Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

domingo, 23 de março de 2014

Um patrimônio do rádio de Rio Grande


Dia desses o amigo Cláudio Carvalho de Moura, riograndino de nascimento, ardoroso torcedor do veterano Sport Club Rio Grande, o “vovô” do futebol brasileiro, “provocou” uma interessante troca de informações no “Facebook” a respeito da Rádio Cultura Riograndina, que no último dia 14 comemorou 72 anos de fundação. É a mais velha emisora de rádio da cidade de Rio Grande, a mais antiga cidade gaúcha, fundada em 1737.

A Rádio Cultura foi a primeira rádio da cidade de Rio Grande, fundada em 14 de março de 1942 com o nome de Rádio Cultura Riograndina. A emissora, idealizada por Alcides Lima Faria, surgiu através do esforço de um grupo de entusiastas, liderado pelo filho de Alcides, Ay Lima, que possibilitou a continuidade de suas transmissões em um período muito difícil.

Eu também participei das reveladoras postagens, pois tive a honra de fazer parte da equipe de funcionários da emissora, junto de minha esposa a jornalista Teresinha Motta. Foi uma época de muitas e boas lembranças. Fui chefe dos Departamentos de Esportes e de Jornalismo e tenho convicção de que colaborei para uma guinada de 360 graus, no modo de fazer rádio na cidade de Rio Grande.

Sob a direção do saudoso engenheiro doutor Paulo Naois Coelho, a emissora que recém havia sido adquirida pelo Grupo Delfim, de propriedade do empresário riograndino Ronald Levinsohn. A Delfim era, na época, a maior Caderneta de Poupança do país. Fui escolhido pelo diretor para levar adiante o projeto de mudança da imagem da rádio. E para isso ganhei carta branca e dei ínicio a uma verdadeira revolução.

Comecei mudando integralmente a programação, que até então não apresentava nenhum atrativo, estava repleta de programas religiosos. Mesmo não tendo nada contra religiões, decidi  tirar quase todos do ar.

Ficaram um ou dois, que eram programas bem organizados e até contavam com relativo número de ouvintes, apresentados pelos pastores Belmar Alves Clarindo e Vanderli dos Reis, embora a audiência geral estivesse pouco acima de zero.

Na verdade, só o programa de avisos ao meio-dia tinha grande audiência, e assim mesmo no interior dos municípios de Rio Grande e São José do Norte.

As mudanças começaram de manhã bem cedo, com a vinda de Airton Lopes da Silva, para apresentar das 5 às 7 da manhã o programa “Gente da Gente”, que não demorou para ser o líder de audiência no horário.

Depois, das 7 às 8 da manhã eu e o saudoso amigo e advogado, Jorge Ravara, apresentávamos o programa “Roda Viva”, pioneiro na cidade de Rio Grande, com entrevistas e comentários.

Das 8 às 10 horas o programa “Gley Santana”. E das 10 ao meio-dia o programa de Jonas Cardoso, uma das mais bonitas vozes do rádio gaúcho. Eu fui buscar o Gley em Pelotas, para ser o narrador principal de futebol da rádio. E o Jonas, na Rádio Minuano, também de Rio Grande.

Ao meio-dia o programa de avisos “Alô, Alò Zona Sul”, na voz inconfundível de Delmar Pacheco. Os programas da tarde foram entregues a Cleusa Pimenta, das 14 às 16 horas e a João Luiz Cardoso, das 16 às 18 horas. Os dois fizeram grande sucesso na época.

O João Luiz Cardoso depois trabalhou na Rádio Batovi, em São Gabriel, também levado por mim. A Cleusa eu fui buscar em Pelotas. O programa de esportes ia das 18 às 19 horas e era apresentado por mim e pelo Gley Santana.

Às 22 horas ia ao ar o “Grande Jornal Falado”, com apresentação do Edson Figueiredo e Pedro Aguiar. O Pedro Aguiar, tempos depois foi o primeiro narrador de futebol da Rádio Batovi, de São Gabriel.

O Departamento de Notícias era formado por mim, minha esposa Teresinha Motta, o jornalista Carlos Thompson, atualmente trabalhando em São Paulo, Édson Costa, que até hoje continua na emissora, Gley Santana, Pedro Aguiar, Jonas Cardoso e Delmar Pacheco.

O Departamento de Esportes tinha os narradores Pedro Pinheiro, Gley Santana, Mário Lima e Elodir José, catarinense vindo de Xanxerê. Os comentaristas eram Antônio Azambuja Nunes, o “Nico”, grande artilheiro do futebol de Rio Grande, o saudoso Jorge Ravara e Ney Amado Costa.

Os repórteres eram Horácio Gomes, o melhor profissional que conheci em toda a minha vida, na atividade, Édson Figueiredo, Sérgio Satt, que também comentava e o ex-jogador de futebol dos três clubes da cidade, João Ferreira. O plantão esportivo era Denis Olinto, que depois brilhou na radiofonia de Porto Alegre.

O Denis, a exemplo do saudoso Dinei Avelar, em Pelotas, eu “encontrei” em uma série de testes que promovi na Riograndina e na Tupancy. Eu, como chefe e o mais experiente da equipe fazia de tudo um pouco, era um verdadeiro “homem dos sete instrumentos”, narrava, comentava e fazia reportagens, além de ajudar na montagem técnica para as transmissões.

Um amigo meu, o jornalista Paulo Mattos, que hoje reside no litoral gaúcho, quando colegas de rádio em São Gabriel, costumava dizer que quem cria “monstros” é “monstruário”, uma brincadeira saudável, em alusão aos companheiros que coloquei na profissão. E foram muitos.

Aqueles três anos de ouro em que estive na Cultura Riograndina, nunca mais esquecerei. Foi um tempo bom em que a satisfação pessoal pelo dever cumprido foi muito grande. Escrevemos páginas imorredouras na história do rádio de Rio Grande.

Acompanhavámos os times de futebol de campo e de salão da cidade, onde quer que estivéssem, dentro e fora da cidade e do Estado. Também cobrimos a Seleção Brasileira, que se preparava para a Copa de 1982, na Espanha. Nossa equipe viajou por vários locais do Brasil, coisa antes nunca vista na imprensa local.

Havia muita coisa boa na emissora. Aos sábados pela manhã eu apresentava o programa tradicionalista “Nativismo”. Depois vinha um programa de Variedades, apresentado pelas amigas Iara Bandeira, que foi minha colega na Sucursal da Companhia Jornalística Caldas Júnior, em Rio Grande e pela jornalista Regina Alvarez, hoje trabalhando na Sucursal de “O Globo”, em Brasília.

Apenas para ilustrar esta modesta peça de saudade, vale a pena contar algumas historinhas, das muitas vivenciadas na rádio, com a ajuda de colegas.

Acho que a principal e mais conhecida delas, diz respeito à assombração do velho prédio da avenida Silva Paes. Bem em cima havia uma casa, onde por muitos anos morou o funcionário Celso Flores.

O seu Sadi, da parte técnica, contava que à noite se ouvia barulhos de janelas e portas se abrindo, se fechando e batendo, ruídos que vinham da casa. Barulhos de chuva, quando não havia uma só nuvem no céu e de vidros quebrando, sem que se encontrasse um único caco no chão.

