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segunda-feira, 28 de julho de 2014

O futebol de Sergipe

O Estado de Sergipe não figura entre os principais centros futebolísticos do país, o que não invalida que se mostre a sua história, recheada de fatos interessantes.  Ao que se sabe, o major Crispim Ferreira, que servia no 26º Batalhão de Infantaria, com sede em Aracaju, foi o primeiro personagem a proporcionar uma apresentação do chamado “esporte bretão”, na capital do Estado.

Isso teria ocorrido em setembro de 1907, quando ele reuniu soldados e recrutas da unidade para um jogo de futebol no improvisado campo da “Praça Valadão”, que se localizava frente o Quartel. Não se tem registros históricos do que aconteceu depois disso.

Em 1909, Mário Lins de Carvalho, um menino de 17 anos de idade, natural da cidade interiorana de Lagarto, regressou de Salvador, onde morou por três anos. Junto com ele veio o desejo de fundar um clube de futebol em Aracaju. Para tal, convidou o amigo Carlos Baptista Bittencourt. Os dois passaram a buscar outros interessados na idéia.

Tempos depois, com um seleto grupo de jovens entusiastas pelo esporte inventado pelos ingleses, promoveram uma reunião na casa de Bittencourt, na rua de Maruim e fundaram o "Sport Club Lux", nome que teve curta duração, sendo em seguida mudado para "Club do Football Sergipano", com as cores vermelha e branca.

A primeira sede foi na residência de um dos fundadores, João Rocha, na rua Laranjeiras, 123. Os primeiros treinos se realizaram na Praça do Palácio, atual Fausto Cardoso.

Essa agremiação, no entanto, não participou do primeiro campeonato de futebol em Sergipe, que só foi realizado em 1918, organizada pela "Liga Desportiva Sergipana". Tomaram parte na competição apenas quatro equipes: Cotinguiba, 41° Batalhão F.C., Sergipe e Industrial. O Continguiba foi o campeão, ganhando do Sergipe por 2 X 0 no jogo final. No ano seguinte não houve campeonato.

De 1920 a 1948 os jogos de futebol em Aracaju foram realizados no “Estádio Adolpho Rolemberg", na época uma das melhores praças esportivas das regiões Norte e Nordeste. Em 1927 surgiu a "Liga Sergipana de Esportes Atléticos", com apenas três clubes filiados: Associação Atlética, América e Palmeiras, dividindo o futebol estadual em duas organizações.

A outra era a antiga “Liga Desportiva Sergipana”, fundada em 10 de novembro de 1926, com quatro filiados: Sergipe, Brasil, Cotinguiba e Aracaju. Em 1928 a nova “Liga Sergipana de Esportes Atléticos”, que estava muito bem organizada, recebeu mais oito filiações: Vasco, Guarani, Paulistano, Palestra, Vitório, Siqueira Campos, 13 de Julho e ETEA, tomando conta do futebol no Estado, o que fez com que a sua antagonista fechasse as portas.

A partir de 10 de novembro de 1941 mudou a denominação para “Federação Sergipana de Desportos”, e por decisão da Assembléia Geral Extraordinária realizada em 20 de janeiro de 1976, para “Federação Sergipana de Futebol”, que permanece até hoje.

Em 1936 o campeonato passou a contar também com clubes do interior do Estado. O primeiro a disputar foi o Ipiranga, de Maruím. Em 1939, dividiu-se o certame em duas divisões, a do “Interior”, com quatro equipes, Ipiranga, Riachuelo, Socialista e Laranjeiras e a da “Capital”.

O Ipiranga foi campeão do “Interior” e o Sergipe, da “Capital”. O título foi decidido em melhor de três jogos, sistema que perdurou até 1958. O Sergipe levou a melhor e levantou a taça, depois de vencer o jogo final na prorrogação, por 2 X 0.

Mas o Ipiranga, descontente com o resultado, entrou com recurso na Liga, alegando que o adversário incluiu o jogador Renato Vieira, em condição irregular, pois estava inscrito na liga Paulista. Com isso, o Ipiranga foi proclamado campeão estadual.

Em 1959 foi testada uma fórmula que dividia o campeonato em três zonas: Leste, com clubes da Capital, Norte, Sul e Centro. Depois, os cinco melhores de Aracaju juntaram-se aos campeões das zonas do interior e decidiram o campeonato em dois turnos. Já em 1960 foi disputado o primeiro campeonato de profissionais do Estado.

Inaugurado em junho de 1969, o “Estádio Batistão", com capacidade para 25 mil pessoas, dveria ser responsável por uma nova era no futebol sergipano. Mas não foi o que aconteceu, visto que a média de público na nova praça de esportes, não passou de oito mil expectadores pagantes por jogo.

Em 1980 foi instituído o “Acesso” e “Descenso”, numa tentativa de deixar os campeonatos mais atraentes.

Os principais clubes do Estado são Club Sportivo Sergipe e Associação Desportiva Confiança, ambos de Aracaju. Eles realizam o maior clássico sergipano, que é conhecido por “Derby”. Nas 91 edições já realizadas do Campeonato Estadual, os dois somam 51 conquistas, 33 do Sergipe e 18 do Confiança.

Outro clube de tradição é a Associação Olímpica de Itabaiana, que já foi campeã do Estado em 10 oportunidades, sendo a maior força do futebol interiorano. É também detentora da maior conquista do futebol sergipano em todos os tempos, o Campeonato do Nordeste de 1971.

Outras equipes com certa tradição e que buscam espaço novamente, são o Esporte Clube Propriá, o Cotinguiba Esporte Clube, ambos centenários e o Centro Sportivo Maruinense. Agremiações mais novas como o São Domingos F.C. e S.E. River Plate, estão conseguindo certa visibilidade a nível nacional.

O futebol sergipano não tem sido um bom celeiro para o futebol brasileiro. Seu maior idolo atualmente é o goleiro-artilheiro Márcio Luiz Silva Lopes Santos Souza, do Atlético Clube Goianiense que disputou este ano a Série B do Campeonato Brasileiro.

Também merecem destaque os garotos Victor Andrade e Geuvânio, integrantes do novo time do Santos F.C. E o artilheiro Diego Costa, do Atlético, de Madrid e da Seleção Espanhola, que nasceu em Lagarto.

No passado foram destaques os jogadores Onça, zagueiro que jogou no Flamengo, do Rio de Janeiro e Sandoval, meia que defendeu São Paulo, Internacional e Atlético Paranaense. (Pesquisa: Nilo Dias)


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