Boa parte de um vasto material recolhido em muitos anos de pesquisas está disponível nesta página para todos os que se interessam em conhecer o futebol e outros esportes a fundo.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Hector Silva, o "Montonero"

O uruguaio Carlos Héctor Silva, também conhecido por “Lito” foi um meio campista habilidoso, que atuava pelos dois lados do campo com facilidade. Era um especialista em encontrar espaços e lançar os ponteiros em profundidade. Mas também sabia fazer gols. Foi fruto da ótima safra de jogadores uruguaios que surgiram nos anos 60.

Ele nasceu na cidade de Montevidéu, no dia 1 de fevereiro de 1940.  Começou a carreira em 1954 no Canillitas, de Payssandu, quando jogava como atacante. Dali se transferiu para o Danúbio em 1956, quando tinha apenas 16 anos, tendo disputado o Campeonato Uruguaio da Primeira Divisão, naquele ano.

Em 1963 o Penãrol o contratou, tendo sido campeão nacional em 1964, 1965 e 1967, além de ter vencido a Libertadores e o Mundial de Clubes de 1966. Marcou época no clube amarelo e preto.

Em 1970, devido sua experiência em disputas internacionais, o meio campista foi contratado pelo Palmeiras, com intermediação do famoso empresário Juan Figger. O “verdão” buscava formar um elenco forte, pois objetivava fazer uma boa campanha na Taça de Prata daquele ano.

No alviverde ele foi peça importante de uma linha ofensiva que tinha Edu Bala, Cesar Maluco, Ademir da Guia e o ponteiro esquerdo Pio. O clube foi vice-campeão e garantiu o direito de participar da Taça Libertadora da América de 1971, quando foi eliminado pelo Nacional, de Montevidéu.

Depois o Palmeiras contratou o novato e talentoso jogador Leivinha, vindo da Portuguesa de Desportos. Com isso Héctor Silva perdeu espaço e foi negociado com a equipe “lusa”. Leivinha se tornou ídolo dos palmeirenses.

Os números de Hector Silva pelo Palmeiras entre os anos de 1970 e 1971 mostram que ele jogou 80 partidas, com 47 vitórias, 23 empates e 10 derrotas, tendo marcado 16 gols. Os registros foram publicados no Almanaque do Palmeiras, dos autores Celso Dario Unzelte e Mário Sérgio Venditti.

Do Palmeiras foi para a Portuguesa de Desportos, onde a má sorte o perseguiu. Em um de seus primeiros coletivos no time “luso” sofreu uma contusão no tendão de Aquiles em um choque involuntário com o companheiro Dárcio.

Avaliado de maneira preliminar pelo Departamento Médico, foi submetido a uma série de infiltrações que acabaram por agravar o seu estado atlético. Para piorar, foi acusado de simular uma contusão inexistente durante seis meses.

Sua passagem pela Portuguesa terminou em setembro de 1972, depois de um jogo em que seu time perdeu por 1 X 0 para o Santa Cruz, de Recife, no estádio do Parque Antártica.

Logo após o jogo, o presidente do clube, Oswaldo Teixeira Duarte, resolveu afastar seis jogadores do time, Piau, Lorico, Marinho, Samarone e Ratinho, além do próprio Héctor Silva, naquilo que ficou conhecido como a “Noite do Galo Bravo”. O jogador foi vitima de um rompimento contratual puramente emocional e absurdo.

Humilhado e dispensado, Héctor viajou por sua conta até Buenos Aires para fazer uma consulta com o renomado ortopedista argentino, doutor Balbier, um dos mais famosos daquela época.

O médico diagnosticou que ele tinha uma distensão no tendão. Foi operado e retornou para São Paulo em abril de 1973, quando fez questão de mostrar suas cicatrizes aos dirigentes da Portuguesa, que por questões morais alegaram que não poderiam voltar atrás.

A situação de Hector Silva ficou bastante complicada. Desempregado, teve de deixar os gramados para trabalhar no Departamento Comercial de uma importadora de equipamentos para aquecimento de gás, na Rua Aurora, em São Paulo.

Em 1974 voltou para o Uruguai e ao Danúbio, clube onde começou sua trajetória profissional e encerrou a carreira. Pela seleção uruguaia, Héctor Silva disputou a Copa do Mundo no Chile, em 1962, e na Inglaterra, em 1966. Jogou ao lado de um ídolo, Pedro Rocha. Além disso, ganhou o Sul-Americano Juvenil em 1958, vestindo a camisa celeste. 

Quando de sua passagem pelo Brasil, o uruguaio ganhou o apelido de “Montonero”, uma alusão aos terroristas argentinos que praticavam atentados a bomba na América do Sul. Mas Hector não gostou nem um pouco da brincadeira.

Pela seleção uruguaia, Héctor Silva disputou às Copas do Mundo do Chile, em 1962, e da Inglaterra, em 1966.

Hector Silva faleceu no dia 30 de agosto de 2015, um domingo, aos 75 anos, vítima de um infarto fulminante. Ele morava em Montevidéu com a esposa. (Pesquisa: Nilo Dias)

 Hector Silva, quando jogava no Peñarol. (Foto: Divulgação)