Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

A Copa de 1950 no Brasil

O Brasil está sediando uma Copa do Mundo pela segunda vez na história. A primeira foi em 1950, 64 anos atrás e se constituiu na quarta edição do evento que começou em 1930, continuou em 1934 e 1938, sendo interrompido durante a 2ª Guerra Mundial. 

As edições de 1942 e 1946 foram canceladas. A competição de 1950 foi disputada de 24 de junho a 16 de julho, tendo como cidades sedes Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Recife.

A escolha do Brasil como país anfitrião foi por unanimidade, visto que a Europa estava recém se reestruturando dos efeitos danosos da Guerra que arrasou o Continente. Estávamos em pleno governo do presidente Getúlio Vargas e as exigências da Fifa para um evento de tamanha envergadura, eram bem menores que os de hoje em dia.

Nesta Copa de 2014 o Brasil instituiu 12 cidades como sedes. Em 1950 foram apenas seis, a metade. Foram elas: Estádio Jornalista Mário Filho, no Rio de Janeiro,popularmente conhecido por “Maracanã”, construído especialmente para a Copa e com a intenção de ser o maior do mundo. O principal palco do evento tinha a capacidade, na época, para 200 mil pessoas e recebeu oito jogos, dentre eles quatro da Seleção Brasileira e a final.

O Paulo Machado de Carvalho, o “Pacaembu”, em São Paulo, o segundo maior estádio da competição, tinha capacidade, na época, para 60 mil pessoas. Recebeu seis jogos, dentre eles um da Seleção Brasileira.

O Estádio Raimundo Sampaio, o “Independência”, em Belo Horizonte, foi construído para a Copa do Mundo e pertencia na época ao Sete de Setembro Futebol Clube. Tinha capacidade, para 30 mil pessoas e recebeu três partidas. Atualmente, América Mineiro e Atlético Mineiro mandam seus jogos nesse estádio.

O Estádio Durival Britto e Silva, “Vila Capanema”, em Curitiba, pertencia ao então Clube Atlético Ferroviário, atual Paraná Clube. Tinha capacidade para aproximadamente 10 mil pessoas e recebeu dois jogos.

O Estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre, era o estádio do Internacional na época e tinha capacidade para 20 mil pessoas. Recebeu dois jogos da competição. O estádio não existe mais.

E, finalmente, o Estádio Adelmar da Costa Carvalho, “Ilha do Retiro”, pertencente ao Sport, que foi reformado para a competição e tinha capacidade, na época, para 20 mil pessoas. Deveria receber dois jogos, mas com a desistência da França, que se recusou a participar da competição porque jogaria em Porto Alegre e no Recife, a uma distância de 3.779 quilômetros, a cidade abrigou somente uma partida.

O único pedido para aprovação dos estádios, era que tivessem arquibancadas para no mínimo 20 mil torcedores, alambrados, cabines para a imprensa e autoridades e túneis interligando os vestiários ao gramado.

Um caderno de exigências com 420 páginas foi apresentado pela Fifa para a Copa de 2014 no Brasil, o que não aconteceu em 1950. Naquele evento as instalações existentes no país foram vistas como exemplo para o mundo. O presidente Getúlio Vargas incentivava o esporte como extensão da educação. Não havia exigências com transporte, aeroportos, hospitais ou outros itens de infraestrutura.

Participaram da Copa de 1950, 13 seleções: Brasil, Uruguai, Inglaterra (que disputava pela primeira vez), Espanha, Chile, Bolívia, Iugoslávia, Suíça, Estados Unidos, Itália, Suécia, Paraguai e México. Dos 16 países inscritos, três desistiram à véspera da competição, Índia, Turquia e Escócia. Por isso o grupo 4 ficou com apenas duas seleções: Uruguai e Bolívia. A partida direta entre eles teve, por resultado, 8 X 0 para os uruguaios.

Os jogos do Brasil naquela Copa tiveram estes resultados: 4 X 0 sobre o México; 2 X 2 com a Suíça, 2 X 0 na Iugoslávia, 7 X na Suécia, 6 X 1 na Espanha e derrota de 2 X 1 para o Uruguai, que se sagrou campeão do mundo. O Brasil perdeu o título em um “Maracanã” lotado, com 199.854 torcedores.

A cerimônia de premiação, que estava marcada para o centro do gramado, não aconteceu e o presidente da Fifa, Jules Rimet, teve que entregar a taça ao capitão Obdúlio Varela de forma improvisada. O curioso é que o Uruguai foi campeão do mundo jogando apenas quatro vezes e com três vitórias.

Algumas curiosidades da Copa do Mundo de 1950: a grande surpresa da competição foi a vitória de 1 X 0 dos Estados Unidos sobre a Inglaterra, que é até hoje considerada a “mãe de todas as zebras”. O jogo foi disputado no dia 29 de junho, no Estádio Independência, em Belo Horizonte.

Os norte-americanos tinham uma equipe amadora, formada basicamente por carteiros, lavadores de prato e imigrantes. O autor do gol foi Gaetjens, nascido no Haiti. Em 2005, foi lançado um filme sobre a partida, "Duelo de Campeões". A bola da vitória dos Estados Unidos sobre a Inglaterra virou peça de museu.

Brasil 7 X 1 Suécia, Brasil 6 X 1 Espanha  e Uruguai 8 X 0 Bolívia, foram as maiores goleadas da Copa; foi a primeira Copa a ter números nas camisas; o goleiro chileno Sergio Livingstone se tornou o primeiro na história das Copas a atuar com camisas de mangas curtas.

O Cruzeiro de Porto Alegre foi o primeiro clube do mundo a ter sua camiseta usada em uma Copa. Isto ocorreu na partida entre México e Suíça, disputada no Estádio dos Eucaliptos, em Porto Alegre. Ambas seleções tinham fardamentos vermelhos e era preciso distingui-los. Os mexicanos jogaram listrados de azul e branco e a Suíça venceu.

A segunda vez que isso ocorreu foi na Copa de 1978, quando a França usou camisa em listras verde e branca do clube argentino Kimberley, no jogo contra a Hungria. (Pesquisa: Nilo Dias)

Cartaz da Copa do Mundo de 1950, disputada no Brasil. (Foto: Divulgação)

terça-feira, 24 de junho de 2014

Doença rara mata ex-lateral do Corinthians

Antônio Gilberto Maniaes, conhecido por “Giba”, ex-jogador de futebol e técnico, faleceu ontem (23), aos 52 anos de idade. Ele vinha tratando de uma enfermidade nos rins por médicos em Campinas, mas há um mês foi transferido para o Hospital Sírio Libanês, na capital, único local capacitado para tratar desse tipo de enfermidade.

Depois de entrar em coma na última segunda-feira, ele não resistiu. Sofria de uma doença rara chamada “Amiloidose”, que afeta os rins. Giba era natural de Cordeirópolis (SP), onde nasceu no dia 7 de março de 1962.

A “Amiloidose” é uma enfermidade que ataca as células da medula óssea e produz uma substância danosa a órgãos como os rins, seu caso. A doença pode ser de origem genética ou consequência de doenças inflamatórias. Frequentemente afeta o coração, rins, fígado, baço, sistema nervoso e o trato gastrointestinal, prejudicando sua função.

O diagnóstico, a princípio, é tranquilo, porém, quando a doença se associa a outra, como aconteceu com Giba, traz uma grande diversidade de sintomas, dificultando a medicação. O primeiro sinal da doença apareceu há três meses, quando ele precisou se afastar do trabalho para tratá-la. Ao afetar os rins, o treinador ficou debilitado e precisou ser hospitalizado.

