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segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

O goleiro que dava show

Dizem que Hélio Ribeiro Alves, mais conhecido por “Hélio Show”, cearense de Fortaleza, onde nasceu em 21 de junho de 1950, foi o melhor goleiro da história em três clubes populares da região Nordeste: Ceará, ABC, de Natal e Treze, de Campina Grande, Paraíba.

O seu sucesso nesses três clubes acabaram por torna-lo uma figura lendária do futebol nordestino. O apelido de “Show” se deveu aos malabarismos e voos que realizava para fazer defesas, impedindo que o adversário marcasse gols.

O já falecido jornalista Souza Filho, de uma emissora potiguar, é que lhe colocou o apelido, depois dele fazer defesas quase inacreditáveis quando defendia o ABC. E também pelas tiradas de cabeça e matadas no peito. 

"Hélio Show" ainda chamou atenção não apenas pelas suas defesas e irreverência, mas também pela camisa de nº 101 que usou em alguns jogos do Campeonato Brasileiro de 1972. Hélio foi dono da incrível marca de 15 jogos sem tomar gols.

Sua atuação contra o Fluminense (0 X 0), no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, também entrou para a história dos grandes goleiros que passaram pelo futebol do Ceará. A propósito, uma camisa utilizada por ele encontra-se no acervo do jornalista e historiador Severino Filho, em Teresina, Piauí.

Também ganhou a fama de catimbeiro. Costumava reclamar da arbitragem por qualquer coisa. Mas nem por isso deixou de ser idolatrado pelos torcedores. Os adeptos do Ceará, por exemplo, o consideram até hoje o melhor goleiro a vestir a camisa preta e branca.

O melhor momento da carreira de “Hélio Show” deu-se no Campeonato Brasileiro de 1972, quando era o titular absoluto da meta do “Vovô”. Naquela época ainda não existia a divisão em séries do Brasileirão, como acontece agora.

Ficou gravado na história um jogo frente o Corinthians, disputado no Estádio do Pacaembu, dia 14 de dezembro de 1972. Com certeza foi o mais importante na carreira do goleiro do Ceará. Ele próprio considera que aquela foi a sua melhor atuação em toda a carreira.

Realizou defesas sensacionais e fez de tudo para tentar evitar a derrota do seu time. No entanto, acabou sendo traído pelo destino, pois, aos 48 minutos do segundo tempo – já nos acréscimos – acabou sofrendo um gol do atacante Sicupira. E o Ceará perdeu por 1 X 0.

O lance foi curioso. Nélson Lopes cruzou da esquerda, o zagueiro Queiróz tentou desviar, Sicupira tocou e "Hélio Show" acabou se atrapalhando com a bola e a colocou para dentro.

Mesmo levando um gol em cima da hora, “Hélio Show” foi considerado o melhor jogador em campo. E graças a essa atuação foi contratado pela Portuguesa de Desportos, que foi o segundo clube na carreira do jogador. Naquele ano o Ceará ficou entre as 13 melhores equipes do Brasil, o que muito se deveu ao seu goleiro.

“Hélio Show” fez parte do time do “glorioso” cearense que se sagrou tetracampeão estadual nos anos 1970. Eseu nome figura entre outros grandes atletas que passaram pelo alvinegro, como Lula Pereira, Zé Eduardo, Sérgio Alves, Gildo, Mauro Calixto, Carneiro, Carlito, Marco Aurélio, Edmar e tantos outros.

Depois de jogar por dois na “Lusa” de São Paulo, foi contratado pelo ABC, de Natal, onde repetiu tudo que fez no Ceará, tornando-se também num dos maiores ídolos do time, ao lado do também goleiro Ribamar e de valores como Alberi, Edson, Danilo Menezes, Dequinha, Marinho Chagas e outros. No ABC conquistou os títulos de Campeão estadual de 1976 e 1978

Antes de encerrar a carreira, “Hélio Show” ainda defendeu as cores do Botafogo, da Paraíba, Ferroviário, do Ceará e América, de Natal, onde foi campeão estadual em 1987.

No Botafogo paraibano, um grande feito, a vitória cde 2 X 1 contra o Flamengo de Zico e companhia, dentro do Maracanã, na noite de 6 de março de 1980. Foi um grade feito ganhar do Flamengo, mesmo estando com três meses de salários atrasados.

As escalações daquele jogo. Botafogo-PB: Hélio – Marquinhos - Geraílton – Deca e Nonato Aires. Nicácio e Zé Eduardo. Evilásio – Magno - Soares e Getúlio. Técnico: Caiçara.

Flamengo-RJ: Raul – Carlos Alberto - Rondinelli – Nélson e Júnior. Andrade - Adílio e Tita - Zico e Carpegiani . E Reinaldo.  Técnico: Cláudio Coutinho.

O time paraibano não tínha nem reservas. O médico era o massagista. E naquela época, o Flamengo era imbatível, campeão do Mundo e campeão brasileiro. O Botafogo também ganhou do Internacional e de uma porção de times grandes.

Depois de deixar os gramados, continuou residindo na capital do Rio Grande do Norte, onde trabalha como “bugueiro”nas dunas de Jenipabu, tendo uma lojinha de aluguel de “buggys” com seu nome. É guia turístico e motorista. Diz ganhar de 500 a 600 Reais por dia.

O ex-goleiro diz sentir muita saudade de seu tempo de atletas, porque o futebol lhe fez conhecer o Brasil inteiro e jogar contra grandes craques, como Pelé, Rivellino e Zico.(Pesquisa: Nilo Dias)