O Jose Carlos Rocha, eficiente operador de som me garantiu que não gostava de trabalhar a noite, acrescentando que foram inúmeras vezes que ouviu passos na escada, quando não tinha ninguém. Ele conta que nunca chegou a ver, mas o locutor Carlos Fuão jurava que sempre, exatamente a meia noite, uma noiva toda de branco descia as escadas da rádio.

Seria interessante uma pesquisa sobre a história do prédio, para se chegar fundo na origem dessas histórias. Será que ali morou alguma jovem que se tornou noiva e algo aconteceu com ela? Quem sabe se ache uma explicação para tudo o que contam.

O José Carlos Rocha também disse que ouvia barulho dos teclados de máquinas de escrever em pleno funcionamento no Departamento de Notícias, sem que alguém estivesse lá. E que luzes acendiam e apagavam sozinhas.

Já o Edson Costa, de muitos anos na casa, conta que o operador de som dos anos 80, Mário Franco, que também apresentava um programa musical na madrugada e outro aos sábados no final da tarde, certa noite levou um grande susto, que quase o derrubou no chão do estádio de locução. Ele viu um "gato preto" estendido nas costas do Celso Freitas, que estava no controle de som. Este garantiu que não houve nada, e que tudo não passou de uma alucinação do colega.

O Trebe Vaz, grande figura humana, locutor e noticiarista, foi contratado pelo seu Ay Lima para recortar notícias dos jornais da cidade, para os noticiários da emisora. Era a famosa agência noticiosa “Gillete Press”, em pleno funcionamento.

Como o pagamento era por comissão, por notícia apresentada, e o dinheiro bastante curto, Trebe aproveitava tudo que estava nos jornais, especialmente o “Rio Grande”.

Certa vez, ele, que era muito brincalhão, incluiu no noticiário um recorte que nominava pessoas que chegavam ao porto de Rio Grande, de vapor. Coisa da década de 1920, com nomes de gente já falecida há muitos anos, como se fosse notícia atual. Deu um forrobodó daqueles.

E as brincadeirinhas de mau gosto com o ex-diretor e proprietário da emissora, Ay Lima, de saudosa memória? O Trebe costumava colocar grafite na fechadura do escritório do homem. Este, ao chegar pela manhã não conseguia abrir a porta.

Algumas vezes teve de acionar os bombeiros, que subiam por uma escada colocada na rua, entravam na sala pela janela e abriam a porta.

E os telefonemas então. O Edson Costa, e eu também, telefonávamos para o seu Ay, que dizia “alô” e a gente só assoprava. E ele respondia dizendo: “Seu assoprinho FDP, vai te f..., liga para a tua mãe”.

Dizem que havia no corredor da rádio, junto a Discoteca um painel para que ali fossem colocados avisos, ordens de serviço, coisas desse tipo. Uma certa manhã apareceu no painel um papel com os seguintes dzeres: “O seu Ay é viado”.

Para quê? O homem ficou enfurecido, e com um revólver engatilhado na mão gritava: “O FDP que fez isso apareça. Mostre que é homem, que vai levar um tiro na cara”. É claro que ninguém apareceu, embora todos na rádio soubessem de quem se tratava. Por motivos óbvios não digo quem foi o autor da façanha.

Foi muito comentado na época, o “acidente” ocorrido com um locutor, que não vou revelar o nome, dado o inusitado da história. Ele vinha pela rua 24 de Maio, passo apressado, pois já era quase meio-dia e ele tinha que apresentar o “Alô, Alô Zona Sul”. Foi quando o inesperado se fez presente: deu uma dor de barriga daquelas e a “coisa” desandou perna abaixo. Não teve como conter.

Com a calça toda borrada, não conseguiu ir adiante. Teve de se encostar em uma parede e, disfarçando, seguiu se arrastando até chegar em casa e tomar um necessário banho. Não pode nem avisar a rádio, pois naquele tempo nõ havia telefone celular.

O diretor Paulo Coelho pediu ao Cláudio Castro, que era o operador de som do horário, que também lesse os avisos, com a orientação de que começasse pelas notas de falecimento.

Obediente, o Cláudio leu a primeira delas: “Nota de falecimento e convite para sepultamento. Os familiares de Fulano de tal convidam para as cerimônias de seu sepultamento, que ocorrerão hoje, às 11 horas”. Como já era passado do meio-dia, o Cláudio emendou: “Opa, esse defunto já foi enterrado, Vamos para outro”.

Certa ocasião eu, acompanhado do Gley Santana e Cláudio Castro fomos transmitir um jogo em Santa Maria. Viajávamos de véspera, como era costume. Sábado, à tardinha, fomos dar um passeio pelo Calçadão da Cidade Universitária. O Cláudio levou um rádio enorme, daqueles de 12 faixas de ondas, ligado sobre o ombro. Parecia um daqueles alto-falantes de propaganda.

As pessoas curiosas olhavam para ele rindo, sem entenderem nada. E ele, nem aí. Eu e o Gley apuramos o passo, nem olhávamos para trás, fingindo que não o conhecíamos.

Esta foi o Edson Costa que me contou. É bárbara. Trabalhava na rádio um locutor de nome Eli Faria, que fazia o “Repórter Popular”. Gostava muito de falar ao vivo. Certa ocasião, ele foi verificar como andava o problema das filas nos estabelecimentos bancários da cidade. Foi quando largou esta pérola: “As bixas dos bancos estão muito compridas”. Se dissesse isso hoje, correria o risco de ser taxado de homofóbico.

E o Fernando Furci, certa vez foi guindado ao cargo de discotecário, o que fez? Dizendo que se tratava de uma limpeza e para abrir espaço, jogou na rua centenas de discos 78 rpm, colocando fora grande parte do acervo musical da emissora.

Eu consegui salvar um álbum dos 10 anos de carreira de Luiz Gonzaga, uma verdadeira relíquia, que hoje se encontra no museu do cantor em Caruaru, Pernambuco.

Mas isso não foi nada. Pior foi o que o Edson Costa me contou. Uma carroça deixou o prédio da emissora em direção ao lixão da cidade, carregada com livros de presença contendo assinaturas de cantores e cantoras de sucesso dos anos 50 e 60.

E muitas outras histórias, que se as contasse, ocuparia um espaço muito grande deste blog.Só do saudoso Rui Grilo, são muitas.do a história da rádio, certamente vai encontrar subsídios suficientes para isso, embora também vá se deparar com muitos problemas, pois a grande parte da memória da rádio já foi perdida.

Para ilustrar esta peça de saudade, relembro alguns dos valores que
ajudaram a construir a história da simpática emissora. É claro que a lista é incompleta, pois em 72 anos muita gente passou por lá.

Mas vamos citar outras pessoas que trabalharam ou cooperaram com a emissora, aquilo que a memória de vários colegas lembrou, além dos que já foram citados acima. 