Giba foi velado em Campinas e o corpo cremado no “Crematório da Vila Alpina”, na capital. Ele residia em Campinas com a família. Era casado e tinha uma filha.

Giba trabalhou como técnico nos últimos anos, destacando-se por sua passagem pelo Santos F.C., entre 1999 e 2000. O último trabalho do treinador foi no Paulista, de Jundiaí, clube que dirigiu no início do Campeonato Paulista e pelo qual passou em quatro oportunidades. Desde fevereiro deste ano, estava afastado da função.

Como jogador profissional, Giba atuou por Inter de Limeira, União São João, Guarani e Corinthians, clube pelo qual mais se destacou no cenário nacional. Encerrou a carreira em 1993, aos 31 anos, após cirurgia de menisco mal sucedida e ter recebido passe livre ao final de seu contrato com o Corinthians.

Começou a carreira de futebolista nas categorias de base do Juventus, de sua terra natal atuando como volante. Depois se transferiu para o time dente-de-leite da Internacional, de Limeira, por indicação do técnico e olheiro Ismael Pereira, o “Maé”, onde disputou campeonatos da categoria.

Saiu da Internacional para jogar nos infantis e juvenis do Independente, também de Limeira. O técnico Adailton Ladeira o viu jogar num torneio em Rio Claro, e o levou para o Guarani, de Campinas, onde teve destaque a ponto de ser chamado para a seleção paulista de juniores.

Em 1980 retornou ao Independente, onde se profissionalizou, ainda jogando como volante. Depois foi deslocado para a lateral-direita pelo técnico Galdino Machado.

Após algum tempo voltou a Internacional, de Limeira, em uma transação polemica, quebrando um "tabu" que existia devido à grande rivalidade entre os dois clubes. Dali foi jogar na Usina São João, de Araras, hoje União São João, onde se destacou. Mesmo jogando na lateral, foi um dos artilheiros da equipe.

No vai e vem, acabou de volta ao Guarani, quando adotou o apelido de Giba, por sugestão do jornalista Brasil de Oliveira. Em 1986 fez parte do elenco “bugrino” que conquistou o vice-campeonato brasileiro. Paralelamente ao futebol, cursava Educação Física pela Pintificia Universidade de Campinas, onde se formou.

Em fevereiro de 1989 asssinou contrato com o Corinthians, time pelo qual seus familiares torciam. Vestiu a camisa do “Timão” por cinco anos, tedo participado da campanha do primeiro título nacional, em 1990. Na época de Corinthians chegou a ser convocado para as seleções paulista e brasileira.

Começou a carreira de treinador em 1995, quando dirigiu o Lousano/Valinhos. Um ano depois foi campeão da “Copa São Paulo de Juniores”, pelo Lousano/Paulista, de Jundiaí. O jogo final foi justamente contra o Corinthians, sendo ao final do jogo aplaudido pela torcida adversária.

Depois dirigiu equipes como Lousano Paulista Jundiai, Paulista Jundiai, Santos, Kuait Sporting Club, Sport, Santa Cruz, Portuguesa, São Caetano, Remo e CSA, entre outros. Um dos seus principais feitos como técnico foi a conquista do vice-campeonato paulista de 2000, quando dirigia o Santos.

Giba foi sempre prestigiado em sua terra natal, onde recebeu várias homenagens. Em 19 de dezembro de 2002 recebeu a “Medalha João Pacífico” e o “Diploma de Gratidão”, que são ortogados pela Câmara Municipal de Cordeirópolis a pessoas que elevam o nome da cidade.

Giba chegou a ser convidado pelo Corinthians para participar, em 10 de maio último, da partida festiva entre atuais e ex-jogadores do clube, na inauguração do “Itaquerão”. O ex-jogador, porém, informou a impossibibilidade de aceitar o convite, pois estava em tratamento médico.


Títulos conquistados. Como jogador. Guarani, de Campinas. Vice-campeao brasileiro (1986); Corinthians: Campeão Brasileiro (1990); Como técnico. Paulista, de Jundiaí: Copa São Paulo de Futebol Júnior Sub 20 (1997); Campeão Brasileiro da Série C (2001); Campeão Paulista da 2ª divisão (2001); CSA: Campeão Alagoano (1998) e Santos, vice-campeão paulista (2000). (Pesquisa: Nilo Dias)

Giba, quando treinava o Etti Jundiaí. (Foto: Divulgação)

sábado, 21 de junho de 2014

A morte da “Muralha” palmeirense

Morreu por volta de 23h30min da noite de ontem o ex-goleiro da S.E. Palmeiras, de São Paulo, Oberdan Cattani, na avançada idade de 95 anos, completados no dia 12 deste mês. A causa da morte teria sido uma infecção pulmonar.

Conhecido pelo apelido de “Muralha” era o único jogador vivo que jogou no antigo Palestra Itália e no Palmeiras. Foi ele que entrou em campo carregando a bandeira do Brasil, na primeira partida em que o clube deixou de ser Palestra para se chamar Palmeiras, devido a proibição de entidades brasileiras usarem nomes estrangeiros.

O jogo foi contra o São Paulo, disputado em 20 de setembro de 1942, com vitória palmeirense por 3 x 1, conquistando o título estadual daquele ano.

Desta forma, o Germânia passou a ser Pinheiros; o Espanha, de Santos, Jabaquara; e o São Paulo Railway, Nacional. Até a Portuguesa de Esportes, que não precisava mudar nada, passou a se chamar Portuguesa de Desportos, se bem que ninguém viu muita diferença em tal alteração.

Havia, naquela época, outros dois Palestras Itália no Brasil: um em Belo Horizonte e outro em Curitiba. Estes, claro, também tiveram de mudar seus nomes, passando a se chamar Cruzeiro, o de Minas Gerais e Coritiba o do Paraná.

Oberdan estava internado há 10 dias no Hospital do Servidor Público, na Zona Sul da capital paulista, para exames de rotina, em razão da cirurgia do coração a que foi submetido recentemente. Oberdan estava se recuperando em casa. Além do coração também foi operado de um joelho. Ultimamente perdeu o apetite e pouco se alimentava.

O Palmeiras já foi contatado e estuda como fazer para colaborar no sepultamento do ídolo. O velório acontece na sede social do clube e o sepultamento será no Cemitério do Araxá. Ele atuou no “Verdão” entre 1941 e 1954, tendo disputado 351 partidas, com 207 vitórias, 76 empates, 68 derrotas e 409 gols sofridos.

Em um sinal da importância de Oberdan na história do clube, o Palmeiras aprovou, no final do ano passado, a construção de um busto em sua homenagem, honraria concedida apenas a outros três jogadores: Waldemar Fiume, Junqueira e Ademir da Guia – o ex-goleiro Marcos também deve ganhar o seu em breve.

Porém, com a doença de Oberdan, a cerimônia de inauguração do busto, que deveria ter ocorrido ontem, véspera de sua morte, foi adiada.

Oberdan nasceu em Sorocaba (SP), onde foi caminhoneiro e quando viajava para a Capital costumava assistir os treinos do Palmeiras. Também participava de jogos de futebol nos campos da sua cidade natal.

Foi convidado para fazer testes no Corinthians, mas sua família não deixou. Todos disseram que se tivesse de jogar, seria no Palestra, pois o sangue que corria em suas veias tinha as cores verde, vermelha e branca, da bandeira da Itália.

Em 1940 conseguiu fazer o tão sonhado teste no Palestra. O então técnico Caetano de Domenico, arremessava a bola com as mãos. A primeira lançou no ângulo e Oberdan defendeu com apenas uma das mãos.

