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quinta-feira, 10 de março de 2016

A morte do "Marechal da zaga"

Morreu hoje, 10, o ex-zagueiro argentino Roberto Perfume, de 73 anos. Ele sofreu uma queda de uma escada, quando se encontrava no Resultante Carleto, no bairro de Puerto Madero, na noite anterior.

Todas as quartas-feiras, após gravar seu comentário, Perfumo costumava reunir-se com amigos no restaurante em pauta. O ex-zagueiro foi levado às pressas ao Hospital Argerich, onde foi detectado um traumatismo craniano e lesões no quadril.

Existe a suspeita de que antes da queda, Perfumo tenha sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC). O estado de saúde do "Marechal", como era conhecido na Argentina, era grave, por isso foi transferido para o Sanatório Los Arcos, onde ficou internado durante o dia.

O diretor do Sistema de Atendimento Médico de Emergências (Same), Alberto Crescenti, detalhou que o 'Marechal' sofreu a queda às 2h26min, mesmo horário de Brasília.

Roberto Perfumo nasceu na cidade argentina de Sarandí, no dia 3 de outubro de 1942. Desde cedo tentou ser jogador de futebol, mas não teve sucesso. Começou a carreira em 1957, no time do “Pulqui”, no mesmo bairro onde morava.

No ano de 1960, tentou ser aprovado nas categorias de base do River Plate. No entanto, não foi aproveitado em virtude de avaliações equivocadas e um tanto precipitadas dos responsáveis pelas divisões inferiores na época.

Logo depois, no Racing, conseguiu finalmente realizar o seu sonho. Fez sua estréia entre os profissionais em janeiro de 1964, jogando inicialmente na posição de volante. Depois, foi deslocado para o miolo de zaga. Nesse clube foi campeão argentino, da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes.

Ele permaneceu no Racing até 1970, sempre como capitão da equipe. Em 1971 foi para o Cruzeiro, de Belo Horizonte, em razão da grave contusão do zagueiro Procópio. Sua adaptação ao futebol brasileiro não foi tão fácil como era esperado.

Ficou no Cruzeiro por três temporadas. No clube mineiro foi tri-campeão estadual em 1972, 1973 e 1974, além de ganhar uma Taça Minas Gerais, em 1973.  Foi ainda, vice-campeão brasileiro em 1974, quando perdeu o jogo final para o Vasco da Gama, do Rio de Janeiro, em jogo realizado no Maracanã.

Tanto brilhantismo, fez com que o zagueiro fosse colocado no "time dos sonhos" do Cruzeiro, em uma pesquisa feita pela Revista Placar, em 2006. Ele disputou 138 partidas pela “Raposa”. O ex-zagueiro também figura no selecionado argentino de todos os tempos, definido pela Associação de Futebol da Argentina (AFA), ao início deste ano..

Em 1975 voltou a Argentina, para jogar pelo River Plate. Em Belo Horizonte, Perfumo e  família moravam em um apartamento pequeno. A esposa Mabel, sentia saudades do palacete de 55 mil dólares no bairro de Sarandi, construído e idealizado por ela.

Sentia saudades do pomar e de seu automóvel Concord. E também pela saúde do filho Gustavito, que começara a adoecer com as constantes viagens do casal para a Argentina.

Tudo isso foi preponderante para a volta de Perfumo ao futebol argentino, dessa vez para jogar no River Plate e conquistar os títulos de campeão metropolitano e nacional de 1975, vice-campeão da Copa Libertadores em 1976, perdendo a decisão para o Cruzeiro e bi-campeão metropolitano em 1977, ano em que pendurou as chuteiras.

Vestiu a camisa da Seleção Argentina pela primeira vez em 1964, quando disputou os Jogos Olímpicos de Tóquio. Participou também das Copas do Mundo de 1966, na Inglaterra, e em 1974, na Alemanha, sempre como capitão do time. Jogou junto de Daniel Passarela.

Lamentavelmente, Perfumo não esteve presente na Copa do México em 1970. A Argentina perdeu sua classificação para o surpreendente time peruano nas eliminatórias. Foi titular absoluta da Seleção de seu país por 10 anos. Mas nunca conquistou títulos pela seleção argentina.

Após deixar os gramados, Perfumo tentou a sorte como treinador, em 1981, no time do Sarmiento, de Junin. Depois treinou o Racing e o Gimnasia y Esgrima de La Plata, ambos times argentinos. Treinou, ainda, o Olímpia, do Paraguai, conquistando o título nacional em 1992, e o vice-campeonato da Copa Conmebol. Desde 1993 não
trabalhava mais como técnico.

Durante o governo de Nestor Kirchner, na Argentina, foi secretário de Esportes, durante todo o mandato presidencial. Posteriormente, integrou a equipe de esportes da ESPN Argentina, onde ficou até o dia de sua morte.

Perfumo era considerado um dos comentaristas de futebol mais respeitados da Argentina. Chegou também a ser colunista do site esportivo Olé! Ele estava escalado para comentar o jogo entre San Martín e Tigre, no sábado, na cidade de San Juan.

Na quinta-feira, 10, antes da partida entre River Plate, da Argentina X São Paulo, válido pela Copa Libertadores da América, foi reservado um minuto de silêncio em memória de Roberto Perfumo. Os jogadores do River Plate, em sinal de luto, colocaram tarjas pretas nas mangas das camisas,

Graças ao estilo raçudo com que disputava jogadas, temperamento forte e a grande técnica que possuía, era chamado pelos torcedores de "Marechal". O jornal Olé o descrevia como um zagueiro completo.
Mesclava talento, temperamento forte e muita raça, o que fizeram dele titular indiscutível da seleção nacional por mais de dez anos. Era considerado por muitos veículos esportivos como uns dos melhores do mundo em sua posição.

Entre os títulos conquistados como jogador tem quatro Campeonatos Argentinos (três pelo River Plate e um pelo Racing), três campeonatos mineiros pelo Cruzeiro, e a Copas Libertadores e torneio intercontinental também pelo Racing. (Pesquisa: Nilo Dias)

Perfumo era um zagueiro completo. (Foto: site "Tardes do Pacaembu")