Valdomiro Oliveira (noticiarista), Cláudio Silva, José Paulo Nobre,Carlos Eduardo Concli, Laila Araújo (secretária), Magrão, Leda Maria Chaves, Guaracy Costa, Altemir Lima, Jose Carlos Rocha (operador de som), Cléo Rocha (secretária), Gil Rocha, Sidnei Rocha (operador de som), Paulo Milbrath, Nilton Freitas (operador de som), Cremilda (secretária, falecida em acidente de moto), Vera (assistente de limpeza), Rui Grillo (apresentador de programas de auditório), Yolanda Grillo (auxiliar de seu esposo Rui Grillo), Dorvalino Valadão (plantão esportivo), Guaraci Camanho, Saulo Machado, Ernesto Martins (apresentador do programa “A voz de Portugal”), junto do auxiliar Reguffe, José Maria de Almeida Pinto, o "Almeidinha", Vera Beatriz Comin (colunista social), Paulo Ferreira (colunista social), Ayrton Ferreira (operador de som), Elmar Costa (comentarista esportivo), Alfredo Batista (locutor tradicionalista, falecido em um acidente de trânsito), Antonio José Piccolli (locutor), Alcides Silva, o "Bigode", falecido há cerca de três anos, Mário Franco (operador de som), Cleo Rocha (discotecária), José Adão Vieira, o “Lápis” (repórter esportivo), Regina Macedo (locutora), Fernando Furci (locutor), Fernando Weikamp (locutor), Ronaldo Silva (repórter), Arlindo Mota, o popular "Taita" (motorista), Rui Ferreira (motorista), Azambuja Junior (locutor), Gil Rocha, Jotta Huch, Valdir Lima, Adao Rosa, Vilmar Pereira “Gaguinho”, Julio Jardim, Carlos Roberto Souza Mendonça, Paulo Roberto Dijavan, Carlos Magno Pereira Ramos, Carlos Eduardo Concli, Deivid Pereira, Odair Noskoski, Américo Souto (narrador esportivo), Dilair José, Rudinei Moreno, Rudinei Jesus, Rudinei Lima, Carlos Roberto Silva, o “Ternurinha”, Antonio Carlos da Rosa, Jorge Antônio Menestrini, Carlos Esperon, Jurema (recepção), Luiz Carlos Leal, Erní Freitas, Iberê Marchiori (noticiarista), Leda, Weimar Minuto (locutor) e Alfredo Batista. (Texto: Nilo Dias)


Flâmula comemorativa aos 20 anos de fundação da Rádio Cultura Riograndina, que faz parte do acervo do historiador Chico Cougo, riograndino de nascimento, residente em Porto Alegre. 

Ele achou a reliquia no “Rancho da América”, um local existente na Capital do Estado especializado na venda de velharias. Produzida em Porto Alegre, pela Guaíba Flâmulas, que ficava na rua Dr. Flores, está escrito na parte detrás da relíquia: “Sob encomenda da ZYC3, Rádio Cultura Riograndina”.

quinta-feira, 20 de março de 2014

A adeus ao capitão Bellini

Morreu hoje, aos 84 anos de idade, o ex-jogador de futebol Hilderaldo Luís Bellini, capitão da Seleção Brasileira que se sagrou campeã mundial de futebol pela primeira vez, na Suécia, em 1958.

O ex-atleta estava internado na UTI do hospital Nove de Julho, em São Paulo depois de sofrer uma parada cardíaca. De acordo com a família, Belloni sofria do Mal de Alzheimer há 10 anos e estava entubado em sua residência antes de ser levado ao hospital.

No mês passado Bellini já havia sido internado. Quando retornou à casa, o ex-jogador permaneceu na cama monitorado por profissionais. Na terça-feira de madrugada, uma enfermeira comunicou à família sobre a recaída do ex-jogador.

Internado novamente, ele foi encaminhado diretamente para a Unidade de Terapia Intensiva, onde faleceu. Em virtude do Mal de Alzheimer, há três anos que Bellini não reconhecia mais ninguém, inclusive sua mulher.

Nascido em Itapira (SP), no dia 7 de junho de 1930, começou a carreira em 1947 no pequeno Itapirense, clube de sua cidade natal, onde ficou até 1958. Depois foi jogar na Sanjoanense, de São João da Boa Vista, de 1949 a 1951, na Segunda Divisão Paulista.

Bellini se tornou famoso no Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, onde chegou em 1952, numa época de renovação do  time que ficou conhecido como o “Expresso da Vitória”.

Jogou no Vasco de 1952 a 1961. O time base do clube cruzmaltino na época era este: Barbosa – Dario – Bellini – Orlando e Coronel – Écio e Rubens – Sabará – Almir – Vavá e Pinga.

Depois, já com 32 anos, foi para o São Paulo, onde ficou de 1962 a 1967, mas sem ganhar um único título sequer. Encerrou a carreira no Atlético Paranaense, clube que defendeu entre 1968 e 1970. No último ano no clube paranaense, foi campeão estadual, junto com outro campeão do mundo, Djalma Santos.

Bellini estava com 40 anos e já casado desde 1963 com Giselda, mãe de seus dois filhos, Carla e Júnior.

O zagueiro estrou na Seleção Brasileira em 1957, nas eliminatórias para a Copa de 1958, na Suécia, mais precisamente no dia 13 de abril, no empate em 1 x 1 com o Peru, em Lima.

Devido a sua seriedade em campo, o técnico Vicente Feola lhe deu a tarja de capitão já na reta final da preparação para o Mundial, depois de ser elogiado publicamente pelo “Marechal da Vitória”, Paulo Machado de Carvalho.

Seu grande momento no futebol deu-se em 1958, quando na condição de “capitão” da Seleção Brasileira, tornou-se o primeiro jogador a levantar a “Taça Jules Rimet” com as duas mãos sobre a cabeça, gesto que a partir daí passou a ser repetido por todos os “capitães” campeões do mundo.

Bellini conta que quando recebeu a Taça das mãos do rei Gustavo, não havia pensado em fazer o gesto que ganhou o mundo. Tudo aconteceu depois que alguns fotógrafos mais “baixinhos”, que não conseguiam fotografá-lo gritaram: “Bellini, levante a taça um pouco mais”

E não decepcionou como “capitão”, valorizou a honraria. No 0 X 0 contra a Inglaterra, a partida mais difícil do Brasil naquela Copa, o atacante Mazzola perdeu um gol feito, entrou em pânico e começou a chorar. Bellini não teve dúvida: saiu lá de trás e, com um tabefe regenerador, repôs o companheiro no jogo.

Bellini também notabilizou-se na Copa de 1958, quando juntamente com Nilton Santos, Didi e Zito, influenciou Vicente Feola para que escalasse Garrincha e Pelé como titulares daquela seleção.

Em 1962 no Chile, Bellini foi reserva de Mauro, que recebeu a braçadeira de capitão e também levantou a Taça, repetindo o histórico gesto. O capitão de 1958 aceitou a titularidade de Mauro sem mágoas, dizendo que a vez realmente deveria ser do companheiro, o que evidenciou seu espírito de equipe.

Ainda esteve presente na Copa do Mundo de 1966, na Inglaterra, quando foi reserva de Brito e encerrou sua participação na Seleção Brasileira. Com a camisa “Canarinho” Bellini disputou 57 partidas, com 42 vitórias, 11 empates e apenas quatro derrotas.

A responsabilidade sempre andou lado a lado com Bellini. Em 1968, 10 anos depois da conquista do Mundial da Suécia, o Comerciário, de Criciúma conquistou o título de campeão catarinense. A festa de entrega das faixas aconteceu num jogo amistoso com o Juventus, de Rio do Sul, na inauguração do estádio Alfredo João Krieck, naquela cidade.

A grande atração do jogo foi Hilderaldo Luiz Bellini, que jogou meio tempo pelo Juventus e alguns momentos pelo Comerciário. À noite, houve um jantar promovido pela prefeitura. O prefeito Alfredo João Krieck, não compareceu porque estava com uma perna engessada.

O radialista Carlos Eduardo Mendonça tentou levá-lo para a noite da cidade mas, elegantemente, Bellini alegou profissionalismo para o jogo do dia seguinte. 