A seguir arremessou por cobertura e, com uma tapinha, o goleiro jogou a bola por cima. Na terceira o treinador lançou com força, esperando que ele devolvesse com um soco, como era tradicional. Mas Oberdan defendeu com uma só mão.

Ele foi o único aprovado entre os 16 jogadores que participaram do teste. Estreou no time principal em março de 1941, contra o Nacional. Um detalhe marcante, ele não usava luvas.

Em sua carreira atuou apenas por dois clubes o Palmeiras, onde conquistou a Copa Rio de 1951, o Torneio Rio-São Paulo de 1941, o Campeonato Paulista de 1940, 1942, 1944, 1947 e 1950 e a Taça Cidade de São Paulo, em 1945, 1946, 1950 e 1951, e o Juventus, no final de carreira. 

Por isso foi impedido de ganhar um busto no antigo Parque Antárctica, pois enfrentou o alviverde quando jogou pelo time da Mooca, em uma única partida.

Ele deixou o Palmeiras quando tinha 35 anos de idade. A Diretoria, presidida por Paschoal Giuliano, não o queria mais como camisa 1 e deram-lhe passe livre. Ele queria continuar no clube, fosse como treinador de goleiros, auxiliar de preparação física e até massagista, mas não queria sair do Parque Antárctica. O máximo que lhe ofereceram foi o cargo de cobrador de recibos dos sócios.

Sem escolha, foi jogar no Juventus. No Campeonato Paulista de 1954, defendeu seis dos sete pênaltis batidos contra ele. Lembrava de um especial contra o Corinthians, cobrado por Cláudio. Ele chutou no ângulo e Oberdan foi buscar com uma só mão.

Reza a lenda que ele é o autor da frase “Os corintianos são os rivais dos Palmeirenses; os são-paulinos, inimigos.” Mas ele sempre negou a autoria da frase.

Oberdan era conselheiro vitalício do Palmeiras e até pouco tempo antes de morrer, podia ser visto caminhando pelos arredores do Parque Antárctica. Em 2004 teve suas mãos esculpidas na Sala de Troféus do clube.

O também ex-goleiro Marcos, em um de seus últimos jogos coma camisa 1 do Palmeiras, homenageou Oberdan, posando para fotografias com um bigode igual ao do “Muralha”. O ex-goleiro usou o mesmo estilo de bigode e penteado até a morte.

Sabe-se que Oberdan queria estar vivo e presente na inauguração do novo estádio do Palmeiras, o que lamentavelmente não vai se concretizar. Ele tinha uma verdadeira paixão pelo clube alviverde e guardava em sua carteira recortes de jornais com fotos antigas, que costumava mostrar para os amigos.

O casamento de Oberdan foi na Sala de troféus do Palmeiras, em 1945. Na ocasião ele disse que ali era a sua casa, pois o Palmeiras era a sua vida.

Oberdan também jogou pela Seleção Brasileira em 1944 e 1945, participando da campanha que terminou com o vice do Campeonato Sul-Americano. O goleiro, porém, teve o seu sonho de atuar na Copa de 1950 frustrado pelo treinador Flávio Costa, que optou por Barbosa e Castilho, que jogavam no futebol carioca. Oberdan foi também Campeão Brasileiro de seleções em 1941 e 1942 pela seleção paulista. (Pesquisa: Nilo Dias)


segunda-feira, 16 de junho de 2014

A primeira Copa do Mundo

A Copa do Mundo de 2014, a segunda realizada no Brasil (a primeira foi em 1950), é a de número 20 desde que a competição teve início em 1930, no Uruguai. Já em sua fundação, no dia 21 de maio de 1904, a Fifa tinha a idéia de um torneio internacional de futebol, que reunisse todas as nações do mundo.

A entidade nasceu graças a quatro amigos entusiastas do futebol e que ambicionavam desenvolver o intercâmbio primeiro entre os países da Europa e depois do resto do mundo.

Os quatro amigos eram o advogado francês Ribert Guérin, o banqueiro holandês C.A. Hirschman, o industrial gráfico francês Henry Delaunay e o editor francês Jules Rimet.

A fundação da Fifa contou com representantes de sete países: França, Bélgica, Dinamarca, Holanda, Espanha, Suécia e Suíça. Em seguida, Alemanha, Áustria, Hungria e Itália também aderiram. Depois foi a vez da Inglaterra, país criador do futebol moderno.

Mas a idéia de um torneio mundial só se concretizou em 26 de maio de 1928, no Congresso da Fifa realizado em Amsterdã, na Holanda. E tudo graças ao francês Jules Rimet, que presidia a entidade que rege os destinos do futebol em todo o mundo. A proposta de um Campeonato Mundial teve 23 votos favoráveis e três contrários.

Em nova reunião ocorrida em setembro do mesmo ano, ficou decidido que o certame se realizaria de quatro em quatro anos, nos anos pares entre as Olimpíadas. E o primeiro torneio seria em 1930. 

O primeiro país a sediar uma Copa foi o Uruguai, graças aos esforços de seu embaixador, Enrique Buero, que apresentou como justificativa as comemorações do centenário da independência. E também porque o Uruguai era o campeão olímpico de 1924.

Em 1928 repetiu o feito, sagrando-se bi-campeão de futebol das Olimpíadas. A partir daí a Seleção Uruguaia passou a ser conhecida como “Celeste Olímpica”.

Antes da primeira Copa do Mundo o Campeonato Mundial de Futebol era considerado por muitos o torneio de futebol das Olimpíadas de Verão, disputados por duas vezes, em 1924 e 1928 e vencidos pelo Uruguai. Por isso, muitos uruguaios se consideram quatro vezes campeões mundiais, mesmo sem nenhum respaldo oficial da Fifa.

Em maio de 1929, no Congresso da Fifa, em Barcelona, na Espanha, o Uruguai foi confirmado como sede do Mundial de 1930, se comprometendo a construir um estádio e custeio das despesas de viagem e alimentação de todas as seleções.

O Estádio Centenário, principal palco da Copa do Mundo de 1930, ficou totalmente pronto somente após a abertura do torneio e ainda teve que ter a capacidade reduzida de 102 mil pessoas para 70 mil. Os primeiros jogos foram disputados nos dois outros estádios: Poncitos (capacidade de 8 mil pessoas) e Parque Central (capacidade 15 mil pessoas).

O gramado do Parque Central, onde foram disputados vários jogos da Copa do Mundo do Uruguai de 1930, foi vendido em pedaços devido a remodelação do estádio. A venda foi feita pelos diretores do Nacional, proprietário do estádio. O clube atendeu pedidos até da Espanha e dos Estados Unidos.

O campo foi fatiado em pedaços de 30 X 20 centímetros e 10 centímetros de espessura, com a possibilidade inclusive de manter o gramado vivo. Cada pedacinho, foi acompanhado de um certificado da entidade esportiva, e custou 30 pesos uruguaios (um dólar).

O meio-campo e as linhas dos gols foram as primeiras a atrair a atenção dos fãs do esporte. O dinheiro obtido foi destinado a cobrir parte dos custos do novo campo do Parque Central.

Como a Itália, que também queria sediar o torneio foi derrotada, diversos países europeus desistiram de tomar parte no torneio e não se inscreveram. Eles tinham vários motivos: o Uruguai era muito longe, o que exigiria duas semanas para ir e duas para voltar. 

Somando com os 20 dias de torneio, seriam dois meses sem os jogadores no país. E grande parte deles era ainda de amadores, o que significava que eles não podiam ficar tanto tempo longe dos empregos.

