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quarta-feira, 22 de junho de 2016

Da várzea para a glória

Talvez muitos não saibam que o aclamado técnico campeão do mundo de 2002 pela Seleção Brasileira de Futebol, Luiz Felipe Scolari, foi  jogador do Grêmio São Cristóvão, time amador de Canoas (RS), fundado em 29 de outubro de 1959, no bairro Igara daquela cidade.

O nome de São Cristóvão é uma homenagem ao padroeiro da igreja situada no bairro. O clube existe até hoje, mas o futebol não tem a mesma expressão do passado, mas sua sede social continua a pleno vapor, promovendo bailes com o mesmo entusiasmo de antigamente.

E foi nesse ambiente festivo que o então garoto Luiz Felipe participava de animadas reuniões dançantes. O clube não tinha um campo de futebol, por isso os treinos eram realizados em praças e campos baldios.

A situação só melhorou, quando o taxista Demétrio Machidonski, que trabalhava em um ponto na capital gaúcha, penalizado com as dificuldades da gurizada comprou um uniforme esportivo na Loja Cauduro e doou ao time.

As camisetas eram azuis com duas listras verticais amarelas. Demétrio ainda providenciou na confecção do distintivo do clube e dessa maneira o São Cristóvão começou a participar de certames varzeanos em Canoas e localidades próximas. Foi o primeiro time de Luiz Felipe Scolari, que já jogava como zagueiro.

“Felipão”, como ficou conhecido depois, filho de Benjamim e de Cecy (Leda) Scolari, nasceu em Passo Fundo, no dia 9 de novembro de 1948. Como em Canoas já moravam dois dos seus irmãos, Alcides e Alberto, Benjamim resolveu mudar-se para lá.

Alcides e Alberto eram sócios de uma transportadora de Passo Fundo e possuíam uma frota de caminhões-tanque. Em 1954, Alcides resolveu ir para Canoas, para expandir os negócios. Um ano depois Alberto tomou o mesmo rumo.

Trataram de adquirir um terreno à beira da BR 116, rodovia movimentada que corta a cidade de Canoas, onde montaram um posto de gasolina, que começou a funcionar em 1959. Em 1964, eles chamaram Benjamim, que se mudou de Passo Fundo para Canoas, com a mulher  Leda  e os filhos Luiz Felipe e Cleonice.

Apenas Cleuza, a filha mais velha permaneceu em Passo Fundo, pois era casada com Euclides Schneider, e tinha quatro filhos. Um deles era Darlan, que depois de se formar em Educação Física, trabalhou no Grêmio e no Cruzeiro, além de integrar a comissão técnica da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2002. Os demais, são Tarcísio, Elson e Delano.

Benjamin tornou-se sócio dos irmãos na transportadora de combustíveis, enquanto Leda, habilidosa costureira, fazia roupas que vendia na cidade. Luiz Felipe ajudava no sustento da casa, trabalhando no posto de gasolina, ao mesmo tempo em que estudava no curso técnico de contabilidade.

Quando tinha apenas 16 anos de idade, “Felipão” conheceu a menina Olga Pasinato, da mesma idade que ele. Ela era filha do dono de um hotel localizado em frente ao posto de gasolina. Namoraram durante nove anos, até que casaram em 1973.

“Felipão” jogou no São Cristóvão dos 17 aos 19 anos. Depois, a carreira de atleta profissional deu-se no Aimoré de São Leopoldo, no Futebol Clube Montenegro, da cidade de mesmo nome, Caxias e Juventude, de Caxias do Sul e Brasil, de Pelotas, onde também deu inicio a carreira de treinador.

Jogou sempre de zagueiro, e inclusive, em 1978, quando defendia o Caxias, foi escolhido o melhor da posição no Campeonato Estadual. (Pesquisa: Nilo Dias)


1967, no campo do São Cristóvão, hoje Centro Olímpico Municipal de Canoas, "Felipão" e Hilton, em pé, e Volmar, agachado. (Foto: Arquivo do Grêmio São Cristóvão)