Normalmente avesso a entrevistas e a exposições mais amplas, o “Capitão de 58”, fechou-se ainda mais, após a morte do seu grande amigo Mauro Ramos de Oliveira, em 2002.

Bellini via em Mauro um irmão, nunca um rival da camisa 3 “Canarinho”. Na abertura da Copa do Mundo de 1982, na Espanha, Bellini foi o porta-bandeira da Seleção Brasileira e, lá foi muito ovacionado pela torcida local.

Bellini era muito querido pelos torcedores brasileiros. Tanto é verdade que a estátua de bronze localizada no Maracanã, que reproduz o gesto do “capitão” com a "Jules Rimet", ficou conhecida como “Estátua de Bellini”, mesmo não se parecendo com ele.

O bronze, uma homenagem aos campeões mundiais de 1958, foi inaugurado em 13 de novembro de 1960. É um trabalho do artista plástico Mateus Fernandes.

Sabe-se que a ideia da estátua foi do empresário Abraham Medina, pai de Roberto Medina, criador do “Rock in Rio”. Até hoje, a inspiração da estátua é coberta de mistérios. Oficialmente, a homenagem é dedicada aos campeões de 1958.

Mas há quem diga que o rosto na escultura é de Francisco Alves, o “Rei da Voz”, cantor que arrebatava multidões nas décadas de 40 e 50 e que faleceu em 1952 em um acidente automobilístico. A placa da estátua, inclusive, traz o grifo de "Rei de Voz".

Há, também, quem afirme que o rosto ali esculpido é de Hamilton Sparra, um modelo, e não do capitão da primeira seleção brasileira campeã do mundo..

Em 2011, Bellini foi homenageado pelo Avai F.C, de Florianópolis, sendo um dos jogadores escolhidos para ter os pés eternizados na "Calçada da Fama", no Estádio da Ressacada.

Bellini não era um jogador que se podia chamar de técnico, muito pelo contrário. Tinha no vigor físico e na raça, suas maiores virtudes, o que lhe garantia se impôr dentro da área. Sempre jogou com seriedade e lealdade. Foi sempre um líder nato, atributo que o levou ao posto de capitão da Seleção em 1958.

Depois que voltou da Copa de 1958, Bellini foi muito assediado por fâns, principalmente do sexo feminino. Dizia-se a boca cheia nos meios mais sofisticados do Rio de Janeiro, que na época só haviam três homens bonitos no mundo: Alain Delon, Tom Jobim e Bellini. A declaração foi atribuída ao jornalista Ronald Bôscoli, um dos maiores conquistadores cariocas naqueles anos.

O cartaz do zagueiro era tanto, que o diretor Lima Barreto chegou a convidá-lo para fazer o papel de "Quelé do Pajeú", no cinema. Chegou até a fazer teste, quando beijou a bela artista Rossana Ghessa. Mas o papel acabou ficando com o ator Tarciso Meira.

O zagueiro ainda recebeu convite para ser galã de fotonovela. O poderoso empresário Harry Stone tentou levá-lo para Hollywood, mas o Vasco da Gama, que já se negara a liberá-lo para o Real Madrid, da Espanha, vetou sua saída.

Depois de aposentado, o ex-capitão da seleção começou a se aventurar nas mesas de sinuca e trabalhos em escolinhas de futebol.

No Vasco da Gama empilhou títulos. Foi três vezes campeão carioca (1952, 1956 e 1958); Torneio Internacional do Chile (1953); Torneio Octogonal Rivadávia Corrêa Meyer (1953); Torneio Quadrangular do Rio (1953); Torneio Rio-São Paulo (1958); Torneio de Paris (1957); Torneio Triangular Internacional do Chile (1957) e Troféu Teresa Herrera (1957), entre outros.

Pela Seleção Brasileira. Copa do Mundo (1958 e 1962); Copa Roca (1957 e 1960); Copa Oswaldo Cruz (1958, 1961 e 1962); Taça Bernardo O'Higgins (1959) e Copa Atlântica (1960).

Com a morte de Bellini, agora só restam vivos dos campeões de 1958, Pelé, Zagallo, Zito, Mazzola, Dino Sani e Pepe. Já morreram: Castilho, Gilmar, De Sordi, Djalma Santos, Bellini, Mauro, Orlando, Zózimo, Nilton Santos, Oreco, Moacir, Didi, Garrincha, Joel, Vaváe Dida.

Além dos jogadores já são falecidos todos os membros da delegação: Vicente Feola (técnico), Paulo Amaral (preparador físico), Hilton Gosling (médico), Mário Trigo Loureiro (dentista), João Carvalhaes (psicólogo), Mário Américo (massagista), Francisco de Assis (roupeiro), Luiz Murgel (delegado ao Congresso), Paulo Machado de Carvalho (chefe da delegação brasileira), Carlos Nascimento (supervisor), José de Almeida (observador técnico), Abílio de Almeida (secretário) e Adolpho Marques Júnior (tesoureiro). (Pesquisa: Nilo Dias) 


A Copa da Morte


As seis mortes ocorridas durante as obras de construção dos 12 estádios brasileiros onde serão jogadas partidas da Copa do Mundo deste ano, viraram café pequeno perto do que ocorre em Doha, no Qatar, que será sede do evento em 2022.

Segundo um estudo feito pela Confederação Sindical Internacional, cerca de 1,2 mil pessoas já morreram  durante a construção dos estádios e em obras de infraestrutura, para o evento que ocorrerá daqui há oito anos.

Uma grande parte dos mortos é de trabalhadores imigrantes da Índia e Nepal, que representam mais da metade da população do Qatar, chegando a 1,4 milhões, numa população de 2 milhões de pessoas.

Nas obras da Copa estas duas nacionalidades representam apenas um terço do total de trabalhadores. O número de mortos pode ser ainda mais elevado se forem contados egípcios, paquistaneses e bengalis – possivelmente, mais de 3 mil.

Essa gente sem qualificações e dinheiro entra no país para trabalhar, com a ajuda de um “patrocinador”. Este paga o visto, o custo da viagem e a hospedagem. Geralmente trata-se do futuro chefe, abrindo margem para a exploração dos trabalhadores: eles chegam ao país já devendo para seus empregadores.

O estudo mostra que as causas das mortes estão associadas a ataques cardíacos, acidentes de trabalho ou doenças causadas pelas condições miseráveis em que vivem. Os operários são expostos a longas jornadas, muitas delas acima de 12 horas e lidam com um ambiente de trabalho pouco seguro e carente de infraestrutura adequada.

Há relatos de condições análogas à escravidão nas obras da Copa. Passaportes são confiscados e os salários são retidos pelos chefes durante meses. Tudo isso com um calor de 50 graus Celsius sobre a cabeça. Muitos se machucam seriamente ou morrem após caírem de grandes alturas. Outros se suicidam. O prognóstico é ainda mais pessimista: segundo a CSI, mais de 4 mil pessoas ainda perderão suas vidas.

Comissões de direitos humanos pedem o fim do sistema local chamado “kafala”, muito comum nos países árabes do Golfo Pérsico. Trata-se de uma legislação trabalhista que tem o potencial de escravizar o imigrante. 

Um relatório da Anistia Internacional também trouxe dados sobre as péssimas condições de trabalho nas obras da Copa. A entidade conseguiu entrevistar cerca de 210 trabalhadores envolvidos. E 90% deles disseram que seus passaportes estavam retidos com seus chefes, 56% não tinham acesso aos hospitais locais e 21% tinham problemas com salários atrasados.