Mas o principal motivo era que os europeus tinham medo de ir para um lugar tão distante sem as benesses da civilização. Ninguém tinha muita idéia do que era a América do Sul naquela época.

Participaram do primeiro certame mundial França, Bélgica, Iugoslávia, Romênia, Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru, Brasil, México e Estados Unidos. Existe um boato de que a seleção americana tinha "enxertados" em seu grupo jogadores profissionais ingleses e escoceses.

A Inglaterra, apesar de ter perdido para a Espanha no ano anterior, continuava a ignorar a Fifa e a Copa, por se julgar muito acima dos outros times. Por razões óbvias não houve eliminatórias.

O navio que levou às seleções europeias ao Campeonato Mundial de 1930 chamava-se “Conte Verde”. Foi construído pela armadora italiana “Lloyd Sabaudo”, nos estaleiros de W. Beardmore & Co., de Glasgow, Escócia, e lançado ao mar em 1923, na linha entre Gênova e Buenos Aires.

Media 173,78 metros, pesava 18.383 toneladas e possuía duas chaminés e dois mastros. Seus camarotes tinham capacidade para 336 passageiros na primeira classe, 198 na segunda e 1.700 na terceira.

A 29 de Junho, o “Conte Verde” atracou no Rio de Janeiro, recebendo a bordo a sua quinta seleção, o Brasil. Seis dias depois, finalmente, a chegada a Montevidéu

O Brasil confirmou participação. E a contar dali é o único país que participou de todas as Copas do Mundo. Nesse primeiro torneio, o nosso país não teve força máxima, sendo representado apenas por jogadores cariocas, visto que uma disputa entre a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e a Federação Paulista, impediu a convocação de atletas de São Paulo.

Os paulistas queriam uma vaga na comissão técnica, enquanto os cariocas não abriam mão de ter os três cargos para eles. Jogadores de outros locais do país, nem ao menos foram lembrados.

A primeira fase do torneio era classificatória. Com 13 participantes, eles foram divididos em um grupo com quatro e dois outros com três. O vencedor de cada chave se classificava para as semifinais eliminatórias. Um total de 198 jogadores foram inscritos nessa Copa.

O Uruguai ganhou sua vaga com 1 X 0 sobre o Peru, na inauguração do Estádio Centenário, e depois 3 X 0 sobre a Romênia. A Argentina se classificou fazendo 1 X 0 sobre a França, 6 X 3 sobre o México e 3 X 1 sobre o Chile. Os americanos, com um time de jogadores de ligas semi profissionais que em breve desapareceriam, fez 3 X 0 sobre a Bélgica e sobre o Paraguai, e seguiu adiante.

O Brasil, mal preparado devido ao tempo que se perdeu discutindo, sob uma temperatura de dois graus centígrados, estreou contra os iugoslavos acostumados ao frio. Antes que os jogadores pudessem aquecer, já estavam perdendo por 2 X 0.

Somente se destacaram Fausto, "a Maravilha Negra", o nosso centromédio atacante, e "Preguinho", que marcou para a seleção aos 16 minutos do segundo tempo.

No jogo seguinte a Iugoslávia fez 4 X 0 na Bolívia e garantiu a vaga. Sobrou para a equipe brasileira golear a Bolívia também por 4 X 0 num jogo que não valia mais nada. O Brasil foi 6º colocado nesse certame.

A seleção brasileira jogava com camisas brancas. E foi com essa cor que os brasileiros enfrentaram a Bolívia, também vestida de branco durante longos 25 minutos, no seu segundo jogo na Copa do Uruguai, em Montevidéo. Isso até o juiz mandar a Bolívia trocar a cor do seu uniforme para evitar a óbvia confusão.

Os uruguaios arrasaram nas semifinais, goleando a Iugoslávia por 6 X 1, mesmo escore de Argentina X  Estados Unidos. Estava armada a reprise da final olímpica de 1928. O Uruguai saiu na frente, mas a Argentina virou para 2 X 1. O jogo acabou com 4 X 2 para o Uruguai, que se sagrou o primeiro campeão mundial de futebol. Stábile, da Argentina, foi o artilheiro do primeiro mundial, com 8 gols.

O artilheiro argentino, também jogou pela Seleção da França, depois da Copa de 30, e marcou quatro gols contra a Áustria. Ele jogou na Itália usando as camisas do Genoa e do Napoli, e na França pelo Red Star, onde encerrou a carreira.

Um dos fatos mais curiosos do mundial foi a decisão sobre qual bola seria utilizada na final. Os uruguaios exigiam que a escolhida fosse a bola de seu país, mais pesada do que a Argentina. O árbitro belga Langenus decidiu usar a Argentina na primeira etapa e a uruguaia na segunda.

O que pouca gente sabe é que o troféu destinado ao vencedor da Copa, antes de se chamar “Jules Rimet”, foi batizada de “Vitória das Asas de Ouro”, pois seu desenho tinha uma mulher com asas, representando “Nike”, a deusa da vitória na mitologia grega, segurando uma copa em formato octogonal.

Esse nome permaneceu nas Copas de 1930, 1934 e 1938, e somente em 1 de julho de 1946, quando de um congresso da entidade em Luxemburgo, recebeu a denominação de “Jules Rimet”, em homenagem ao idealizador do torneio, que completava 25 anos a frente da entidade maior do futebol mundial.

O esboço original da taça foi obra do próprio Jules Rimet. O autor do troféu foi o escultor francês Abel La Fleur, na época assistente de restaurador no Museu de Belas-Artes de Rodez. Seu custo total foi orçado em cinquenta mil francos, considerado uma grande soma na época.

A taça tinha 35 centímetros de altura e pesava 3,8 quilos. Na base, feita de uma pedra semi-preciosa chamada lápis-lazúli, havia uma placa de ouro em cada um dos quatro lados, na qual foram gravados o nome da taça e de cada vencedor entre 1930 e 1970, ano em que o Brasil a conquistou em definitivo, por ter-se sagrado campeão por três vezes.

Em dezembro de 1983 a taça foi roubada da sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e nunca mais foi encontrada. Segundo a investigação policial ela foi derretida pelos ladrões. 

A despeito do descuido patrimonial, e da falta de responsabilização (apuração e punição pelo descaso), a Fifa em 1986 ofereceu à CBF uma réplica, que ora encontra-se junto aos demais troféus da entidade .Essa não foi a primeira vez que a taça desapareceu, mas a última.

Durante a 2ª Guerra Mundial a taça estava na Itália, bi-campeã em 1934-1938. Para evitar que fosse confiscada, o dirigente italiano e vice-presidente da Fifa, Ottorino Barassi a escondeu dentro de uma caixa de sapatos, embaixo de sua cama. Com o fim do conflito ela foi devolvida.

No segundo desaparecimento, em 1966, a taça foi roubada da vitrine onde estava sendo exibida na Inglaterra.A Scotland Yard prendeu Edward Betchley, suspeito do roubo, três dias depois. Ele se recusou a colaborar com a investigação.

Entretanto um cão chamado “Pickles” encontrou a taça enrolada em jornais. O cão ficou famoso e seu dono, David Corbett, recebeu 5 mil liras e um convite para assistir os jogos da Seleção Inglesa.

O Regulamento da primeira Copa do Mundo não previa a disputa do terceiro lugar. A ideia foi sugerida pelo Comitê Organizador durante o desenrolar da competição.

Porém, a Iugoslávia, não quis decidir a posição com os Estados Unidos, pois seus dirigentes estavam irritados com o árbitro brasileiro Gilberto de Almeida Rego, que havia apitado a derrota dos europeus por 6 X 1 para o Uruguai. Na ocasião, um gol iugoslavo foi anulado e dois gols dos uruguaios, em impedimento, foram validados.

