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sexta-feira, 17 de outubro de 2014

O Capitão América

Héctor Eduardo Chumpitaz González, ou simplesmente Chumpitaz, foi um dos cinco jogadores mais importantes do futebol peruano, em todos os tempos. Também foi o jogador que mais vezes vestiu a camisa da Seleção de seu país, 105 partidas.

Foi reconhecido como “o grande capitão” do scratch peruano, devido à sua humildade, grandeza como atleta e amor à camisa e considerado pela Fifa um dos melhores defensores do século XX.

Chumpitaz nasceu no dia 12 de abril de 1944, na Fazenda Santa Bárbara, distrito de San Luis, na Provincia de Cañete, situada no Departamento de Lima, na Zona Central do Peru.

Sua infância e adolescência transcorreu na Fazenda Chacra Cerro, localizada nas imediações da avenida Trapiche, em Comas, onde se plantava algodão e se confeccionavam produtos de vestuário. Trabalhou na “Chancadora de Collique”, lugar onde eram extraídas enormes rochas, que eram trituradas e transformadas em pedras.

Nos fins de semana, aproveitava as folgas para jogar futebol. Como era bastante alto, não teve dificuldades para ser titular do “Once Amigos”, a equipe mais antiga de Comas. Em 1963, quando tinha 19 anos, jogou pelo “Unidad Vecinal”, uma  equipe da Segunda Divisão peruana.

Começou a carreira nas categorias de base do Universitário. Depois foi para o Deportivo Municipal, onde a qualidade para enfrentar atacantes mais avantajados fisicamente valeu a ele o reconhecimento.

Jogou pela primeira vez a Primeira Divisão do Perú em 1964, pelo Deportivo Municipal, equipe em que esteve até 1965, quando se transferiu para o Universitário de Deportes, clube que defendeu por 10 anos e onde ganhou cinco campeonatos nacionais (1966, 1967, 1969, 1971 e 1974) e foi vice-campeão da Copa Libertadores de 1972.

Depois foi para o México, onde defendeu o Atlas, de Guadalajara. No regresso ao Peru, jogou pelo Sporting Cristal, onde ficou até 1983. No Sporting Cristal, conquistou mais três titulos nacionais (1979, 1980 e 1983).

Em outubro de 1973, participou do “Jogo das Estrelas”, disputado em Barcelona, entre equipes representativas da América do Sul e da Europa. Estiveram em campo monstros sagrados do futebol da época, como Johan Cruyff, Franz Beckenbauer, Roberto Rivelino e Teófilo Cubillas.

Chumpitaz foi o capitão da equipe sul-americana, o que lhe valeu o apelido de “Capitão América”. Os europeus ganhavam por 4 X 3, até faltarem 10 minutos para o término do jogo, quando Chumpitaz fez o gol de empate. Na decisão por pênaltis, os sulamericanos venceram por 7 X 6.

Chumpitaz deixou os gramados em 1984, passando a atuar como treinador, tendo dirigido as equipes peruanas do Unión Huaral (1984), Sporting Cristal (1985 – 1986) e Deportivo AELU (1991).

Hoje, continua envolvido com o futebol, dirigindo sua Escolinha de Futebol. Em 23 de agosto de 2010, foi convidado para ser assistente técnico de José Guillermo del Solar, junto a José Luis Carranza, com quem comandou a equipe do Universitario de Deportes.

Chumpitaz foi durante quase 20 anos o capitão e grande baluarte defensivo da Seleção Peruana, que ganhou a Copa América de 1975 e chegou as quartas de finais das Copas do Mundo de 1970, no México e 1978, na Argentina.

Vestiu a camisa da Seleção de seu país por 105 oportunidades e marcou cinco gols. Debutou no selecionado em abril de 1965, num jogo amistoso contra a Seleção do Paraguai, que terminou om a vitória guarani por 1 X 0. Foi o jogador peruano com mais participações em eliminatorias para a Copa do Mundo, cinco vezez: 1966, 1970, 1974, 1978 e 1982.

Em 16 de maio de 1965, participou de sua primeira eliminatória para um Mundial de Futebol, quando o Peru, ao vencer a Venezuela por 1 X 0, se classificou para o campeonato da Inglaterra de 1966. No primeiro jogo, em Caracas, os peruanos já haviam vencido por 6 X 3.

Teve atuação destacada no jogo em que os peruanos eliminaram à Argentina na fase de classificação para a Copa do Mundo de 1970. Na primeira partida, Chumpitaz foi perfeito, na vitória de 1 X 0 sobre os porteños. No segundo jogo, dia 31 de agosto de 1969, na Bombonera, em Buenos Aires, empate em 2 X 2.

Na Copa do México, em 1970, Chumpitaz marcou o segundo gol peruano, na vitória de 3 X 2 sobre a Bulgária, em jogo realizado na cidade de León, com a sua seleção avançando para as quartas de final, quando foi eliminada pelo Brasil de Pelé, por 4 X 2, em Guadalajara.

Em 1975 os peruanos foram vencedores da Copa América. Depois, no Mundial de 1978, chegaram novamente as quartas de final, sendo eliminados pela Argentina, num dos jogos mis polêmicos da história dos mundiais.

Chumpitaz ocupa a 36ª posição no ranking de “Melhor Jogador Sulamericano do Século XX, de acordo com publicação da Federação Internacional de História e Estatística de Futebol, em 2004. Com 65 gols em 456 jogos, é um dos grandes goleadores da América do Sul, jogando na defesa. Está entre os 50 maiores goleadores da história da Primeira Divisão peruana.

Em 24 de julho de 1967, contraiu matrimônio na Paróquia de Nossa senhora das Vitórias, com María Esther Dulanto, com quem tem quatro filhos: Héctor Gustavo, Héctor Eleazar, María Liliana e Dante Eduardo.

Depois que deixou os gramados, continuou sendo uma figura pública. Em 3 de dezembro de 2004, foi condenado a dois anos de prisão, acusado de ter recebido 30.000 dólares americanos de Vladimiro Montesinos, supostamente ligado ao ex-ministro Juan Carlos Hurtado Mille, quando este buscava ser alcaide de Lima, em 1998, durante o governo do presidente Alberto Fujimori.

Chumpitaz recorreu da sentença e em 8 de abril de 2005, a Corte Suprema da Justiça do Perú, declarou nula a sentença. (Pesquisa: Nilo Dias)