Além das mortes e do Qatar ser uma ditadura, também restringe direitos das minorias e das mulheres, apoia rebeldes radicais na Síria. É um país minúsculo, sem tradição futebolística e com temperaturas atingindo quase 50 graus nos meses de junho e julho.

A escolha do país para sediar a Copa do Mundo de 2022 foi polêmica. Segundo denuncia feita pelo jornal britânico “Daily Telegraph”, o ex-vice-presidente da Fifa, Jack Warner, teria recebido 1,2 milhão de euros para apoiar a candidatura do Qatar.

O pagamento da quantia ao dirigente da entidade teria sido feita por uma empresa controlada por Mohammed Bin Hammam, que foi membro do Comitê Executivo da Fifa e presidente da Confederação Asiática de Futebol. O dirigente renunciou a vice-presidência da Fifa em 2011.

A proposta do país árabe venceu as de Austrália, Japão, Coreia do Sul e Estados Unidos, país que se quiser pode realizar uma Copa na semana que vem. Tem ao menos 40 estádios padrão Fifa, hotéis e aeroportos, além de ser uma democracia e ver o futebol cada vez mais forte no país.

De acordo com a publicação, o FBI está investigando Warner, que até o ano passado foi ministro da Defesa de Trinidad e Tobago, e dirigiu a Concacaf, entidade que reúne países das Américas Central e do Norte, entre 1990 e 2011.

O "Daily Telegraph" apresentou documento de empresa de propriedade de Warner, e outra de Bin Hammam, que apontam para um pagamento de US$ 1,2 milhões, por um serviço prestado entre 2005 e 2010. A data da nota é de 15 de dezembro de 2010, duas semanas após a vitória do Catar.

O presidente da Uefa, Michel Platini, disse que é impossível jogar no verão do Qatar, propondo que os jogos se realizem no final do ano, meses em que as temperaturas são bem mais amenas, equivalentes às da primavera na Europa. Para o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, o mais lógioco será A Copa de 2022 acontecer de 15 de novembro a 15 de janeiro. (Pesquisa: Nilo Dias) 

Em Doha, delegação da Fifa olha maquete de um dos estádios para a Copa de 2022. (Foto: Divulgação)

terça-feira, 18 de março de 2014

A volta de Cabañas

O Tanabi Esporte Clube, da cidade de igual nome, no interior paulista, está fazendo uma jogada de marketing para atrair o interesse da mídia, ao anunciar a contratação do ex-jogador do América, do México e da Seleção Paraguaia, Salvador Cabañas. Ele assinou um contrato de três meses e vai defender o time interiorano na Série B, a 4ª Divisão do Campeonato Paulista, durante quatro jogos.

“El Toro”, como é conhecido em seu país, provavelmente faça sua estreia dia 6 de abril, quando o time enfrentará o Olímpia, no estádio Alberto Victolo, em Tanabi, a partir das 10 horas da manhã.

A contratação de Cabanãs pelo time paulista é considerada de risco, já que sua esposa, Maria Lorgia Alonso, disse que ele está proibido de cabecear. Apesar disso, ela apoia o jogador, mesmo reconhecendo suas limitações.

A contratação acontece em um momento que o atleta tenta se reerguer no futebol. Em 2010, quando defendia o América do México e era uma das principais esperanças da seleção paraguaia para a Copa do Mundo, o atleta foi baleado em uma casa noturna na Cidade do México, e ficou três anos afastado do futebol.

Essa não é a primeira vez que o Tanabi se aventura na contratação de jogadores renomados. Antes, em 2012, o clube acertou com o ex-atacante do Botafogo, do Rio de Janeiro e da Seleção Brasileira, Túlio Maravilha.

A ideia deu certo, tanto que o ano passado outros dois nomes conhecidos do futebol brasileiro foram contratados, o atacante Viola e o meia Marco Antônio Boiadeiro, que já estava aposentado e retornou ao futebol após 13 anos inativo.

Salvador Cabañas Ortega, nasceu em Assunção, Paraguai, no dia 5 de agosto de 1980. Começou a jogar futebol pelo tradicional 12 de Octubre, da cidade de Itauguá. Depois jogou pelo Club Guaraní, da capital, o segundo mais velho do país, Audax Italiano, do Chile e Jaguares, de Chiapas, México.

Atacante com faro de gol era frequentemente convocado para a Seleção Paraguaia, tendo participado da Copa do Mundo de 2006 e da Copa América de 2007. Seu melhor momento na carreira foi quando defendeu o América, do México. Ganhou o apelido de “carrasco dos brasileiros”, quando fez gols decisivos contra Santos e Flamengo, na Copa Libertadores da América de 2008.

Contra o rubro-negro carioca fez dois gols na vitória por 3 X 0, revertendo a derrota de 4 X 2 sofrida no primeiro jogo no México e eliminando o time brasileiro da competição, em pleno Maracanã lotado. Nas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2010, marcou um gol contra a Seleção Brasileira, na vitória paraguaia por 2 X 0, no “Defensores del Chaco”, em Assunção.

O jogador revelou que antes do tiro tinha firmado um pré-contrato com uma equipe europeia, provavelmente o Manchester United, da Inglaterra. No entanto o América o segurou, dando-lhe um apartamento em Acapulco e outro em Cancún, além de dobrar seu salário.

No auge da carreira, Cabañas foi vitima da tragédia. Por volta de 5h30 min da manhã do dia 25 de janeiro de 2010, ele foi alvejado na cabeça por um mafioso, em uma suposta tentativa de assalto, quando se encontrava no banheiro de uma casa noturna na Cidade do México.

Cabañas sofreu um grave traumatismo craniano e pedaços de ossos foram retirados do crânio. A bala alojada na nuca não foi removida até hoje, para evitar causar mais danos ao atleta, como sequelas para o resto de sua vida.

O jogador, que teve alta hospitalar em 2 de março de 2010, durante os últimos dois anos ainda teve que se submeter a intensa recuperação em clínicas especializadas de México, Argentina e Paraguai, até retornar aos gramados em abril do ano passado.

Em 3 de fevereiro de 2011, Cabãnas voltou a treinar em um clube de futebol, o Libertad, de Assunção, buscando uma evolução psicológica. O médico esperava que o atacante tivesse uma recuperação melhor a partir do contato com outros atletas.

Em 10 de agosto de 2011, Cabañas fez sua despedida oficial da Seleção do Paraguai em um amistoso disputado no Estádio Azteca, no México, em sua homenagem entre o Paraguai e o ex-clube do jogador, o América. A partida terminou empatada em 0 X 0. Cabanãs atuou durante nove minutos pelo América no primeiro tempo e 11 minutos pela Seleção Paraguaia no segundo tempo.

Cabañas voltou aos gramados em abril do ano passado, defendendo o modesto 12 de Octubre, clube onde começou a carreira. Mas não teve sucesso, embora tenha se sagrado campeão da 3ª Divisão do Paraguai, pois jogou nos minutos finais da vitória sobre o 3 de Febrero, por 3 X 0, na partida final. Ao todo atuou em 12 jogos como titular, mas não conseguiu fazer um gol sequer.

Depois foi tentar a sorte no General Caballero, pequeno clube de Assunção, onde também não foi feliz. Como solução para sobreviver, deixou os gramados e foi trabalhar na padaria da família em Itaguá, no Paraguai, antes de acertar com o time paulista. 