A bola usada na Copa de 1930 era de couro e costurada à mão, com uma câmara de borracha e um bico usado para enchê-la, que ficava dobrado e fechado com tiras de couro cru. O problema é que a bola ficava com um calombo, o que desviava a sua trajetória e ainda causava ferimentos nos jogadores. Alguns atletas usavam gorros forrados com jornal para poder cabecear.

O primeiro gol em uma Copa do Mundo foi marcado pelo jogador francês Lucien Laurent, aos 19 minutos do primeiro tempo, no jogo França 4 X 1 México.

O primeiro gol contra foi do zagueiro mexicano Manuel Rosas, ao desviar de cabeça um chute do chileno Subiabre, na vitória por 3 X 0 frente o México. Rosas também foi o primeiro atleta a marcar um gol de pênalti em Copas, no jogo em que a Argentina goleou o México 6 X 3.

Existe controvérsia sobre o primeiro gol contra da história das Copas. Há uma dúvida se Bert Patenaud teria feito os três (sendo assim o primeiro a fazer três gols num jogo de Copa), ou se Manuel Rosas teria feito o primeiro gol contra na história da competição.

O gol mais rápido foi de Adalbert Besu, para a Romênia, a 1 minuto do jogo Romênia 3 X 1 Peru. A média de gols por jogo foi de 3,89. O melhor ataque foi o da Argentina, com 18 gols. O total de público alcançou 434.500 espectadores, com média de 24.139 por jogo.

A primeira expulsão foi do peruano Galindo, na partida contra a Romênia. Aos 10 minutos do segundo tempo, o árbitro chileno Albert Walken mandou o jogador tomar banho mais cedo. Não havia cartão vermelho na época, que foi criado somente em 1968. Também não havia suspensão automática e Galindo atuou normalmente no jogo seguinte frente o Uruguai.

O jogador chileno, Carlos Vidal, entrou para a história das Copas ao ser o primeiro a perder um pênalti. O lance aconteceu aos 35 minutos do primeiro tempo, no jogo contra a França, na primeira fase do Mundial de 1930. Ainda assim, os chilenos venceram o jogo por 1 X 0.

Antes da partida entre as seleções do Uruguai e Bolívia, os bolivianos posaram para uma foto. Cada jogador segurava uma letra que formaria a inscrição: Viva o Uruguai! O curioso é que o terceiro "u" foi suprimido e a inscrição final que se lia era: "Viva o Urugay".

Nesse mesmo torneio, na partida disputada no dia 21 de julho, entre Uruguai e Romênia, no momento em que Anselmo marcava o terceiro gol para os donos da casa, o médico e o massagista uruguaios estavam dentro de campo atendendo um jogador.

O atacante Hector Castro, autor de um dos gols do Uruguai na vitória por 4 X 2 sobre a Argentina, na final da Copa, não tinha a mão direita. Por causa disso ficou conhecido como "Manco".

O atacante “Preguinho” foi o autor do primeiro gol brasileiro em Copas, na derrota por 2 X 1 para a Iugoslávia. Antes do futebol, "Preguinho" já havia praticado outros esportes, como natação e remo.

A Seleção da Copa, escolhida pela FIFA teve: Thépot (França) - Nasazzi (Uruguai) e Mascheroni (Uruguai) - Fausto (Brasil) - Scarone (Uruguai) e J. Evaristo (Argentina) - Peucelle (Argentina) - Stábile (Argentina) - Ferreyra (Argentina) e Iriarte (Uruguai). (Pesquisa: Nilo Dias)

Seleção Brasileira no desfile inaugural da Copa do Mundo de 1930. (Foto: Divulgação)

terça-feira, 10 de junho de 2014

Um "vovô" centenário

Há exatamente 100 anos o povo cearense ganhava um novo motivo para se apaixonar pelo futebol, pois, no dia 02 de junho de 1914, os jovens Luís Esteves Júnior e Pedro Freire tiveram a ideia de fundar um clube de futebol. Contando com o apoio de amigos o Rio Branco Foot-ball Club foi fundado e tinha como cores destaques o lilás e o branco.

No ano seguinte, após reunião, o Rio Branco mudou de nome e passou a se chamar Ceará Sporting Club, mudando também as suas cores, que passaram a ser preto e branco. De 1915 até 1919 os torcedores cearenses perceberam que o mais novo alvinegro da capital seria um grande clube no futuro, afinal, a equipe venceu cinco estaduais disputados e sagrou-se Pentacampeão. Era o surgimento do Ceará no cenário do futebol brasileiro.

Vencendo os campeonatos e conquistando cada vez mais torcedores, o Ceará ganhou um apelido. Segundo depoimento de Aníbal Câmara Bonfim, um dos fundadores do América Futebol Club, os meninos alvirrubros costumavam treinar no campo do Ceará. Nesta época, o presidente do Ceará, Meton de Alencar Pinto, de forma alegre, começou a tratá-los de “meus netinhos”. 

Ao encontrar com os garotos do América no campo alvinegro, Meton saía sempre com a mesma brincadeira: “Vamos, meus netinhos, vamos aprender bem para açoitar o Fortaleza. Mas respeitem o Vovô aqui”, desta forma, o Ceará passou a ser chamado também de Vovô ou Vozão.

Os anos se passavam e cada jogo do Ceará ficava marcado na história do clube... Foram muitos títulos, conquistados com suor, garra e determinação, afinal esses são os fatores principais para vestir a camisa do Vozão.

Além de 43 Campeonato Estaduais, o time conquistou o Torneio Norte-Nordeste de 1969, a Copa Verão de Recife de 1997, a Copa dos Campeões Cearenses 2014, além de ter chegado a algumas decisões importantes, fazendo com que a torcida alvinegra pudesse ser uma das maiores do país.

São cem anos de paixão, cem anos de amor, cem anos de muitas alegrias... Mas quem acha que o Ceará, agora clube centenário, está “velhinho” se engana. A história do maior clube do Estado continuará sendo escrita com muitas glórias e conquistas. Os torcedores ainda vão derramar muitas lágrimas, porém, a maioria delas será de emoção por conquistar os objetivos.

Hoje o dia é do Vozão! O dia é alvinegro, então, vista sua camisa, erga sua bandeira e mostre para todos que o seu amor pelo Ceará é tão grande quanto a linda história centenária do clube. (Fonte: http://cearasc.com/)

Parabéns pelos 100 anos, Ceará!

Saiba mais sobre o Ceará Sporting, acessando o endereço abaixo:

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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Os 100 anos do Americano de Campos

O Americano Futebol Clube, de Campos dos Goytacazes (RJ), é mais um clube centenário do futebol brasileiro. Foi fundado em 3 de maio de 1914. A idéia de se criar um novo clube na cidade nasceu depois que o América Foot Ball Club, do Rio de Janeiro, campeão carioca do ano anterior, esteve em Campos para enfrentar um combinado de jogadores locais.

O time campista foi convocado e escalado em uma reunião entre Luiz Pamplona, do Clube Esportivo Rio Branco, Nelson Póvoa, do Aliança, e Sinhô Campos, do Luso-Brasileiro, acontecida na residência de Zezé Póvoa, no centro da cidade. O selecionado perdeu por 3 X 1. Posteriormente, outro time formado pela Liga local foi goleado por 6 X 0.

Depois da partida o jogador americano Belfort Duarte, ao ter conhecimento da intenção de se fundar um novo clube na cidade, proferiu uma palestra no Hotel Internacional, quando sugeriu que se colocasse o nome de América nessa entidade.

