quarto gol de sua equipe.

O lateral fez parte de um dos melhores times que o Atlético montou em toda sua história: Cafunga – Mexicano – Silva - Murilo Ramos - Zé do Monte – Lucas – Lauro - Mário de Souza – Lério - Níveo e Carlyle.

Em 1949, foi vendido ao Palmeiras, onde foi obrigado a encerrar a carreira em 1954 devido a uma fratura na perna direita, em um jogo contra o América, de São José do Rio Preto.  Tinha apenas 28 anos de idade. No Palmeiras foi campeão Paulista de 1950, da Copa Rio de 1951, do Torneio Rio-São Paulo de 1950 e da Copa Cícero Pompeu de Toledo, em 1950.

Segundo o "Almanaque do Palmeiras", de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti, "Mexicano" disputou 48 jogos pelo “Verdão”, com 25 vitórias, 11 empates, 12 derrotas e um gol marcado.

Hoje ele mora em Patrocínio (MG), onde trabalha como massagista do Catiguá Tênis Clube. Casado, tem um filho e uma neta. Mas não nega que carrega consigo uma mágoa profunda, de nunca ter sido muito lembrado para homenagens realizadas pelo Atlético Mineiro.

O zagueiro palmeirense Dionísio Viel, o “Mexicano”, não ganhou dinheiro com o futebol. Tinha a fama de violento, muitas vezes se descontrolando dentro de campo, o que ele explicava como decorrência de seu amor pelo clube. Não era de fugir de pancada, prova disso é que chegou a abrir o supercílio oito vezes, em apenas um campeonato.

Como sempre teve dinheiro a vontade, jogou mais pelo coração. O primeiro bicho que recebeu, depois do time ter ganho um jogo, guarda até hoje na carteira como relíquia: cinco notas de Cz$ 20 mil.

Depois que deixou o seu Palmeiras, foi jogar no Taubaté, onde ficou por longos oito anos. E no clube interiorano fez o maior sucesso, quando o time participava Campeonato Paulista da Primeira Divisão. Encerrou a carreira no time dos “Irmãos Romanos”, equipe do ABC.

Quando deixou os gramados abriu uma rede de lanchonetes, que não durou muito tempo, pois em seguida se aposentou. Hoje, safenado, ele tem a pintura como hobbie e vive no Parque Continental, no Bairro do Butantã, na zona Oeste da capital paulista, com a mulher Mirna Factori Viel, e as filhas Ana Paula, terapeuta ocupacional, que residiu na Itália e Fernanda, que é jornalista.

Mesmo fora dos gramados, “Mexicano” ainda acompanha os jogos do Palmeiras. O dia mais esperado do ano é quando acontece o tradicional "Jantar dos Veteranos" do Palmeiras. Nessas ocasiões ele é homenageado, aplaudido e distribui autógrafos em profusão. Pode-se dizer que vive um dia de glória.

A filha e jornalista Fernanda Factory Viel, sempre gostou de futebol. Depois de trabalhar como redatora auxiliar na Fundação Bradesco, foi estagiária no jornal "A Gazeta Esportiva", onde fazia a cobertura jornalistica dos treinos e jogos do São Paulo F.C., na época dirigido por Telê Santana.

Em 2000 ela criou a personagem “Mary Futy”, na revista “Lance a+”, e no jornal "Agora São Paulo". Fez  matérias internacionais para uma TV Alemã durante a Copa de 2006, quando entrevistou jogadores famosos como Kaká, Cafu, David Beckam, Luis Figo e Ronaldo. 

Foi produtora na “Rede Bandeirantes de Televisão” e agora trabalha para o “Portal R7”, com o “Blog da Mari Futy”, personagem que satiriza as "Marias-Chuteiras" e conta de forma divertida os bastidores que envolvem a vida dos boleiros. (Pesquisa: Nilo Dias)

Dionísio Viel, o "Mexicano" que nasceu em Osasco (SP).

Alfredo Lúcio de Moura, o "Mexicano", nascido em Uberaba (MG).