Era obrigado a levantar às 4 horas da manhã, para entregar pães aos clientes. Segundo sua esposa, ele estava “quebrado”, havia entrado em depressão e a família passava por sérios problemas financeiros.

Prêmios individuais: Futebolista Paraguaio do ano (2007); Futebolista Sul-Americano do ano (2007); Escolhido para "os onze ideais da América" (2007).

Artilharia: Campeonato Chileno, Torneo Apertura, pelo Audax Italiano (2003); Campeonato Mexicano, Torneo Clausura, pelo Jaguares, do Méxixo (2006); Copa Libertadores da América, pelo América do México (2007); Copa Libertadores da América, pelo América do México, dividida comMarcelo Moreno, do Cruzeiro de Belo Horizonte (2008); InterLiga, pelo América do México, dividida com Rodrigo Ruíz (2008).

Recordes: 2º futebolista que mais marcou gols (2007); É o maior goleador de equipes mexicanas na Copa Libertadores da América. (Pesquisa: Nilo Dias)

Cabanãs chegou a disputar uma Copa do Mundo pelo Paraguai. (Foto: Divulgação)

domingo, 16 de março de 2014

A despedida de um craque


Ontem, 15, o meia-atacante Rivaldo, de 41 anos de idade e um dos mais consagrados jogadores do futebol brasileiro em todos os tempos, anunciou que está pendurando as chuteiras. É o final de uma carreira que durou longos 24 anos.

Rivaldo estava jogando pelo Mogi Mirim, do interior paulista, clube do qual também é presidente. Rivaldo Vitor Barbosa Ferreira, seu nome completo, nasceu em Paulista (PE), no dia 19 de abril de 1972.

O agora ex-jogador comunicou sua decisão de encerrar a carreira em uma nota distribuída a imprensa, em que agradece “a Deus, minha família e a todos pelo apoio, pelo carinho que recebi durante esses 24 anos como jogador. Hoje venho comunicar a todos os torcedores do mundo que minha história como jogador chegou ao fim. Somente tenho que agradecer pela linda carreira que construí durante esses anos”.

O craque começou a ganhar prestigio no Santa Cruz, de Recife, onde chegou em 1990, aos 18 anos de idade, para atuar no time Juvenil, depois de ter impressionado olheiros locais, que o viram jogar pelo Paulistano, de sua terra natal, em um torneio.

Ainda nos Juvenis, Rivaldo chegou a participar de alguns jogos do time de cima, pelo Campeonato Pernambucano. Em 1991 se profissionalizou. Em 1992, depois de ter brilhado na “Copa São Paulo de Juniores”, foi trocado por cinco jogadores com o Mogi Mirim e nem retornou a Pernambuco. Junto com ele foram os seus colegas Válber e Leto.

Rivaldo fez parte do famoso “Carrossel Caipira”, time do Mogi Mirim que encantou a todos no Campeonato Paulista de 1992. Dirigido pelo técnico Vadão, o Mogi Mirim contava com jogadores de expressão como Leto, Admilson, Válber e Rivaldo, que no mesmo ano foram contratados por empréstimo pelo Corinthians, além do zagueiro Capone.

No “Timão”, Rivaldo não foi bem no Torneio Rio-São Paulo de 1993, perdendo para um time misto do Palmeiras e também foi mal no Campeonato Paulista . No “Brasileirão” se recuperou e marcou 11 gols, fazendo jús a “Bola de Prata”, prêmio oferecido pela revista “Placar”.

Suas atuações não convincentes no Corinthians, impediram sua convocação para a Seleção que disputou a Copa do Mundo de 1994. O Corinthians acabou desistindo de contratá-lo em definitivo, pois não conseguiu reduzir o valor pedido pelo Mogi Mirim por seu passe. Em vista disso o Palmeiras, em parceria com a patrocinadora "Parmalat", pagou R$ 2,4 milhões ao Mogi.

No alvi-verde teve atuações destacadas, tendo sido vice-artilheiro do campeonato Brasileiro, com 14 gols, e o principal jogador da conquista do quarto título palmeirense na competição. Na final contra o Corinthians, marcou dois gols na vitória por 3 X 1, no primeiro jogo e, na volta, fez o gol do empate por 1 X 1. Agora, como palmeirense, recebeu nova “Bola de Prata”. Ainda no Palmeiras foi Campeão Paulista de 1996.

Depois do título paulista, Rivaldo foi vendido ao Deportivo La Coruña, da Espanha. Chegou ao time da Galícia com a missão de substituir o ídolo local Bebeto, que fora repatriado para o Flamengo. Teve uma ótima temporada, fazendo 21 gols, que foram fundamentais para o terceiro lugar do clube no campeonato espanhol.

Uma temporada depois, Rivaldo foi negociado com o Barcelona, que pagou ao La Coruña uma fortuna estimada em quase 30 milhões de dólares. Rivaldo chegou ao clube catalão para substituir Ronaldo “Fenômeno”, que se transferira para a Internazionale, da Itália.

Pelo time da “Catalunha” jogou 273 vezes e marcou 130 gols. Foi campeão da Supercopa da Uefa de 1997, da Liga Espanhola em 1997 e 1998 e da Copa do Rei de 1998. Defendendo o Barcelona, foi escolhido em 1999 pela Fifa, como o melhor jogador do mundo. E também ganhou a "Bola de Ouro" da revista “France Football”.

Depois do Barcelona jogou no Milan, da Itália, onde não alcançou o mesmo sucesso. Retornou ao Brasil, onde defendeu o Cruzeiro, de Belo Horizonte por seis meses. De volta a Europa, vestiu as camisas do Olympiakos, onde ganhou o Campeonato e a Copa Grega, e do AEK Atenas, ambos da Grécia, onde permaneceu por quatro anos.

Encerrou sua estada no exterior jogando ainda pelo Bunyodkor, do Uzbequistão, onde foi bicampeão nacional, e Kabuscorp, de Angola, depois de uma breve passagem pelo São Paulo. O ex-jogador recebeu algo em torno de cinco milhões de dólares, uma das maiores contratações da história do futebol africano. Depois vestiu as camisas do São Caetano e Mogi Mirim, clube onde encerrou a vitoriosa carreira.

Rivaldo foi também um dos mais importantes jogadores que atuaram na Seleção Brasileira. Sua primeira convocação aconteceu em 1993, num jogo contra o México, em que marcou o gol da vitória da equipe verde e amarela.

Depois fez parte do grupo que foi medalha de bronze nos "Jogos Olímpicos de Atlanta", em 1996, em que acabou como um dos "crucificados" na derrota contra a Nigéria, por ter errado o passe que resultou no "gol de ouro", que deu a vitória aos africanos na prorrogação. E por causa disso ficou um ano fora da seleção.

Esteve presente nas conquistas da Copa das Confederações de 1997 e da Copa América de 1999. Jogou as Copas do Mundo de 1998, na França, quando foi vice-campeão e titular absoluto com Felipão, em 2002, na conquista do Mundial do Japão/Coréia. No total, foram 74 jogos e 34 gols pela Seleção.