Mas os irmãos Bertoni, uruguaios que jogavam no time carioca, e que ficaram em Campos por uns dias como convidados dos irmãos Pamplona, por sugestão deles o clube acabou se chamando Americano Futebol Clube, nome de um antigo time de São Paulo, onde eles haviam jogado e que fechou as portas sem nunca ter perdido um jogo. A ideia foi aprovada por unanimidade.

Na reunião acontecida na Joalheria dos irmãos Suppa, também foram escolhidas as cores da agremiação, que foram o preto e o branco em homenagem ao Clube de Regatas Saldanha da Gama, do qual todos os fundadores eram sócios. O Rio Branco, time que perdeu oito jogadores para o Americano, foi escolhido para ser o primeiro adversário oficial. A partida aconteceu dia 8 de maio e o Americano ganhou por 4 X 1.

Em 1920, com apenas seis anos de existência, o Americano foi campeão do primeiro Torneio Preparatório do Brasil e já tinha dois de seus jogadores convocados para a Seleção Brasileira: Soda e Mario Seixas. Ainda nesse ano, o clube campista enfrentou e venceu a Seleção do Uruguai, por 3 X 0. A “Celeste” viria a ser campeã olímpica dois anos depois.

Em 1921 o Americano jogou pela primeira vez frente o Flamengo, um dos chamados “grandes” do futebol carioca e perdeu por 5 X 0. Em 1930, o jogador do alvinegro campista, Policarpo Ribeiro, o “Poli”, foi convocado pela Seleção Brasileira, que disputou a Copa do Mundo do Uruguai. O jogador recebeu homenagem de placa no Hall Social do clube.

Em 14 de Julho de 1975, na reabertura do Estádio Godofredo Cruz, o Americano jogou contra a Seleção Brasileira de Amadores, registrando-se um empate em 1 X 1. O time de Campos jogou com: Paulão (Bodoque) - Nei Dias - Paulo César - Luís Alberto e Capetinha – Jairo - Didinho (Mundinho) e João Francisco - Luís Carlos - Chico Preto e Paulo Roberto (Wallace). Seleção de Amadores: Carlos - Carlos Alberto – Dick - Xará e Betinho – Celso - Aguillar (Éder) e Toninho Vanusa – Brida - Tião Marçal (Jarbas) e Da Silva.

A maior glória do Americano é sem sombra de dúvidas o inédito título de ênea-campeão campista e do interior do Rio de Janeiro. Foram nove títulos consecutivos por duas ocasiões. O jogo decisivo do Campeonato Campista de 1975, que garantiu as nove conquistas seguidas, foi realizado na noite de 17 de fevereiro de 1976, no Estádio Godofredo Cruz.

O Americano bateu o Goytacáz por 1 X 0, gol de Paulo Roberto, cobrando pênalti aos 40 minutos da etapa final. Foi a terceira partida da série melhor de quatro pontos que indicou o campeão de 1975.

A renda foi de Cr$ 115.055.00, com 8.125 pagantes. Foi juiz, com boa atuação, o carioca José Roberto Wright. Os dois times formaram assim: Americano: Dorival - Nei Dias – Luisinho - Luís Alberto e Capetinha – Ico - Russo e Rangel - Luís Carlos - Dionísio e Paulo Roberto. Goytacaz: Miguel – Totonho - Paulo Marcos - Nad e Júlio César - Ricardo Batata - Wílson Bispo e Naldo (Pontixeli) – Piscina - Tuquinha e Chico.

O Americano foi incluído no Campeonato Brasileiro de 1975, quando da fusão entre os Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara. Foi o primeiro clube de Campos e interior do novo Estado do Rio de Janeiro, a participar da competição. Em 25 de agosto de 1975, em sua estréia no “Brasileirão”, o Americano derrotou o Santos por 2 X 1.

O Americano venceu com: Dorival - Nei Dias - Mundinho (Luisinho) - Luís Alberto e Capetinha - Ico e Didinho - Luís Carlos – Rangel - Messias e Paulo Roberto. O Santos perdeu com: Joel – Tuca – Oberdan - Bianchi e Zé Carlos - Clodoaldo e Didi (Alceu) – Mazinho - Cláudio Adão - Toinzinho e Edu.

Arbitragem de Luís Carlos Félix, auxiliado por Paulo Antunes e Célio Couto. Renda de Cr$ 191.000,00 (14.307 pagantes). Em 15 de março de 1980, o Americano aplicou sua maior goleada em campeonatos brasileiros, ao derrotar o Botafogo Sport Club, de Salvador (BA)  por 7 X 0, na casa do adversário. A melhor participação do clube em Brasileiros foi a 27° colocação em 1978, entre 74 participantes.

O Americano disputou 32 vezes o Campeonato Brasileiro de Futebol, sendo sete na Série A, 20 na B e cinco na C. Foi campeão do Módulo Azul (1987), um dos dois módulos equivalentes à Série B; vice-campeão da Série B 1986 (vice-colocado do grupo. Não houve decisão oficial e o vice não é reconhecido pela CBF) e quarto colocado em três edições (1988, 1991, 1994).

O Americano é o maior vencedor do Campeonato Fluminense de Futebol, relativo ao Estado do Rio de Janeiro, antes da fusão e maior clube da cidade de Campos dos Goytacazes. O clube entrou no Campeonato Carioca em 1976, antes mesmo da fusão das federações carioca e fluminense. Em 1978, com a fusão dessas federações, voltou a disputar o Campeonato Fluminense. No Campeonato Carioca, sua melhor colocação foi o vice-campeonato de 2002, ano em que conquistou a Taça Guanabara (Primeiro Turno) e a Taça Rio (Segundo Turno).

Nos anos 80 o Americano excursionou pelo exterior. A mais importante delas aconteceu em 1981, quando jogou na Ásia e derrotou a Seleção da República da Coreia, conquistando a “Taça do Rei”.

Em 1984, o Americano ganhou da Seleção de Omã, por 1 X  0 e 4 X 1. Em outros confrontos perdeu de 1 X 0 para a Seleção de Tóquio; goleou a Seleção da Malásia por 4 X 0; perdeu para o Swansea, da Inglaterra por 2 X 0; nova derrota para a Seleção de Tóquio, dessa feita por 2 X 1; vitória sobre a Seleção de Dubai por 1 X 0; derrota de 2 X 1 para a Seleção dos Emirados Árabes; vitória de 1 X 0 sobre o Al-Nassr, e encerrando a excursão, vitória de 1 X 0 sobre a Seleção da Arábia Saudita. Ainda nos anos 80 o Americano derrotou a seleção de Camarões por 2 X 1.

Em 1987, representando o Estado do Rio de Janeiro no Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, sagrou-se campeão, numa final histórica contra a Seleção de São Paulo, que contava com cinco jogadores da Seleção Brasileira.

Um outro grande feito do Americano, foi ter derrotado o Vasco da Gama, em 1993, por 1 X 0, tirando do cruzmaltino uma invencibilidade de 32 jogos. Pelica, aos 47 minutos da primeira etapa, marcou o gol solitário da partida.

O maior rival do Americano é o Goytacaz, também de Campos. É conhecido como o Clássico Goyta-Cano, o de maior tradição e rivalidade no interior do estado do Rio de Janeiro. Em 155 jogos entre os dois, o Americano tem 51 vitórias e o Goytacaz, 55, com 49 empates.

Em 2009 o Americano jogou a Copa do Brasil, e fez um bonito papel. Eliminou o Santa Cruz Futebol Clube, do Recife, ganhando os dois jogos. Depois eliminou nos pênaltis, o Botafogo, do Rio de Janeiro. Acabou eliminado pela Ponte Preta, de Campinas.

