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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A morte do "Bode Atômico"

Morreu hoje no Rio de Janeiro, onde residia, o ex-jogador de futebol Carlos Dionísio de Brito, ou simplesmente Dionisio, atacante que fez história jogando pelo Flamengo entre os anos de 1967 e 1972. Ele tinha 66 anos de idade, e foi encontrado morto por sua esposa.

A bandeira do clube foi hasteada a meio mastro na sede da Gávea, em sinal de luto. E a noite, no jogo São Paulo X Flamengo, no Morumbi, foi respeitado um minuto de silêncio em memória do ex-jogador.

Era matogrossense de Corumbá, onde nasceu no dia 9 de julho de 1947. Era casado, pai de dois filhos e tinha dois netos. Depois de deixar os gramados, trabalhou por muito tempo no Flamengo, realizando peneiras direcionadas à descoberta de novos talentos.

Dionisio vestiu a camisa rubro-negra em 164 jogos, contabilizando 75 vitórias, 50 empates, 39 derrotas e 60 gols marcados. No final da carreira jogou pelo Fluminense, Bahia, Grêmio, Sampaio Corrêa e Americano, de Campos (RJ), onde encerrou a carreira.

Pelo tricolor das Laranjeiras disputou 58 jogos e marcou 34 gols. Ajudou o Fluminense a sagrar-se campeão carioca de 1973, justamente em cima do Flamengo, com vitória de 4 X 2 e dois gols de sua autoria.

Mesmo não sendo um jogador de estatura elevada, Dionisio era dono de uma grande impulsão. Tinha enorme facilidade para ganhar no alto dos goleiros e cabeçeava muito forte. Por conta disso, recebeu o apelido de "Bode Atômico".

Em 1966, os torcedores do Flamengo começaram a acompanhar os jogos do time juvenil, só para ver em ação um atacante de 20 anos, oriundo do Mato Grosso, que fazia gols em série. Tratava-se de Dionisio, visto como esperança para o ano vindouro. Na temporada, havia marcado 26 gols, quase todas em bolas aéreas, sendo o artilheiro do certame da categoria.

O Flamengo havia montado um timaço de juvenis. A linha de atacantes era constituida de Zequinha, Dionísio, Luís Carlos e Arílson. Dionisio chegou no time de cima, mas teve uma trajetória acidentada por contusões, o que não o impediu de ser artilheiro e campeão.

Dionísio fez no time juvenil mais gols de cabeça, que Paulo Borges, do Bangu, artilheiro do campeonato principal de 1966, fez com os pés. Não demorou para virar ídolo na Gávea e atraiu a atenção da imprensa, o que contribuiu para sua rápida ascensão ao time de cima no ano seguinte.

Em maio de 1967, a “Revista dos Esportes” publicou matéria em que apontava alguns jogadores como promessas de recuperação do futebol brasileiro, caido no descrédito depois do fracasso na Copa do Mundo da Inglaterra, um ano antes.

Entre esses jogadores estava Dionisio, ao lado de Rivelino, Wilson Piazza, Dirceu Lopes, Paulo Cesar (ainda sem Z e sem o Caju), Edu, irmão de Zico, Everaldo, Leivinha, Cesar, Raul e Afonsinho.

Não começou como titular, ficando quase sempre no banco de reservas do Flamengo, de onde saia para balançar as redes adversárias. Em 1967 marcou 8 gols de cabeça, apesar de sua baixa estatura, apenas 1.73 metro. Sua impulsão era comparada a de Pelé.

Dionísio passou a ser lembrado como um dos prováveis convocados para a Copa de 1970, junto de Rivelino, então uma revelação no Corinthians. E houve uma coincidência histórica entre os dois: os apelidos quase semelhantes, dados pela imprensa. Rivelino era o “Patada Atômica” e Dionisio o “Bode Atômico”. (Pesquisa: Nilo Dias)


Dionísio, ex-jogador do Flamengo, morreu aos 66 anos. (Foto: Daniel Castelo) Branco