Títulos conquistados. Santa Cruz: Campeonato Pernambucano ( 1990); Palmeiras: Campeonato Brasileiro (1994); Campeonato Paulista (1996); Barcelona: Campeonato Espanhol (1997-98, 1998-99) Copa do Rei (1998); Supercopa Europeia (1997); Milan: Liga dos Campeões da UEFA (2003); Copa da Itália (2003); Supercopa Europeia (2003); Trofeo Luigi Berlusconi (2002); Cruzeiro: Campeonato Mineiro (2004); Olympiakos: Campeonato Grego (2005, 2006, 2007); Copa da Grécia (2005 e 2006); Bunyodkor: Copa do Uzbequistão (2008); Campeonato Uzbeque (2008, 2009); Seleção Brasileira: Jogos Olímpicos, Medalha de Bronze (1996); Copa das Confederações (1997); Copa América (1999); Copa do Mundo (2002).

Premiações individuais: Bola de Prata da Revista Placar (1993, 1994); Melhor Jogador Estrangeiro de La Liga (1998); Melhor Jogador do Mundo pela FIFA (1999); Melhor Jogador do Mundo pela World Soccer (1999); Balon d'Or (1999); Onze d'Or (1999); All-Star Team da Copa do Mundo da FIFA (1998, 2002); Melhor Jogador da Super Liga Grega (2006); FIFA 100 (2004).

Artilharias.Artilheiro da Copa América (1999 - 5 gols); Artilheiro da Liga dos Campeões da UEFA (2000 - 10 gols); Artilheiro da Campeonato Uzbeque de Futebol (2009 - 19 gols) (Pesquisa: Nilo Dias)


Rivaldo brilhou na Seleção Brasileira. (Foto online@oestadoce.com.br)

terça-feira, 11 de março de 2014

O Clube dos Príncipes

O Sport Club Maguari deixou saudade no futebol cearense, porque foi um clube grande, detentor de quatro títulos de campeão cearense, nos anos de 1929, 1936, 1943 e 1944, quatro torneios início, em 1929, 1942, 1944 e 1945 e sete vices-campeonatos, 1928, 1930, 1932, 1935, 1937, 1938 e 1945.

O clube foi oficialmente fundado no dia 24 de junho de 1924, em Fortaleza, pela família Barbosa Freitas, com a grafia da época, com “y” ao final. Anos depois o “y” foi trocado pelo “i”, em função de Decreto do então presidente Getúlio Vargas, que obrigou a “nacionalização” dos nomes dos clubes brasileiros. Com o fim da guerra, o clube voltou ao nome original de Maguary.

Em 1924 existia em Fortaleza uma empresa chamada "Saunders, Barbosa & Cia”, que funcionava com o nome de "Agência Benzold", situada na rua Senador Alencar, e que trabalhava no ramo de representação. Entre seus representados estava o "Curtume Maguary", de Belém do Pará, segundo esclarece o historiador Nirez de Azevedo, em seu livro “História do Campeonato Cearense de Futebol”.

O curtume, já extinto, foi implantado por dois irmãos ingleses, os Saunders e Davids, em 1916, e se localizava às margens do rio Maguari, antes conhecido por Maguari-Assu, denominação vinda da presença constante no lugar, do pássaro “Maguari”, ave pernalta de grande porte, de cor acinzentada e preta, assemelhada à garça, conhecida por cegonha brasileira.

O S.C.Maguary surgiu graças as filhas do capitão Saunders, que eram grandes admiradoras do futebol e incentivaram os sócios Hugo Gil Saunders, José de Freitas Barbosa e Armando Guilherme, diretores da firma, e mais os funcionários Hugo Berthold Saunders, Raimundo Freitas Barbosa e João Barbosa, a fundarem um time que representasse a empresa. A ideia foi adiante e assim nasceu o time, que teve o respaldo financeiro da empresa.

O primeiro presidente do clube foi o comerciante José de Freitas Barbosa. Embora seus dirigentes fizessem parte da elite cearense, ainda assim tinha grandes admiradores entre o chamado “povão”.  Tanto é verdade, que possuía a segunda maior torcida da cidade, na época.

O uniforme era todo branco, com uma faixa horizontal preta na altura do peito, razão pela qual ganhou o apelido de “Cintanegrino”. A faixa preta homenageava algumas aves que tinham uma faixa preta abaixo das asas e que se tornava visível quando voavam.

O S.C. Maguary se tornou um time de futebol altamente competitivo, que rivalizou com os chamados grandes daquele tempo, América, Ceará, Ferroviário e Fortaleza. Naquela época não havia o profissionalismo. Então, como agregava os jovens da classe média alta, eles ficaram sendo chamados de “príncipes”.

O clube entrou definitivamente para a história do futebol cearense, ao ser um dos fundadores da atual Federação Cearense de Futebol, em 29 de janeiro de 1936, de acordo com o que está escrito no livro “Futebol Cearense: Um século de história”, do pesquisador e escritor Alberto Damasceno.

Um outro fato de destaque na vida do clube, foi o de ter sido um dos times a participar da primeira transmissão de futebol da Ceará Rádio Clube, em 24 de dezembro de 1939. O adversário foi o Estrela do Mar e a partida era válida pelo Campeonato Cearense de Futebol.

O Maguary disputou pela primeira vez o Campeonato Cearense em 1927. Já em 1929 e 1936 levantava as taças de campeão, no velho e histórico “Estádio do Prado”. Depois ganhou mais dois títulos, dessa feita no não menos histórico “Presidente Vargas”, em 1943 e 1944, este, conquistado de maneira invicta.

Em 1945 era o franco favorito para repetir o feito, com a Diretoria investindo pesado na contratação de jogadores, mas quem levantou a taça foi o Ferroviário, com apenas um ponto de diferença.

Essa desilusão foi crucial para a extinção do Departamento de Futebol, aliada a constantes atritos com a Associação Desportiva Cearense, atual Federação Cearense de Futebol. Os torcedores acabaram se dividindo entre os demais times da cidade.

E para culminar sua gloriosa trajetória, foi o primeiro clube “campeão do Castelão", quando venceu o América, em 2 de dezembro de 1973, na final do "Torneio Breno Vitoriano", competição organizada para comemorar a inauguração do então chamado “Gigante da Boa Vista”, como citou o escritor Miguel Ângelo de Azevedo Nirez, no livro “Cronologia Ilustrada de Fortaleza”, Volume 1, de 2001.

O clube foi reconhecido pelo jornal “A Folha de São Paulo”, como o quarto colocado no ranking do futebol cearense, conforme publicado na edição de 23 de dezembro de 2007, na página seis, do Caderno de Esportes.

A primeira sede do S.C. Maguary localizava-se à rua Bezerra de Menezes, números 25 e 26, no bairro do Alagadiço, atual São Gerardo. Depois mudou-se para a avenida Visconde de Cauipe, 2081, atual avenida da Universidade, no bairro do Benfica.

Foi nessa época que o S.C. Maguary tornou-se uma entidade elegante, graças ao advento de sua terceira sede social, inaugurada em 20 de abril de 1946, construída em um amplo terreno localizado na rua Barão do Rio Branco, 2955, perto da avenida 13 de Maio, no nobre bairro de Fátima. Os recursos, antes destinados ao futebol, passaram a ser utilizados na sua nova formação de clube social.

Isso se deveu aos esforços dos dirigentes Waldir Diogo de Siqueira, Mário de Alencar Gadelha e Egberto de Paula Rodrigues, que contaram com a colaboração de um seleto grupo de amigos.

O prédio foi idealizado pelo famoso arquiteto Sílvio Jaguaribe Ekman, o mesmo que criou o projeto do Ideal Clube, outra tradicional entidade social de Fortaleza.