Em 2010, o clube teve altos e baixos no Campeonato Fluminense. Em 2011, fez uma péssima Taça Guanabara, mas se recuperou na Taça Rio. Nesse ano, mesmo classificado para Série D do “Brasileirão”, a direção preferiu não disputar, em razão de dificuldades financeiras. Em 2012, foi rebaixado pela primeira vez para a Série B do Campeonato de Futebol do Estado do Rio de Janeiro.

O Americano manda os seus jogos no Estádio Godofredo Cruz, que tem capacidade para 25 mil espectadores. Em 2009, o estádio teve a capacidade reduzida para 9 mil pessoas pela Defesa Civil, por medida de segurança .

Títulos conquistados: Campeão Brasileiro da Série B: 1 - Módulo Azul (1987); Campeão Brasileiro de Seleções Estaduais, representando o Rio de Janeiro (1988); Campeão Fluminense (1954, 1964, 1965, 1968, 1969 e 1975); Campeão da Taça Guanabara (2002); Campeão da Taça Rio: (2002); Campeão do Troféu Moisés Mathias de Andrade (2009); Campeão do Interior (1985, 1986, 1987, 1988, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993); Campeão Campista (1915, 1919, 1921, 1922, 1923, 1925, 1930, 1934, 1935, 1939, 1944, 1946, 1947, 1950, 1954, 1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1974, 1975 e 1977); Campeão da Taça Cidade de Campos dos Goytacazes (???); Taça do Rei, na Coreia do Sul (1981); Torneio do Oriente Médio, nos Emirados Árabes Unidos (1994); Copa Integração Petrobrás, no Espirito Santo (2006); Vice-Campeão Brasileiro de Juniores (2000) e Vice-Campeão Brasileiro de Juvenis (1998).

Outros jogos internacionais em que o Americano participou: Vitória de 2 X 1 sobre a Seleção de Camarões; vitória de 3 X 1 sobre a Seleção de Angola e vitória de 4 X 0 sobre o Huracán Buceo, do Uruguai. (Pesquisa: Nilo Dias)

Foto: site "Terceiro Tempo", de Milton Neves)

sábado, 7 de junho de 2014

O futebol está de luto

O Ex-jogador do Internacional, de Porto Alegre, Fernando Lúcio da Costa, o “Fernandão”, de 36 anos de idade, morreu por volta de 1h30min da madrugada de hoje, na queda de um helicóptero “Esquilo”, na cidade goiana de Aruanã, próximo ao rio Araguaia.

As outras quatro pessoas que estavam a bordo da aeronave, também morreram: Edmílson de Sousa Leme, vereador de Palmeiras de Goiás, Bidó Antônio de Pádua, Lindomar Mendes Vieira, funcionário da fazenda e o piloto Milton Ananias, coronel da Polícia Militar de Goiás.

De acordo com dados da Polícia Civil, o helicóptero, que partiu da fazenda de Fernandão, foi encontrado em um banco de areia, aproximadamente às 4 horas da manhã, às margens do Rio Araguaia.

A área da tragédia fica 15 quilômetros do centro de Aruanã. A queda aconteceu no momento em que o helicóptero estava levantando voo e não chegou a explodir.

O Corpo dos Bombeiros não demorou a chegar ao local do acidente, de difícil acesso. O sargento Cristiano Oliveira notou que um dos passageiros, justamente Fernandão, apesar de muito ferido e inconsciente, ainda respirava com dificuldades. O ex-jogador foi o único a ser retirado do aparelho com vida, mas ao chegar no hospital não resistiu e morreu.

A Polícia Militar de Aruanã informou que o helicóptero atingiu o solo a cerca de 150 metros de uma praia de água doce, localizada a 20 quilômetros da cidade. Algumas pessoas estavam acampadas nas proximidades, visto que o local é um ponto turístico frequentado por moradores da região, a partir de junho, quando o nível de água do Araguaia diminui.

Fernandão nasceu em Goiânia e foi revelado pelo Goiás, mas foi no Internacional, de Porto Alegre que conheceu suas maiores glórias, ganhando títulos importantes como a Copa Libertadores da América e o Mundial Interclubes. Era o capitão e homem de confiança do técnico da equipe comandada por Abel Braga.

Ele defendeu o clube gaúcho por quase cinco anos e marcou gols importantes, como no jogo de sua estréia no “colorado”, no Gre-Nal do gol 1.000, de sua autoria. Fernandão esteve presente na festa de reabertura do Estádio Beira Rio, dia 5 de abril deste ano. Em 2006, ele e o então goleiro Clemer comandaram a festa do Mundial, cantando junto com um Beira-Rio lotado.

O último time em que jogou foi o São Paulo, em 2011. Ainda atuou pelo Olympique, de Marselha e Toulouse, na França, e o Al-Gharafa, no Catar. Também treinou o Internacional em 2012, e agora se preparava para comentar a Copa do Mundo pelo SporTV. Com a mulher Fernanda, o jogador teve dois filhos, Enzo e Eloá. Também é pai de Thayná, do primeiro casamento. (Pesquisa: Nilo Dias)

Saibam mais sobre Fernandão, acessando os endereços:

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Fernandão, com o troféu de campeão mundial de clubes, pelo Internacional. (Foto: Divulgação) 

domingo, 1 de junho de 2014

A morte de Marinho Chagas

Morreu na madrugada deste domingo em João Pessoa, na Paraíba, o ex-lateral esquerdo da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1974, na Alemanha, Marinho Chagas, aos 62 anos de idade. Ele estava desde ontem internado no Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa.

O ex-jogador, que morava em Natal (RN), estava na capital paraibana onde lançaria uma camisa retrô da Seleção Brasileira de 1974, na banca “Viña del Mar”, no Mag Shopping. Antes, participou de um encontro com colecionadores de figurinhas da Copa do Mundo, quando se sentiu mal e começou a vomitar sangue.

Foi imediatamente encaminhado para a Unidade de Pronto-Atendimento Oceania, onde os médicos diagnosticaram uma "hemorragia digestiva alta". Devido a dificuldade que os profissionais encontraram para estancar o quadro hemorrágico, ele foi transferido para o Hospital de Emergência e Trauma, mais bem equipado para esse tipo de procedimento.

Ao que se sabe os médicos colocaram um balão no estômago de Marinho Chagas, para que o sangramento estancasse o que não deu resultado. Com o estado de saúde se agravando cada vez mais, Marinho foi mantido sedado, mas por volta das 3 horas da madrugada não resistiu e morreu.

Segundo os médicos que o atenderam, o ex-jogador chegou a tomar mais de 10 bolsas de sangue, para repor a perda provocada pela hemorragia, o que não foi suficiente para reverter o quadro grave que se instalou. Marinho enfrentava uma batalha diária contra o alcoolismo, doença que possivelmente provocou os problemas que o levaram a morte.

No ano passado, chegou a passar 10 dias internado na UTI de um hospital de Natal, entre a vida e a morte, justamente por causa de uma hemorragia digestiva. Na época, ele prometeu parar de beber para estar vivo na Copa do Mundo do Brasil. Marinho Chagas sofria de hepatite C, bronquite, ácido úrico e hipertensão. Mas a sua maior doença parecia ter sido curada de vez.

O craque, que esteve próximo de perder o jogo contra o alcoolismo, fez um transplante de fígado e vivia relativamente bem de saúde. Quando jogava, Marinho não bebia, teve problemas com o álcool só depois de encerrar a carreira.

Ao longo da semana passada, contudo, estava bem. Nos dias que antecederam o evento, deu entrevistas, falou sobre Copa do Mundo e sobre o Botafogo, seu clube do coração.

O corpo de Marinho Chagas será velado no “Estádio Frasqueirão”, do ABC, em Natal, cidade onde nasceu. O sepultamento está previsto para as 9h da manhã de segunda-feira (2) no cemitério “Morada da Paz”, em Emaús, bairro de Parnamirim, na capital potiguar.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou uma nota oficial assinada pelo presidente José Maria Marin, lamentando a morte do ex-jogador da Seleção Brasileira.

Em razão das mortes de Marinho Chagas e do apresentador Maurício Torres, da TV Record, a CBF determinou que todos os jogos do Campeonato Brasileiro de hoje, fossem precedidos de um minuto de silêncio.

O presidente da Fifa, Joseph Blatter, também lamentou a morte de Marinho Chagas. O dirigente se manifestou através de uma rede social na tarde deste domingo. "Muito triste com a morte trágica do ex-jogador de Seleção, Marinho Chagas. Descanse em paz", postou Blatter em seu perfil no Twitter.

Em João Pessoa, Marinho participou do programa “Globo Esporte”, na TV Cabo Branco, quando disse estar confiante na conquista do hexa e pediu ao povo que desse uma trégua nos protestos durante a Copa do Mundo.

Durante a entrevista, Marinho fez uma revelação curiosa: a estreia dele como profissional foi na Paraíba, em 1970. E jogando em Sousa. Foi pelo ABC.O time viajou num “pau-de-arara”e enfrentou a Sociedade. O campo era pequeno e a torcida ficava muito próxima

Francisco das Chagas Marinho, esse seu nome completo, nasceu em 8 de fevereiro de 1952, em Natal. Começou a carreira no Riachuelo, clube da Grande Natal. Depois foi para o ABC e América, ambos de Natal e Náutico, de Recife (PE). Mas ganhou destaque no Botafogo, do Rio de Janeiro, com atuações que o levaram até à seleção brasileira. Pelo scratch nacional jogou 36 partidas entre 1973 e 1977.

Sua estreía no clube da “Estrela Solitária” deu-se num jogo contra o Santos de Pelé. E Marinho contava que logo no primeiro lance roubou a bola do Pelé e deu um lençol nele. No seguinte, tocou a bola entre as pernas do “Rei”, que ficou muito incomodado com isso. No final do jogo Marinho se desculpou..

Na Copa do Mundo de 1974 foi considerado o melhor jogador da competição e escreveu seu nome na galeria dos grandes laterais esquerdos do país, ao lado de Nilton Santos, Júnior, Branco e Roberto Carlos.

Naquele Mundial, ganhou notoriedade ao encarar o goleiro Leão, que tinha fama de brigão, e o culpou pelo gol da Polônia que tirou da seleção o terceiro lugar.

Depois da Copa de 1974 vestiu as camisas de Fluminense, São Paulo, Bangu, Fortaleza, voltou ao América, de Natal, e teve duas passagens por clubes dos Estados Unidos, tendo jogado no NY Cosmos, onde atuou ao lado de Franz Beckenbauer, Johan Cruyff, Pelé e Carlos Alberto. Ainda atuou no Fort Lauderdale Strikers e no LA Heat.

Também defendeu o alemão Harlekin Augsburg, seu último time como jogador, em 1988. Como treinador, comandou apenas o Alecrim, de Natal.

Dono de um chute muito forte era chamado pelos torcedores potiguares de “Canhão do Nordeste”. No Botafogo marcou muitos gols cobrando faltas. Outro apelido que ganhou na carreira foi de "Bruxa".

Marinho Chagas tinha longos cabelos louros que balançavam ao vento à medida que dava velocidade às jogadas. Pinta de playboy usava uma pulseirinha preta no pulso.

O ex-lateral esquerdo foi um jogador polêmico, dentro e fora de campo. Mas inegavelmente estava a frente de seu tempo, já que costumava apoiar o ataque com avançadas rapidadas até o lado adversário, caracteristicas de um ala no futebol moderno. Mas por causa disso, os adversários diziam que ele deixava uma verdadeira "Avenida Marinho Chagas".

O que poucos sabem, é que a famosa e polêmica "paradinha", já banida do futebol recentemente, foi criada por Marinho Chagas nos anos 70, quando de uma excursão do Fluminense à Europa. E ele contava como se deu o lance, que acabou inspirando jogada executada nos últimos anos pelo chileno Valdivia.

Foi na Espanha. Marinho, ao cobrar um pênalti, deu um giro de 360 graus, jogou a perna para o lado e chutou o vento. O goleiro caiu e ele só encostou a bola para a rede. Os espanhóis ficaram boquiabertos, sem saber como ele tinha feito aquilo.

Nessa mesma excursão, Marinho Chagas se vangloriava de ter feito uma de suas maiores conquistas amorosas, ao namorar com uma “princesa de Mônaco”.

Dizia que naqueles tempos era bonito e sarado, loirão de olhos verdes. A princesinha teria ficado doida quando o viu numa festa com o pessoal do time. Marinho dançou com ela a noite toda e a beijou várias vezes. Não foi além disso, porque o time viajaria na manhã seguinte.

Marinho Chagas era considerado uma espécie de David Beckham dos anos 70 e 80. Gostava de vestir roupas espalhafatosas, cordões de ouro e carrões de marca eram constantes em sua carreira. E isso lhe rendeu mais uma boa história. Dessa vez com um Mercedes-Benz conversível.

Estava caminhando na rua de um país europeu e passou na frente de uma loja. Quando viu aquele carro, não conseguiu se controlar. Alugou o "bicho" e foi direto para o hotel onde o time estava hospedado.

Chegando lá, todo mundo o chamou de maluco, inclusive o Paulo Cezar Caju. Foi muito engraçado, porque o presidente do Fluminense, Francisco Horta, pegou carona com ele.

Marinho guardava uma mágoa, de não ter sido convocado para as Copas do Mundo de 1978 e 1982. Ele achava que ainda era o melhor lateral-esquerdo do país e estava no auge da carreira. Lembra que o técnico Claudio Coutinho também não levou Falcão e Paulo Cezar Caju. “Deu no que deu”, dizia.

Marinho, que atualmente era comentarista esportivo da Band Natal, emissora do Grupo Bandeirantes de Comunicação, e ocupante de  cargo comissionado na Prefeitura de Natal, havia sido nomeado o ano passado, pela então prefeita da cidade, Micarla de Sousa, embaixador da Copa do Mundo 2014 na capital potiguar.

O ex-jogador foi homenageado diversas vezes pelo Estado do Rio Grande do Norte. A última delas foi uma estátua sua de sete metros de altura, feita pelo artista plástico Guaraci Gabriel, que foi colocada entre as decorações da cidade do Natal para a Copa do Mundo. Antes, em fevereiro, já tinha sido homenageado com uma marchinha de Carnaval pelo bloco “Jegue Empacado”.

Títulos conquistados. ABC: Campeão Potiguar (1970); São Paulo: Campeão Paulista (1981); Fluminense: Campeão do Troféu Teresa Herrera – Espanha (1977); Seleção Brasileira: Campeão do Torneio Bi-centenário dos Estados Unidos (1976); Prêmios individuais: Bola de Prata – Revista Placar (1972, 1973 e 1981; 2º Maior Futebolista Sul-Americano do ano (1974) e Melhor Jogador da Copa do Mundo da Alemanha (1974). (Pesquisa: Nilo Dias)