O S.C. Maguary, em sua nova e definitiva sede, deu ênfase aos esportes amadoristas, sendo campeão estadual de basquete na década de 1950, e também participando de competições oficiais de voleibol e futebol de salão, além de organizar festas inesquecíveis, que marcaram a vida da cidade, principalmente nos chamados anos dourados.

Muitas de suas animadas festas carnavalescas, costumavam terminar por volta das 10 horas da manhã seguinte. Mesmo tendo deixado o futebol, o Sport Club Maguary continuou como clube social, com forte presença na sociedade de Fortaleza.

Em 1955, o clube viveu um dos momentos mais emocionantes de sua nova fase, ao ver sua candidata Emília Correia Lima, ser eleita "Miss Ceará" e depois "Miss Brasil", em concurso nacional promovido pelos ”Diários Associados”, tendo recebido a faixa das mãos da baiana Martha Rocha.

Em 1972 houve uma tentativa de retorno do futebol, com o nome de Maguari Esporte Clube, até que, em 14 de agosto de 1975, o clube enrolou a bandeira, em definitivo.

A sua sede foi vendida para a Companhia Energética do Ceará (Coelce) e depois repassada para a Fundação Coelce de Seguridade Social, a caixa de previdência dos funcionários daquela companhia. José Leite Jucá foi o último presidente do clube, e embora tenha sido contra a venda da sede, foi voto vencido.

Depois de anos sem participar dos campeonatos, o “Clube dos Príncipes” foi novamente reorganizado em 2009, agora como clube-empresa, sob a tutela do político e empresário Aguiar Júnior.

É uma homenagem ao antigo time, revivendo seu nome, escudo e uniforme. Com sede em Fortaleza, o Maguary treina no Estádio Valdir Bezerra e disputa a 3ª Divisão, mandando os seus jogos no Estádio “Murilão”. 

As cores do S.C. Maguary são o laranja, o branco e o preto. Em seu uniforme número 1, a camisa laranja conta com uma listra na horizontal, em preto. Os calções e os meiões são também na cor laranja.

O segundo uniforme é composto por uma camisa branca com uma faixa diagonal cinza e outra preta, mais calções e meiões brancos. A ave Maguari é a atual mascote do Sport Club Maguary, inclusive fazendo parte integrante do escudo da equipe. 

Em 2011 o site "Meu Time de Futebol" (MPDF), projeto da Internet que põe nas mãos de associados o comando de um time de futebol profissional, prestou homenagem ao primeiro presidente do S.C. Maguary, José de Freitas Barbosa, emprestando seu nome a Taça e às medalhas de um torneio na Categoria Sub 20. (Pesquisa: Nilo Dias)

Uma das formações do antigo S.C. Maguary. (Foto: Jornal "Diário do Nordeste", gentileza da pesquisadora Leila Nobre, administradora do blog www.fortalezanobre.blogspot.com)

quinta-feira, 6 de março de 2014

A memória do futebol de Rio Grande

Hilton Xavier de Almeida, talvez poucos conheçam. Trata-se de alguém que nasceu e viveu sua infância e juventude em Rio Grande (RS), onde teve intensa atividade na política estudantil. Na década de 1950 mudou-se para Porto Alegre, onde foi um dos fundadores da Associação Riograndense de Propaganda. Bacharel em Administração, também publicou trabalhos na imprensa, especialmente no jornal “Agora”, de Rio Grande.

Escrevo este artigo como uma homenagem a ele, que sem sombra de dúvida deu uma valiosa contribuição à memória futebolística riograndina, ao lembrar casos verídicos, que certamente teriam se perdido no tempo, não fosse sua memória privilegiada. Mas vamos aos fatos.

Começo pela sua crônica intitulada “O açougue da Junção”. Conta o autor que na rua Saturnino de Britto, também conhecida como “Estrada dos Carreiros”, logo no seu início, após a curva da Junção, existia um pequeno prédio em estado de semi-abandono,onde funcionou um açougue, que até algum tempo atrás mantinha intacta a porta com duas grades de ferro,que serviam para manter o ambiente arejado, uma vez que na época não existiam câmaras frigoríficas.

Na fachada havia um remate ornamental com as iniciais EB, marco histórico da primeira atividade empresarial de Eduardo Ballester, começo de uma história que culminou com um dos mais importantes empreendimentos industriais da cidade.

E quem foi Eduardo Ballester? Foi um homem elegante, generoso, mas excêntrico. Há quem diga que foi uma figura bizarra, na plenitude do termo. Era elegante à sua maneira, e mesmo sem muitos formalismos, sabia se portar com desenvoltura em qualquer atividade social.

E que tem a ver ele com o futebol de Rio Grande? Muito. Sua generosidade era maior quando se tratava do S.C. São Paulo, não fazendo economia para ajudar o clube nos momentos de dificuldades. Foi sem dúvida uma figura marcante.

Gerou vasta prole e além de uma família formou um rijo clã. Foram 12 filhos, sendo nove homens, que se destacaram com o passar dos anos como seus fieis guardiães, companheiros, auxiliares e esteios. A família tinha uma paixão em comum, o futebol. Tanto é verdade que sete dos filhos de Ballester foram jogadores de futebol.

João jogou no F.B.C. Rio-Grandense, lá pelos idos de 1930. Ruy foi campeão estadual em 1933 pelo S.C. São Paulo. Já os mais moços, Dirceu e Dinarte brilharam no futebol da cidade no final dos anos 40, os dois defendendo o São Paulo. Dinarte ainda defendeu o Rio-Grandense e Dirceu o S.C. Rio Grande. Luiz embora tivesse jogado durante algum tempo, trocou os gramados pela Medicina. Ciro não vestiu a camisa de nenhum dos principais clubes da cidade, mas chegou a jogar ao lado de atletas consagrados, em times de verão.

O que mais se destacou entre os irmãos Ballester, sem dúvida foi Osny. Começou a carreira no São Paulo, indo depois para o Rio-Grandense e América, do Rio de Janeiro, levado pelas mãos de Gentil Cardoso, que havia servido na Marinha, em Rio Grande e treinado o "colorado marítimo".

Nos anos 30 o clube rubro carioca era um dos preferidos da elite, junto do Fluminense. Graças às suas atuações exuberantes, Osny foi considerado o segundo melhor zagueiro do país, ficando atrás somente de Domingos da Guia, considerado até hoje um dos “monstros sagrados” do futebol brasileiro.

Mas Osny soube conquistar o seu espaço, tornando-se um dos xodós da sociedade carioca, em especial do sexo feminino. Tinha trânsito livre no “grand-monde” da então capital do país, sempre com a mesma elegância e desenvoltura com que se apresentava nos gramados. Osny formou famosa dupla de zaga com o argentino Gritta.

Enquanto isso, em Rio Grande, o velho Eduardo Ballester não escondia a saudade do filho. Preferia que todos estivessem à sua volta, ajudando na consolidação do empreendimento industrial da família, que só terminou quando sua geração se desvaneceu.

Em outras oportunidades voltarei a contar as histórias imperdíveis de Hilton Xavier de Almeida. Aguardem. (Extraído da série de crônicas publicadas pelo autor, no jornal “Agora”, de Rio Grande-RS) 

Osny Ballester, quando jogava no F.B.C. Rio-Grandense, de Rio Grande. (Foto:Arquivo de Nilo Dias)